Boca fechada não entra mosquito…

– Pois é, acho que a professora deixou a desejar. Ela até pode ter competência, mas não está conseguindo passar muito para nós. Pelo menos é o que eu penso… Disse um dos dois alunos que estavam comigo no buffet do restaurante.

O outro colega concordou meneando a cabeça. Eu não disse nada, não porque não quisesse, mas porque não conseguia expressar exatamente aquilo que eu pensava. O diálogo transcorria em inglês e o meu domínio da língua é ainda muito limitado. Terminamos de nos servir e fomos até a mesa. Continuamos nossa conversa durante o almoço. Mais algumas críticas e outros tantos elogios ao programa e aos professores. Após a refeição principal, pegamos a sobremesa, tomamos um café, pagamos a conta e estávamos passamos pelo buffetem direção à saída do restaurante quando vimos, muito próxima a ele, a professora objeto da primeira crítica. Nós não a havíamos visto antes porque ela estava de costas para o buffet. Gelamos com o pensamento de que ela pudesse nos ter ouvido. A professora quase que nos deu a certeza quando disse:
– Olá, tudo bem? Eu bem que pensei ter reconhecido a voz de vocês antes… 

Silêncio constrangedor. A professora prosseguiu de forma muito simpática:
– Como foi o almoço?

Respondemos que estivera ótimo, porém ficamos visivelmente constrangidos. Rapidamente nos despedimos e saímos do restaurante. O meu colega que havia feito as críticas mais duras estava arrasado. O outro tentava minimizar a questão dizendo que provavelmente ela não entendera o conteúdo. Eu até estava aliviado porque não havia falado nada. Entretanto, frustrei-me ao entender que não falei não por ser sábio, mas porque eu não tivera competência o suficiente para fazê-lo em inglês.

Em boca fechada realmente não entra mosquito, ainda que seja por incompetência ao não saber abri-la.


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