É UM ANO NOVO: VOCÊ ESTÁ CANSADO?

É um Ano Novo: você está cansado?

Ela havia trabalhado o dia inteiro cortando a grama do jardim. Um trabalho pesado que demandou muito esforço físico com bastante cuidado para não machucar as outras plantas e persistência para não desistir com os constantes problemas técnicos do cortador de gramas. Ela estava exausta, porém feliz com o trabalho realizado. Sentou-se na varanda da casa, apreciou o resultado e disse:

– Estou cansada, mas me sinto bem!

O marido estava com a visita de um amigo. Ele comentou:

– É muito natural, porque a atividade física libera endorfina na tua corrente sanguínea que proporciona bem-estar, prazer e essa sensação de recompensa. A endorfina também combate as dores e alivia o estresse. Igualmente a atividade física regular ajuda no equilíbrio das emoções por meio da serotonina, o hormônio da felicidade…

E continuou falando da dopamina e todos os benefícios associados às atividades físicas regulares, além de mostrar na sua própria cabeça onde cada um dos fenômenos cerebrais poderiam estar ocorrendo. A fala estava carregada de uma presunção de superioridade por todo o conhecimento que detinha sobre o fenômeno. O que aconteceu de fato? Com tanta teoria a conversa cansou os ouvintes, um cansaço aborrecido que os desconectou. A explanação teórica sobre um fato cotidiano no ambiente familiar gerava a sensação de arrogância intelectual que afastava quem falava daqueles que já não o escutavam. A racionalidade excessiva se exterioriza em pessoas que acreditam deter a capacidade do discernimento, um suposto entendimento e a presunção da sabedoria. Costuma ser pedante. Entretanto, trata-se de uma justificativa interna de quem tem falta de autoconfiança e que diminui o outro a partir de um julgamento errôneo da própria intelectualidade. Aqui, para a Inteligência Positiva, identifica-se um sabotador: o hiper racional. Este sabotador, aliado ao crítico, racionaliza as situações mais corriqueiras, transformando-as em oportunidades de mostrar o seu conhecimento. Entretanto, o hiper racional que se manifesta sem filtro provoca a desconexão das pessoas que têm filtro. O outro vê, escuta, pensa, sente e se afasta.

O hiper racional, muitas vezes, sabe os conceitos sobre um tema, porém nem sempre pratica os conceitos que apregoa. Nesse momento se revela um conhecer que desconhece na realidade. Por que essa afirmação? Porque o senhor que falava dos benefícios das atividades físicas, entre elas a sensação de bem-estar, o equilíbrio das emoções e outros mais, levava uma vida sedentária com recorrentes problemas de saúde. Parecia cansado. A hiper racionalidade era violenta com ele mesmo e com os demais. A Comunicação Não-Violenta, iniciando com uma Pausa, poderia ajudar a que aquele senhor identificasse os seus sabotadores para em seguida observar sem julgar para inclusive escolher não falar. Como diria Fernando Pessoa “Quem sabe, mas não sabe aplicar…” revela “…uma forma de não saber”.

Destaque-se, ainda, que constatar a existência de um fenômeno não o muda. As ciências comportamentais tem apontado com frequência fenômenos que acontecem a milhares de anos, muitas vezes como se fosse algo novo, entretanto isso não muda a realidade. Por exemplo, hoje a ciência comprova que a meditação e a oração trazem serenidade às pessoas que as praticam, porém isso não muda os resultados, apenas ratifica os resultados de uma prática milenar. Saber e não praticar não produz resultados. De igual maneira, as atividades físicas cumprem com a função de gerar bem estar e felicidade durante toda a trajetória humana na terra, porque temos um corpo feito para se mover. Não se faz necessário que a ciência nos diga isso, embora seja importante que se usem os dados para mudar comportamentos. Mais uma vez, ressalta-se que saber disso sem fazer exercícios é uma forma de não saber.

Voltando a Fernando Pessoa ele dizia “Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria.” Enfim, conhecer a teoria sem colocá-la em prática gera um cansaço sem o bem-estar da atividade. Pode ser muito cansativo ser sempre intelectual, é preciso viver a prática que nos conecta com o real. Exercer a prática sem o domínio da teoria provoca o cansaço pelo retrabalho. Pode ser esgotante repetir os erros, é essencial aprender a teoria que nos melhora a prática. Conhecer a teoria e colocá-la em prática produz todos os benefícios de uma vida bem vivida com o cansaço do bem!

“Na vida superior a teoria e a prática completam-se. Foram feitas uma para a outra” (Fernando Pessoa). Qual é a sua teoria? Ela existe na prática?

Um 2024 com teoria e prática!!!

Moacir Rauber

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