Arquivo da categoria: Facetas

AFETO!

Eu AFETO o mundo.

O mundo me AFETA!

AFETO é entender que cada escolha feita representa mudança na própria vida e na vida de outros, assim como saber que algo ficará para trás e que outras virão. Depois disso, as soluções vão aparecer naturalmente.

afeto

Fonte:

http://grazilimabelezasobreonatural.blogspot.com.br/2014/10/dar-afeto.html

Quem é mais importante?

A hierarquia das responsabilidades…

Outro dia fui abordado por uma pessoa que assistiu a uma das minhas palestras. Ela disse-me o seguinte:

– Gostei muito, muito da sua palestra. A mensagem e a energia caminharam num processo de ascensão contínua. Terminou de forma espetacular!

Agradeci sinceramente, procurando não me deixar levar pela vaidade. Os elogios nos envaidecem e podem nos fazer acreditar que somos mais do que realmente somos. O meu amigo continuou:

– Só queria dizer que tem um ponto que eu não concordei muito… Ou não entendi.

– Ah é? Respondi querendo saber o ponto.

Ainda que soubesse perfeitamente que uma crítica é a melhor maneira de melhorar o próprio desempenho, o comentário pegou-me de surpresa. Deixou-me um pouco na defensiva, mas procurei não demonstrar. Eu emendei:

– Isso é bom. Se não concorda é um sinal de que há uma forma diferente de se entender o mesmo assunto. Qual é o ponto?

A partir daí o meu amigo explicou que na minha abordagem eu falo que devemos olhar para frente e aprender com quem está lá. A observação é uma boa forma de aprendizagem. Que devemos olhar para os lados, trocar experiências para aprender e ensinar. Compartilhar com os outros nos faz crescer a todos. Olhar para trás para saber se alguém está lá. Caso haja perguntar por que não está avançando ou se sou eu que estou indo na direção errada. Olhar para cima para entender que somos parte de um todo. É a importância da visão sistêmica que nos faz ver que somos importantes. Olhar para dentro e saber que as respostas estão conosco.

Ele continuou:

– Com tudo isso eu concordo em gênero, número e grau. A questão que me pareceu um pouco estranha é quando você fala que também se deve olhar para baixo e que ali não deve ter ninguém. Como seria isso? Se nós estamos numa organização sempre vai ter alguém numa posição mais alta e outro numa posição mais baixa. Por isso não concordo ou não entendi…

Fiquei feliz com o comentário. Era uma excelente oportunidade para tocar num dos pontos que mais me encanta que é a falsa noção de importância como resultado da posição hierárquica. O olhar para baixo e não ter ninguém lá não se refere a uma estrutura hierárquica. Ela se refere ao entendimento de que somos todos igualmente importantes quando se trata de uma ou de outra vida. A importância de um e de outro numa organização, num processo ou num sistema em função de um cargo na estrutura hierárquica se refere tão somente as responsabilidades. Não tem nada a ver com a importância da vida de um ou do outro. E esse é um dos grandes desafios da atualidade. Entender que não há diferença de valor entre as vidas das pessoas, sejam elas quem forem. Quem é mais importante o porteiro ou o diretor presidente? Não há diferença no que concerne ao valor intrínseco da vida. Pode haver, e há, uma grande diferença naquilo que se refere às responsabilidades de um e de outro, assim como nas recompensas atribuídas a um e a outro. Cabe destacar que a posição hierárquica é circunstancial. Pode-se estar numa posição hoje e noutra amanhã. Por isso, é fundamental entender que a diferença, a importância e a relevância de um e de outro pode variar na hierarquia das responsabilidades, mas não no valor da vida. Vivemos para caminhar com os outros e não sobre os outros.

A vida de um e de outro tem o mesmo valor, independentemente da sua posição hierárquica na organização, no país ou no mundo. Alguém pode discordar, mas daí eu lhe pergunto: quem é mais importante, o Papa, Barack Obama ou o seu filho?

Amor é um ato de vontade

“O amor é um acto de vontade – ou seja, uma intenção bem como uma acção. A vontade também implica escolha. Não temos de amar. Escolhemos amar. Não importa quanto possamos pensar que amamos. Se de facto não amamos é porque escolhemos não amar e portanto não amamos, apesar das nossas boas intenções. Por outro lado, sempre que de facto nos esforçamos pela causa do desenvolvimento espiritual, é porque assim escolhemos. Foi feita a escolha de amar.”

M. Scott Peck – O caminho menos percorrido (p. 90)

Qual é o seu prêmio?

