Moacir Rauber
Tem uma prainha no litoral de Santa Catarina que minha esposa e eu costumamos frequentar. Nem sempre conseguimos ir juntos. Às vezes vai um. Às vezes vai o outro. Outras vezes vamos os dois.
Uma praia onde quase não tem gente. Só praia. Pode-se ficar um dia inteiro e não ouvir mais do que dois ou três carros passando de um lado a outro. Uma comunidade pequena. Alguns vizinhos. Pessoas que nasceram e sempre viveram nesse mesmo local. Sair de casa e ir até Tubarão, cidade mais próxima é um acontecimento. Muda-se o visual e usam-se as roupas de domingo. Pensar numa ida até Florianópolis, a 150km, é uma viagem, uma verdadeira aventura. Mas é ali que nós encontramos o que procuramos: calma e tranquilidade.
Há duas semanas a Andreia e eu estivemos juntos por lá. Eu tive que vir para casa e ela permaneceu por mais alguns dias. Temos um vizinho que tem lá seus 70 e tantos anos. Sempre curioso. Sempre pensando em comprar e vender alguma coisa. Chegou até ele o boato que estaríamos vendendo a casinha. Ele viu a Andreia caminhando pela varanda, aproximou-se e “delicadamente” perguntou:
– O aleijadinho do seu marido está?
A Andreia ficou em estado de choque. Só porque eu era um usuário de cadeira de rodas passei a ser o aleijadinho da praia… Logo teve que rir e respondeu que não, que eu já havia ido para casa.
– E então, posso falar com a senhora mesmo?
Ele continuou:
– Vocês querem vender a casa?
A Andreia respondeu que não. Mesmo assim ele insistiu em falar com o aleijadinho do marido quando eu voltasse, porque afinal… isso não é assunto para tratar com mulher…, deveria estar passando na cabeça dele.
Isso sim é sutileza!!!