Moacir Rauber
O mundo organizacional pressiona-nos para que sejamos pró-ativos e tenhamos iniciativa nas diferentes esferas das nossas vidas, seja ela pessoal ou profissional. Queiramos ou não dificilmente consegue-se separar uma da outra. Assim, aqueles pró-ativos vão ocupar os melhores lugares nas empresas ou nas organizações que compõem a nossa forma de sociedade. Também vão chegar na frente na disputa por parceiros! Isso se reflete no comportamento do cidadão comum.
Estava eu, um dia desses, no centro de Florianópolis aguardando uma amiga. Havíamos marcado nosso ponto de encontro num cruzamento bem em frente ao prédio onde ela morava, que não tinha acesso para um cadeirante. Como sou meio ansioso cheguei antes do horário. Fiquei ali próximo ao semáforo, olhando para o relógio e para o outro lado da rua de onde ela supostamente viria. O sinal estava fechado para pedestres. As pessoas foram se aglomerando a minha volta. Logo em seguida deu sinal verde. A movimentação foi intensa e eu fiquei ali, parado, esperando. De repente chegam dois sujeitos correndo, meio que esbaforidos e me perguntam já empurrando minha cadeira de rodas: “Você quer cruzar para o outro lado? Nós te ajudamos.” Não tive tempo de reagir ou responder, pois estava tentando não cair da cadeira ou não perder a minha pasta que estava sobre as minhas pernas. Aos trancos e barrancos chegamos ao outro lado e os dois bondosos pró-ativos soltaram a minha cadeira e um deles perguntou: “Tudo certo? Tá beleza?”, certamente esperando um obrigado, porque afinal haviam feito a boa ação do dia. Respondi, “Comigo tá tudo bem, o único problema é que eu não queria cruzar a rua…” O queixo de um e do outro quase que caiu. Entreolharam-se e um deles murmurou, “Mas você não disse nada…” Eu ri e comentei que estava tudo bem, mas que de uma próxima vez, para poder ajudar, deveriam eles saber como fazer e se era aquilo mesmo que o ajudado estava procurando.
Entenda-se que a pró-atividade também tem a ver com entender e colocar-se no lugar de quem é o objeto da iniciativa. Por isso, antes de empurrar alguém para cruzar a rua procure saber se é isto que a pessoa deseja. E na tua organização vocês estão empurrando os clientes para onde vocês querem ou para onde eles pretendem ir?