Qual é o teu ponto de vista na VIDA?

Fonte: IA BING

Pontos de vista na VIDA!

A oficina transcorria normalmente sendo coordenada por dois facilitadores. A primeira parte foi conduzida por um deles. Após o intervalo os papéis seriam invertidos. Todos voltaram, exceto o facilitador responsável por conduzir a oficina. O ambiente virtual é dinâmico, por isso o facilitador que estava online retomou as ações, ainda que não era sua responsabilidade. Alguns minutos depois entra na sala virtual o facilitador encarregado e é recebido com a seguinte frase pelo seu colega:

– É sempre assim. Era tua a responsabilidade de conduzir a oficina e você se atrasa. Você me irrita com essa irresponsabilidade!

As pessoas na sala emudeceram. O clima ficou tenso. O facilitador interpelado, timidamente, respondeu:

– Desculpe-me, eu sempre faço tudo errado. Termino por estragar tudo.

O clima ficou tenso e o mal estar marcou presença na sala. O silêncio gritava.

Pergunta-se: de que formas se posicionar numa situação incômoda? Quais os pontos de vista que se podem explorar numa situação adversa? A Comunicação Não-Violenta identifica quatro formas de interagir e o acrônimo VIDA explica.

O “V” pode ser o ponto de vista de quem se coloca como “Vítima” diante de algo inesperado, agressivo ou incômodo. A pessoa se assume como quem frustra ou prejudica um projeto em andamento num processo de autocrítica e culpabilização. É uma forma vitimista de ver o mundo que gera desconexão consigo e com o outro, como na resposta acima.

O “I” se relaciona ao ponto de vista do “Intimidador” que reage com violência diante do inesperado, agressivo ou incômodo. É a postura de acusar para se escusar e culpar o outro. Na situação acima, a resposta poderia ser “Você não tem o direito de dizer isso! Estou carregando essa oficina nas costas e cuidando das tuas necessidades!”. Igualmente é uma resposta que rompe, desconecta e tende a aumentar o conflito.

A pessoa interpelada pode reagir com o “D” de “Doador” ao escutar e ver a partir da perspectiva do outro. “Entendo que você está irritado porque o compromisso com a pontualidade é importante para você…” seria uma resposta de quem exercita a empatia e surge a possibilidade da conexão. Reconhece-se os sentimentos e as necessidades do outro, porém, sem o cuidado consigo mesmo.

Por fim, o ponto de vista que fecha o ciclo da VIDA é o “A” do “Amor” que reconhece os sentimentos e identifica as necessidades do outro sem descuidar das próprias. “Pecado é a ausência de amor nas ações” (Padre Adroaldo Palaoro) é uma frase que enseja a sabedoria de alinhar as intenções com as ações. É o cuidado e o autocuidado que reflete a empatia e a auto empatia para conectar-se com o outro sem desconectar-se de si. Trata-se de registrar os próprios sentimentos e identificar as necessidades pessoais que estão envolvidas na situação de um potencial conflito. O que é importante para mim e para o outro? Onde podemos convergir para que os meus e os teus sentimentos sejam reconhecidos e respeitados? Como podemos atender as tuas e as minhas necessidades? Portanto, a capacidade de pausar e tomar a consciência da situação pode nos levar a uma resposta como uma escolha deliberada para afetar com afeto. Assim, a resposta poderia ser, “Entendo que você está irritado porque o compromisso com a pontualidade é importante para você, assim como é para mim. Atrasei-me porque minha filha passou mal e tive que atendê-la. Agradeço por haver reiniciado a oficina e comprometo-me em avisar num próximo episódio!” Com isso, conectam-se as necessidades de um e de outro e os sentimentos envolvidos, diminuindo a energia da reação e aumentando a força da conexão. A violência desvanece e o Amor aparece.

Por isso, a Comunicação Não-Violenta acontece com a consciência dos diferentes pontos de vista que podemos adotar na VIDA. A situação tensa relatada no início se desfez tão logo avançamos para a segunda possibilidade de diálogo em que os presentes entenderam que havia sido uma conversa programada. Com isso demonstramos na prática que as respostas dadas na VIDA a partir da perspectiva do AMOR AFETAM COM AFETO.

Moacir Rauber & Miriam Moreno

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