Aquele grupo de pessoas passariam juntos as próximas duas semanas daquelas férias de verão. Eram amigos e também alguns eram parentes. Alguns estavam com as suas esposas e filhos. A casa de praia era muito simples, mas estava bem próxima do mar. Algumas pessoas já haviam chegado no dia anterior, mas a maior parte do grupo recém havia chegado e já era hora do almoço. O anfitrião estava todo feliz em poder receber aquelas pessoas que lhe eram tão especiais. Entre um “bom dia” para cá e outro para lá ele conseguiu chamar a atenção de todos para anunciar que o almoço daquele dia estava pronto. Começou dizendo:
– Aqui tem caipirinhas e a cerveja cada um pega a sua. O almoço também está pronto hoje fui eu que fiz. Teremos macarrão ao molho pesto acompanhado de saladas. Amanhã será a vez de outro fazer o almoço…
Terminou fazendo um gracejo, uma saudação e pegou uma caipirinha. Provavelmente, esperava uma saudação de retorno pelas boas-vindas e pelo almoço na mesa. Eram esses os comentários que se escutavam a partir do murmúrio geral das pessoas. Porém, de repente ouviu-se uma voz fina e estridente vinda de alguém que estava na varanda que disse:
– É? Só tem macarrão? Mas eu quero feijão…
Inicialmente acreditou-se tratar de uma brincadeira, mas logos as conversas cessaram. As pessoas pararam. E a voz repetiu:
– Eu como feijão todo o dia e eu quero comer feijão hoje também…
O clima que estava muito bom para veraneio, azedou na hora. É que as palavras proferidas e a exigência feita não eram de brincadeira e não tinham origens num criança mimada. Elas foram feitas pela mulher de um dos integrantes do grupo que pela primeira vez participava dos festejos com aqueles quase familiares. A forma como foram ditas as palavras revelava que se tratava de uma exigência real. Naquele momento ninguém falou mais nada. Podia-se ouvir o barulho das ondas…
Logicamente que a história do feijão é ilustrativa, mas revela o comportamento de muitas pessoas que saem de suas cidades, de suas regiões e de seus países para outros lugares. Alguns vão a passeio, outros vão temporariamente e outros ainda mudam-se em definitivo para novos lugares, querendo reproduzir integralmente os velhos hábitos e introduzir ali a sua cultura. Nada contra levar parte de seus costumes e deles ter orgulho. Entretanto, ao entrar em contato com as outras culturas há que se ter a mente aberta para saber que se os outros assim o fazem é porque eles acreditam ser a melhor forma de fazê-lo. É dizer que se o anfitrião come macarrão também eu vou comer, porque se eu julgar que aquele almoço não é bom o suficiente para mim não deveria ter ido até a casa dele.
Eis o ponto: caso você sempre queira comer feijão… É melhor ficar em casa.