Lá estava ele todo orgulhoso com o certificado comemorativo pelo prêmio recebido de Jovem Pesquisador da sua universidade. Parentes, amigos e familiares todos o parabenizavam, com razão:
– Parabéns, você merece!
– Que orgulho de você. Parabéns!
A grande maioria dos cumprimentos era a expressão real do prazer das pessoas que amavam o jovem de ver alguém ser premiado por uma conquista pessoal. Outros, porém, aproximavam-se para dizer:
– Parabéns! Que sortudo você é…
Estes são aqueles que não entendem que o certificado e a premiação são apenas os símbolos da conquista, porque eles não são a conquista. A conquista está baseada naquilo que o premiado fez e que quase ninguém viu. É naquilo que se faz quando não há ninguém observando que reside o segredo da vitória. Explico. Recentemente tivemos no Brasil os Jogos Olímpicos. Vivemos momentos de muita interação com os esportes e com os atletas. Vimos as conquistas individuais e coletivas. Emocionamo-nos com as finais em que um atleta ou uma equipe superou a outra nos metros ou nos instantes finais. E sentimo-nos glorificados no momento em que os atletas foram coroados com a medalha de ouro. É um roteiro de perder o fôlego. É emocionante. Se é gratificante para nós como espectadores imagine como o é para os atletas condecorados. Por que é tão mais intenso para os homenageados? Porque eles trazem dentro de si os momentos que nós não vemos.
Cada atleta que recebeu uma medalha nos Jogos Olímpicos traz dentro de si uma carga inimaginável de treinos, de renúncias e de escolhas que nós não vimos. A grande maioria deles passou sábados, domingos e feriados treinando, muitas vezes solitariamente. Eles reclamam disso? Não. Eram as suas escolhas. A grande maioria dos atletas de alto-rendimento não participa dos horários de happy hour, de festas de aniversários e de casamentos. São renúncias que fazem? Sim, mas eles as fazem conscientes. É o preço que eles pagam para conquistar uma vaga ou uma medalha nas olimpíadas que quase ninguém vê e que poucos lembram. O mesmo vale para o jovem acima que conquistou o prêmio de Jovem Cientista na sua universidade. Isso só foi possível depois de muito trabalho voluntário, que necessariamente passa por um grande número de finais de semana dedicados a administrar o projeto científico. São escolhas e são renúncias feitas para finalmente ser reconhecido publicamente por meio de um prêmio. Por isso, alguém parabenizar outrem dizendo que a conquista alcançada é resultado de sorte é no mínimo injusta, para não dizer outra coisa. São muitos os jovens nas universidades que têm as mesmas oportunidades, mas fazem outras escolhas. São muitos aqueles que poderiam se empenhar mais nos estudos e nos projetos voluntários, mas escolhem as festas. Preferem não fazer renúncias. Os anos passam. As festas também. Depois, quando alguma organização for procurar alguém para se engajar em algum projeto adivinhe entre quem eles vão procurar os seus candidatos? Com quase toda a certeza eles vão olhar para aqueles que se envolveram em alguma atividade edificante, como se inscrever para um concurso de Jovem Pesquisador.
Por isso, nos esportes a medalha é apenas um símbolo. Ela não é a vitória. A vitória vem daquilo que o atleta faz e que quase ninguém vê. Na profissão o salário pode simbolizar o trabalho, mas ele não é o trabalho. O trabalho é o que você faz no dia a dia na sua organização e sobre o qual somente você pode falar. No final de um curso universitário o diploma pode representar uma profissão, mas ele não é o profissional. O profissional é o sujeito que exibe as competências que o diploma diz que ele tem. Por isso, um símbolo pode representar qualquer coisa, mas não é a coisa em si. Desse modo, quando se pergunta qual é o seu prêmio a pergunta é sobre o caminho que o levou até ele.
Qual o caminho que você vai percorrer? Ele te dará o prêmio que você escolher.
Parabéns Wagner Augusto Rauber!!!