Para colaborar é preciso saber

Moacir Jorge Rauber
Florianópolis é uma cidade muito bonita em diversos aspectos. Geograficamente é fabulosa pelas praias, pelos montes, pela mata atlântica e pela natureza exuberante. Arquitetonicamente tem várias belezas, entre bairros antigos e novos. A população em geral é muito simpática, divertida e com um humor diferenciado, além de um sotaque único. Problemas existem, principalmente na infra-estrutura urbana, como ruas estreitas, transporte coletivo deficiente, calçadas mal planejada e falta de acessibilidade para um cadeirante, por exemplo. Morei na cidade por vários anos.
Num dia qualquer estava eu, com minha cadeira de rodas, aguardando juntamente com os pedestres que um semáforo abrisse para cruzar a rua. Na esquina não havia rampa. Estávamos num horário de pico. Logo formou-se um grande grupo de pessoas atrás de mim que também aguardavam o sinal abrir. Quando o sinal abriu eu empinei minha cadeira de rodas para mais facilmente descer o meio fio que se encontrava a minha frente. Uma senhora que estava logo atrás, ao ver o movimento que fiz em que as rodas dianteiras da minha cadeira subiram, jogou-se desesperadamente para frente agarrando as manoplas existentes no encosto da mesma para segurar-me. Creio eu que ela deva ter tropeçado no trajeto de onde saiu até alcançar-me, pois as suas mãos conseguiram agarrar a cadeira que quando ela caiu arrastou-me junto. Ela esborrachou-se no chão! Eu também. A cadeira virou com tudo para trás, levando-me com ela. Ainda sem saber o que acontecia apenas pude perceber que caí sobre alguém. Estava entre deitado sobre uma pessoa e ao mesmo tempo enrolado com ela. Braços e pernas, eu não sabia quais eram os meus. Rapidamente tentei desvencilhar-me para voltar a subir em minha cadeira. Olhei para a senhora que estava com os dedos sangrando. Perguntei-lhe se ela estava bem, recebendo uma resposta afirmativa. Foi então que comecei a entender o que havia acontecido. Ela desculpou-se explicando que havia me visto empinar a cadeira e achou que eu estaria caindo. Então expliquei-lhe o procedimento que faço para descer um degrau ou um meio fio, como era o caso. Ela desculpou-se várias vezes. E a nossa conversa foi acompanhada por um grande grupo de curiosos que, inicialmente, estavam todos apreensivos, mas que logo virou em motivo para risadas.
Por isso, sempre que se pretende ajudar ou colaborar com alguém deve-se saber como proceder. Aplica-se a mesma regra para pessoas, empresas e organizações. Dificilmente se pode contribuir sem conhecer!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.