Pai e filho cruzavam de carro uma pequena cidade do interior e viram um senhor sentado tranquilamente numa cadeira a beira rodovia. O filho, com seus 10 ou 11 anos, olhou e disse:
– Que cara preguiçoso, não é pai? Sentado aí sem fazer nada…
O pai escutou. Não concordou nem discordou. Eles eram de uma família que tinha suas posses oriundas de trabalho. Desde pequeno todos estudavam, trabalhavam e acreditavam que cada um podia fazer o seu destino. Entretanto, o pai também sabia que não se pode julgar alguém por um momento observado na sua vida. Assim ele contou uma história para o seu filho. Disse que havia um pai com quatro filhos que estavam no auge de sua juventude. Todos com boa formação, porque estudaram nas melhores escolas e universidades e, por isso, acreditavam que, quase sempre, tinham uma resposta pronta para tudo. Da família receberam bons exemplos, assim acreditavam que estavam preparados para os desafios da vida. O pai desses jovens, queria estimulá-los a seguir no caminho da aprendizagem, porém com humildade. Assim, desafiou-os para que realizassem uma aventura para conhecer uma árvore que estava muito distante. O filho mais velho chegou até a árvore no inverno. O segundo se encontrou com a árvore na primavera. O terceiro no verão e o filho mais novo a encontrou no outono. Ao regressar à casa cada um descreveu o que viu. O primeiro disse que viu uma árvore seca e com os galhos retorcidos. Era feia para os seus padrões. O segundo disse que viu uma árvore cheia de folhas novas e flores que se abriam. Era linda, segundo o seu entendimento. O terceiro comentou que viu uma árvore carregada de folhas viçosas, exuberantes e com muitos frutos em formação. Era bela pelo que havia observado. O filho mais jovem não concordava com os demais, porque disse que viu uma árvore carregada de frutos maduros. Era simplesmente, maravilhosa. Assim, o pai pode explicar que cada um deles, em parte, tinha razão, porque eles haviam observado a mesma árvore em diferentes temporadas. Por fim, o pai que seguia o caminho com o seu filho pequeno, perguntou:
– O que você viu quando observou aquele homem sentado à beira da estrada?
O filho ficou intrigado. Não tinha uma resposta, assim como nós não temos uma resposta. Às vezes, somos muito rápidos ao julgar o outro. Creio que a essência, os valores e os princípios nos acompanham no inverno, na primavera, no verão e no outono de nossas vidas. Entretanto em cada temporada são diferentes as experiências pelas quais passamos até que encerramos a jornada. O caminho percorrido por qualquer pessoa, com as suas alegrias e as suas dores, não se pode ver numa única temporada de sua vida, muito menos numa cena.
Quem era o homem à beira da estrada? Pai e filho no seu carro não tinham a mínima ideia. Portanto, antes de julgar é essencial lembrar que não sabemos as histórias vividas por detrás das folhas, dos galhos ou dos olhos que se veem. Ao trazer a analogia da árvore para o filho, o pai quis deixar a mensagem para que as inúmeras tentativas que a vida exigir ou para o sofrimento e as derrotas que a vida lhe impuser, sejam motivos que o mantenham forte e humano como um duro inverno; que os momentos de felicidade o tornem agradável como uma linda primavera; que os sucessos que na vida alcançar o levem para o caminho do crescimento como num exuberante verão; que a maravilhosa oportunidade que é a vida possa dar frutos com a humildade de que podemos encerrar a jornada e voltar para Casa. O caminho é você que escolhe. O julgamento somente será no final!
Moacir Rauber
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Inspirado: Pe. Jorge Nardi