No último final de semana me permiti algo que muitas vezes não imaginava estar ao meu alcance. Com o pretexto de levar o meu sobrinho ao Beto Carrero, minha esposa e eu também fomos. Compramos os passes. No site não havia nenhuma informação ou publicidade sobre a acessibilidade do local. Mesmo assim fui. Certamente banheiros adaptados existiriam…
Lá chegando o primeiro brinquedo a ser procurado por nós foi a montanha russa convencional. Ao nos aproximarmos da fila uma simpática atendente nos interpelou:
- Vocês querem ir na montanha russa?
– Sim, disse eu. Posso ir também?Com a dúvida estampada na cara se seria possível para um usuário de cadeira de rodas entrar na montanha russa…
– Claro disse ela. Vocês podem entrar pela saída. O acesso é melhor.
E seguimos a menina. Em mais alguns minutos lá estava eu sentindo os calafrios e as sensações estranhas que esses brinquedos provocam. Saímos extasiados do primeiro desafio. Seguimos em frente. Fomos para a montanha russa invertida. Continuava me perguntando, Será que posso ir?revelando a construção da crença de que aquilo não era para mim. Certamente resultado de uma história de exclusões a que muitas pessoas aceitam e são submetidas por um ou outro motivo.
Chegamos ao novo brinquedo e o mesmo atendimento nos foi dispensado. Todo o cuidado com a minha condição física, bem como com as pessoas que me acompanhavam. Procuravam nos colocar juntos para que assim pudéssemos “curtir” aqueles momentos. Mais alguns instantes e já estava dependurado na cadeira daquela montanha. O chão desapareceu. Ela começou a se mover lentamente. A velocidade aumentou. O primeiro looping foi dado. Eu já não sabia onde estava. Um turbilhão de sensações se misturavam. Emocionei-me com o fato de estar fazendo algo que julgava não ser possível porque talvez os equipamentos não fossem adaptados. Passei pelos brinquedo mais radicais num sequência bastante rápida. Tá certo que não repeti, porque já estava ficando mareado… Cabe destacar que no parque tudo funciona para todos.
Esse foi o ponto que mais me chamou a atenção. A naturalidade com que as pessoas são tratadas, com ou sem deficiência. Ela já se revela no site. Não há “publicidade” sobre responsabilidade social ao se oferecer acesso às pessoas com deficiência. Ela simplesmente existe. É assim que deveria ser.
Foi um final de semana para levar na memória por muito tempo. A companhia da minha esposa (Andréia) e do meu sobrinho (Wagner) num ambiente que dá possibilidades. Visitar o Beto Carrero foi muito mais do que dar asas a imaginação. Também a cadeira me tirou do chão. Deu-me uma cadeira com asas!
É, aqui as emoções já estavam ficando um pouco fortes demais…