É duro constatar que muitas pessoas pensam, “Eu valho tanto quantos likes recebe a minha página”; “Se não estiver postado não aconteceu” e “Vale muito mais parecer bem do que estar bem”. É triste saber que isso é real. Para um grande número de pessoas a exposição é o que realmente importa. Os pensamentos mencionados representam a cultura da superficialidade e estão subjacentes ao comportamento de grande parte das pessoas. O que importa é aparecer. O que vale é o espetáculo! Antigamente esse comportamento era apontado como algo pejorativo e se dizia da pessoa que ela também poderia amarrar uma melancia no pescoço e subir num poste. Hoje basta tirar uma selfie e postar nas redes sociais.
Cada pessoa tem uma história. Cada pessoa é uma história. E é no juntar das histórias das pessoas que se forma a história da comunidade, do bairro, da vila, da cidade, do país e da própria humanidade. Porém, cabe a pergunta: a história valerá a pena ser contada? Com relação a história individual somente cada um poderá responder. Assim, podem-se propor outras perguntas: quando a pessoa olhar para a sua rede social poderá ela afirmar que aquilo que ali está é a sua história? Ou aquilo que está na rede social é apenas uma representação daquilo que ela queria que a sua história fosse? Os questionamentos nos levam a constatar que há uma realidade fora da realidade. As pessoas mais e mais acreditam que deveriam ser atores, que a sua vida deveria virar um livro ou um filme e que a própria vida deveria ser um espetáculo. No meu ponto de vista, a vida é um espetáculo, porém nós não somos atores da vida. No dia a dia, nós somos os trabalhadores da nossa vida. Por isso, deixem que os atores sejam atores para atuarem nas peças de teatro e nos filmes, isso porque na realização diária das pequenas atividades que compõe a vida do indivíduo não há espaço para a representação. Aquele que trabalhar na sua própria vida vai entender que a vida é um espetáculo. Essa pessoa vai entender que a vida não precisa ser espetacularizada e com isso conseguir expressar o que realmente é, podendo contar uma história muito mais próxima da realidade por meio das ações que realizou. Essa é a história que valerá a pena ser contada, porque valeu a pena ser vivida na realidade profunda das ações ordinárias que formam a vida real. É esse o sujeito que se busca em meio a um mundo de superficialidades.