Moacir Rauber
Em quase todas as histórias os cadeirantes levam a pior, mas nem sempre é assim…
A Espanha adota o touro como símbolo nacional, embora ainda tenha pessoas descontentes com a unidade no país. Iniciativas e desejos separatistas povoaram e povoam as mentes e corações de muitas pessoas em diferentes regiões, entre elas a mais rica que é a Catalunha. Uma vez na Espanha, estive na cidade de Girona, nos arredores de Barcelona, e vi muitos carros com o adesivo de um simpático burro. A pessoa com quem conversei disse-me que o animal era o símbolo regional, embora seja contestado por outros que dizem ter sido uma jogada de marketeiros espanhóis para desmerecer a região. Polêmicas a parte, comprei um adesivo.
Ao retornar ao Brasil, imediatamente colei-o na parte traseira do meu carro, circulando orgulhosamente com ele pra cima e pra baixo. Muitas vezes, em engarrafamentos conseguia observar o ar de espanto de quem estava logo atrás. Deviam pensar, mas que louco colaria um burro no carro? Ainda do lado do motorista? Só pode ser um… Nas rodovias algumas pessoas dos carros que me ultrapassavam faziam sinais inintelegíveis, mas que se reportavam ao simpático burro. Fiz mais de 60 mil quilômetros levando o adesivo. Teve, porém, uma situação muito engraçada envolvendo o burro. Temos um amigo padre que morava na cidade de Itapema-SC e fomos visitá-lo num domingo. Participamos da missa e depois fomos almoçar em sua casa. Tudo muito gostoso e agradável. Após o almoço conversamos mais um pouco e começamos a nos despedir. O nosso amigo padre era um pouco tímido, mas nem por isso deixava de fazer piada com todos que lhe davam a oportunidade. Sempre tinha uma boa tirada para fazer ou mesmo uma pegadinha para aplicar. E eu havia sido o objeto de algumas delas, inclusive ele fazia questão de lembrar da história daquela senhora que achou que eu era o pai de minha esposa. Naquele dia, na hora de embarcar no carro, o padre estava por perto, pedindo se poderia ajudar a carregar a cadeira ou qualquer outra coisa. Disse-lhe que no momento qualquer ajuda atrapalharia e que a obrigação dele era ficar olhando. O padre também sempre foi meio inquieto, assim ficava sapateando a volta do carro para frente e para trás. Quando terminei de carregar a cadeira ele se aproximou e me perguntou, Por que você tem um burro colado na traseira do carro? Eu, fazendo-me de desentendido, retruquei, Como? Um burro colado no carro? Onde? O padre rapidamente foi até a traseira do carro, olhou outra vez e voltou, Lá atrás do carro, por cima do sinaleiro, bem do teu lado!, disse o padre todo exaltado. A minha resposta foi rápida, Acima do sinaleiro? Ah, não, lá eu apenas mandei por um espelho… e a vingança estava feita.