P.Q.P. 3! Sistemas que funcionam…

Moacir Rauber

O caminho para as pessoas com deficiência tem melhorado gradativamente nas últimas décadas, inclusive aqui no Brasil. Mais e mais as pessoas têm a preocupação de incluir e de aceitar os outros como eles são, independentemente da sua condição. Entretanto, alguns lugares do nosso pequeno planeta já avançaram mais do que os outros. 

Lembro-me quando estive em Vancouver, no Canadá. Havíamos programado um passeio para nosso primeiro sábado na cidade. Saí do hotel para dirigir-me a um ponto de ônibus de onde eu iria até o parque, local combinado para me encontrar com o restante da turma do passeio. Seria a minha primeira vez… num ônibus. Estava um pouco ansioso, porque quase nunca uso o transporte público no Brasil. Mas estávamos no Canadá e as notícias que tínhamos era a de que qualquer um poderia usar o transporte coletivo, inclusive um usuário de cadeira de rodas. Quando olhei para o ponto de ônibus outros dois cadeirantes esperando. Senti-me aliviado, porque isso indicava que o transporte funcionava. Aproximei-me. Conversei um pouco e descobri que os dois pegariam o mesmo ônibus, que logo em seguida chegou. Estacionou próximo ao meio fio, abriu a porta e abaixou uma rampa hidráulica. O caminho para entrar sozinho estava feito. Entrou o primeiro cadeirante, exibiu o cartão e foi para o seu lugar. Entrou o segundo cadeirante, que não tinha um cartão, mas que pagou em moedas. Chegava a minha vez… Eu já estava começando a mover minha cadeira quando o motorista fez um sinal para que eu parasse, para em seguida dizer, Eu somente posso levar dois… e continuou falando algumas coisas que eu não entendi. Afinal meu inglês ainda tem suas limitações. Ele esperou os demais passageiros entrarem, levantou a rampa, fechou a porta e foi embora. Eu fiquei ali, desolado. Minha primeira experiência como usuário do transporte coletivo no Canadá havia falhado. Então eles também não eram tão bons quanto se dizia. Eu teria que esperar o próximo veículo que passaria somente dali a 30 minutos, o que provavelmente geraria um desencontro com meus colegas. Ainda estava assim meio desiludido quando vejo uma van encostar no ponto de ônibus. O motorista desceu, veio até mim e me cumprimentou amigavelmente. Abriu a porta traseira da van e começou a baixar uma rampa. Eu entrei, paguei meu bilhete e cheguei ao meu destino na mesma hora que o ônibus estava chegando. Pensei comigo mesmo, Puta Que Pariu! As coisas funcionam…

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