Quem está na sua rede é peixe?

– Gostaria de falar com o Roberto. Eu sou um amigo dele e trabalhei durante muitos anos na … e disse o nome da empresa na qual trabalhara como diretor até recentemente.

O relato eu ouvi de um amigo meu que fora demitido de uma grande empresa. Como resposta ele ouve:

– Certo, ele não está agora mais dará um retorno para o senhor assim que puder.

O meu amigo agradeceu, porém sabia que o seu contato estava na empresa porque o havia visto chegar. Assim, telefonou novamente dando o nome de um executivo de outra grande empresa. Agora a secretária encaminhou a ligação para aquele que ele considerava um amigo de sua rede de contatos.

Essa é a dura realidade na vida organizacional. Enquanto você é o Fulano diretor da empresa X muitas portas se abrem. Assim que você passa a ser o Fulano ex-diretor da empresa X muitas portas podem se fechar.

O mercado de trabalho tem cobrado das pessoas a manutenção e a atualização constante da rede de contatos, com vistas a uma boa colocação profissional, além de fomentar um melhor desempenho e oportunidades de crescimento profissional. Entretanto há que se tomar cuidado, porque nem sempre quem está na rede é “peixe”, como diria o senador Romário. Entenda-se “peixe” como uma pessoa do seu círculo de conhecidos nas qual você deposita confiança.

Em termos conceituais, rede de contatos origina-se da palavra inglesa “networking”, tão ou mais comum que o uso da expressão em português. “Networking” é a junção das palavras “net”, no sentido de rede, e “working”, gerúndio de trabalhar, que quer dizer trabalhando. Tem-se assim uma rede de contatos trabalhando para você, garantindo a sua permanência no mercado de trabalho, bem como a possibilidade de mudança e ascensão profissional. Essa rede de contatos pode ser fomentada em reuniões internas e externas, feiras setoriais, eventos ou outras formas de interação social onde as pessoas se conhecem, trocam cartões e informações. As redes se formam por afinidades de interesses e por afinidades pessoais. Consegue-se, assim, um grupo de pessoas com experiências complementares em áreas similares, podendo cada um se desenvolver e ajudar os outros a se desenvolverem. Teoricamente é uma fórmula quase perfeita para ser seguida a risca.

Contudo, há situações em que a rede simplesmente se rompe e aqueles que eram seus contatos desaparecem. No contexto atual, quase todos os profissionais acabam incorporando como sobrenome o nome da empresa na qual trabalham. Assim, no diálogo inicial, no momento em que meu amigo passou a ser ex da organização ele havia perdido o seu sobrenome e a sua rede de contatos não funcionava como antes. O desligamento do nome da empresa do nome da pessoa mudou a sua realidade. Portas se fecharam, telefonemas não foram atendidos ou respondidos e os contatos da grandiosa rede sumiram.

Voltando ao diálogo do meu amigo, assim que ele foi atendido por ter dado outro nome ele se identificou e disse:

– Muito obrigado pela “colaboração” nesse momento. Eu estava aqui em frente da empresa e vi você chegar.

Em seguida desligou o telefone e constatou que as pessoas e as organizações são muito mais fiéis ao CNPJ do que ao CPF. Enfim, a ligação entre os sobrenomes é muito mais relevante do que o nome. Por isso o cuidado para que a rede de contatos também envolva o seu real sobrenome e que quem esteja na sua rede seja “peixe”.

E a sua rede de contatos como vai? Os contatos têm nome e sobrenome? E você, considera os seus contatos apenas pelo CNPJ ou eles podem contar com você?

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