A mulher olhou para a minha esposa demoradamente. Depois olhou para mim com um ar de espanto para dizer:
– Mas a tua esposa é muito bonita. Ela é linda. Muito bonita mesmo!
Suspirou, deu mais uma olhada para ela, voltou a me olhar para reafirmar:
– Ela é realmente linda. Muito bonita!
Saiu da sala, cruzou a porta, foi até a varanda, parou, virou e voltou para mais uma vez dizer:
– Muito linda…
Depois disso foi embora. Deu-nos a impressão de que faltou apenas complementar:
– Como pode?
Pela expressão dela, minha esposa e eu não tivemos dúvida nenhuma de que era o que se passava na cabeça daquela mulher. Ela deveria pensar, Como pode que uma mulher tão bonita havia se casado com um usuário de cadeira de rodas e assim continuava após quase vinte anos? Em alguns momentos parecia que queria dizer, Muito linda, viu? ou Muito linda para você! numa espécie de acusação de que eu a tivesse abduzido ou tivesse sido um irresponsável por ter me casado com uma pessoa tão bonita. E isso que ela não a conhece.
Minha esposa é ainda mais linda para quem convive com ela. Posso testemunhar isso. Ela se dedica integralmente a tudo aquilo que ela assume como responsabilidade e são muitas as coisas que assume. Ela se preocupa com as pessoas que são amigas e também com aquelas que nem tão amigas são. Não, ela não somente se preocupa, ela realmente ajuda muitas pessoas.
Ela também consegue se inspirar para fazer as pequenas tarefas diárias que resultam em grandes conquistas pessoais. Ela se diverte estudando, trabalhando, passeando, viajando, conversando, ouvindo, abraçando, sorrindo… Ela é feliz com aquilo que tem!
E eu sou um privilegiado que posso dividir meu tempo com ela…
FELIZ ANIVERSÁRIO, ANDRÉIA!!!
Ela não é linda?