Como você está? Positivo ou negativo?

Muito tem se falado no pensamento positivo ou positividade como a força que movimenta as pessoas para que alcancem os seus objetivos. A simples menção dessas palavras associadas a ideia de motivação faz com que muitas pessoas torçam o nariz ou saiam correndo da sala. Não lhes tiro a razão, uma vez que isso tem sido usado de maneira indiscriminada e superficial por um número considerável de pessoas, mitas vezes despreparadas para abordar o tema. Metáforas e conceitos vazios proferido por pessoas levianas. Entretanto, há que se considerar o que muitas pesquisas mostram e a variante positiva está lá, presente, mostrando a sua força em diferentes domínios da vida, inclusive na arte de mover pessoas na direção por elas escolhida.

Daniel Pink (2013) mostra, por um lado, pesquisas em que as emoções encontradas em momentos positivos, como a valorização, a alegria, o  interesse, a gratidão e a inspiração abrem a mente das pessoas sobre as possibilidades, tornando-as mais receptivas e mais criativas. Por outro lado, as emoções negativas, como a raiva e a culpa, estreitam a nossa visão, tornando-nos reativos e defensivos. As reações advindas das emoções podem ser proporcionais àquilo que elas representam. Estou assustado, então eu fujo. Estou com raiva, então eu brigo. Estou satisfeito, então eu produzo.

Por esse motivo, o efeito de ampliação, de estímulo e de abertura das emoções positivas pelas pessoas, incluindo os líderes, tem consequências importantes no trabalho de mover pessoas e de produzir resultados. Isso porque as emoções também são contagiosas, transformando adversários em aliados e proporcionando benefícios para as partes envolvidas. Quando ambos saem satisfeitos de uma mesa de negociação as transações posteriores são mais prováveis.

Fredrickson e Marcial Losada, citados por Pink, conduziram um estudo sobre emoções positivas e negativas usando um modelo matemático para analisar o comportamento de uma equipe. Os resultados são reveladores, mostrando que os céticos com relação ao excesso de positividade também têm lá as suas razões. Os pesquisadores gravaram as emoções positivas e negativas de um grupo de participantes durante quatro semanas, calculando um índice de relação, comparando-o com os itens de bem-estar geral medidos. Eles descobriram que o ponto de viragem para que a positividade tenha efeitos positivos é 3 por 1. Ou seja, três emoções positivas, como gratidão, interesse ou contentamento, para um sentimento negativo, como raiva, culpa ou constrangimento, faz com que as pessoas passem a se sentir bem. Nessa proporção as pessoas florescem e fazem florescer o seu entorno de maneira positiva.

A positividade, entretanto, também tem um limite superior. Muita positividade pode ser improdutivo. Quando ultrapassar a proporção de onze emoções positivas para uma emoção negativa a positividade pode mais prejudicar do que ajudar. Precisa-se de equilíbrio sob o risco de que a vida se torne um festival de ignorância onde a autoilusão sufoca qualquer iniciativa de aperfeiçoamento. As emoções negativas nos dão um feedback real de nossa performance, informando-nos o que está funcionando, o que não tem funcionado e o que podemos fazer para melhorar. Há que se encontrar o ponto de equilíbrio.

Esse equilíbrio será saudável para calibrar a nossa capacidade de sonhar sem perder o contato com a realidade. A positividade é a força que nos empurra para o céu, enquanto uma dose de negatividade nos mantém com os pé no chão. A positividade nos faz aspirar algo, com isso produzindo mais e melhor. A negatividade nos permite a autocrítica, fazendo com isso que revisemos processos e comportamentos facultando melhorias. Combinar a positividade e a negatividade apropriadamente nos manterá à tona no mundo real. Esse equilíbrio nos proporcionará uma vida plena, mas não tola.


Como você está? 
Motivado ou crítico? 
Há equilíbrio entre a sua positividade e a sua negatividade?

Pink, Daniel (2013). To sell is human. Chapter 5.

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