Lá estava ele todo orgulhoso com o certificado comemorativo pelo prêmio recebido de Jovem Pesquisador da sua universidade. Parentes, amigos e familiares todos o parabenizavam, com razão:

– Parabéns, você merece!

– Que orgulho de você. Parabéns!

A grande maioria dos cumprimentos era a expressão real do prazer das pessoas que amavam o jovem de ver alguém ser premiado por uma conquista pessoal. Outros, porém, aproximavam-se para dizer:

– Parabéns! Que sortudo você é…

Estes são aqueles que não entendem que o certificado e a premiação são apenas os símbolos da conquista, porque eles não são a conquista. A conquista está baseada naquilo que o premiado fez e que quase ninguém viu. É naquilo que se faz quando não há ninguém observando que reside o segredo da vitória. Explico. Recentemente tivemos no Brasil os Jogos Olímpicos. Vivemos momentos de muita interação com os esportes e com os atletas. Vimos as conquistas individuais e coletivas. Emocionamo-nos com as finais em que um atleta ou uma equipe superou a outra nos metros ou nos instantes finais. E sentimo-nos glorificados no momento em que os atletas foram coroados com a medalha de ouro. É um roteiro de perder o fôlego. É emocionante. Se é gratificante para nós como espectadores imagine como o é para os atletas condecorados. Por que é tão mais intenso para os homenageados? Porque eles trazem dentro de si os momentos que nós não vemos.

Cada atleta que recebeu uma medalha nos Jogos Olímpicos traz dentro de si uma carga inimaginável de treinos, de renúncias e de escolhas que nós não vimos. A grande maioria deles passou sábados, domingos e feriados treinando, muitas vezes solitariamente. Eles reclamam disso? Não. Eram as suas escolhas. A grande maioria dos atletas de alto-rendimento não participa dos horários de happy hour, de festas de aniversários e de casamentos. São renúncias que fazem? Sim, mas eles as fazem conscientes. É o preço que eles pagam para conquistar uma vaga ou uma medalha nas olimpíadas que quase ninguém vê e que poucos lembram. O mesmo vale para o jovem acima que conquistou o prêmio de Jovem Cientista na sua universidade. Isso só foi possível depois de muito trabalho voluntário, que necessariamente passa por um grande número de finais de semana dedicados a administrar o projeto científico. São escolhas e são renúncias feitas para finalmente ser reconhecido publicamente por meio de um prêmio. Por isso, alguém parabenizar outrem dizendo que a conquista alcançada é resultado de sorte é no mínimo injusta, para não dizer outra coisa. São muitos os jovens nas universidades que têm as mesmas oportunidades, mas fazem outras escolhas. São muitos aqueles que poderiam se empenhar mais nos estudos e nos projetos voluntários, mas escolhem as festas. Preferem não fazer renúncias. Os anos passam. As festas também. Depois, quando alguma organização for procurar alguém para se engajar em algum projeto adivinhe entre quem eles vão procurar os seus candidatos? Com quase toda a certeza eles vão olhar para aqueles que se envolveram em alguma atividade edificante, como se inscrever para um concurso de Jovem Pesquisador.

Por isso, nos esportes a medalha é apenas um símbolo. Ela não é a vitória. A vitória vem daquilo que o atleta faz e que quase ninguém vê. Na profissão o salário pode simbolizar o trabalho, mas ele não é o trabalho. O trabalho é o que você faz no dia a dia na sua organização e sobre o qual somente você pode falar. No final de um curso universitário o diploma pode representar uma profissão, mas ele não é o profissional. O profissional é o sujeito que exibe as competências que o diploma diz que ele tem. Por isso, um símbolo pode representar qualquer coisa, mas não é a coisa em si.  Desse modo, quando se pergunta qual é o seu prêmio a pergunta é sobre o caminho que o levou até ele.

Qual o caminho que você vai percorrer? Ele te dará o prêmio que você escolher.

Parabéns Wagner Augusto Rauber!!!

O quanto você viveu sua vida?

Alguém já teve a ousadia de afirmar que a morte é mais universal que a vida; todos morrem, mas nem todos vivem, porque incapazes de reinventar a vida no seu dia-a-dia. Uma vida pensada sem “mortes” perde-se, no final, na total irresponsabilidade. E viver significa esvaziar-se do ego para deixar transparecer o que há de divino em seu interior. O grão de trigo que não morre, apodrece, e não multiplica as mil possibilidades latentes em seu interior.

O “depois da vida” é um grande encontro onde seremos perguntados: “o quanto você viveu sua vida?”

Pe. Adroaldo sj

dia-de-finados