DE VOLTA PRA CASA

Fonte: IA BING

De volta pra casa!

O descobridor dos mares preparou seu barco para a maior aventura de sua existência: buscar novas terras no mundo ainda inexplorado. Era o desafio a que se propunha um navegador inglês do século XVIII. Para esse fim, comprou mantimentos para um longo período de viagem em alto mar; revisou os equipamentos necessários para o empreendimento; inspecionou cuidadosamente as velas; preveniu-se com material de reposição para itens que pudessem sofrer avarias; e, finalmente, carregou muitas armas para enfrentar o desconhecido. A viagem começou com toda a expectativa, pois a curiosidade o impulsionava, a coragem o movia e levava a confiança para novas conexões.  Assim, após longo tempo de navegação, de repente, na linha do horizonte o navegador vê algo diferente. Não era a bruma marítima que, por vezes, cria uma ilusão de ótica, era uma elevação terrestre. Ficou extremamente feliz e ansioso com a possibilidade de ser o descobridor de novas terras. Avançou com o seu barco, navegou próximo à costa e, ao longe, avistou uma construção com contornos exóticos que confirmava a sua busca por novas terras. Atracou o barco e, logo, aproximaram-se algumas pessoas com um aspecto diferente. Ele estava fortemente armado, além de estar carregado de tensão e medo. Por isso, fez uma saudação com sinais para começar uma interlocução com os supostos nativos. Surpreendentemente eles o saudaram:

– Bom dia! De onde o senhor vem? (Good morning. Where are you from?)

Ficou espantado ao ouvir a resposta em sua língua nativa, o que lhe gerou sentimentos controversos. Por um lado, sentiu-se triste, incomodado e frustrado ao perceber que não havia descoberto nada novo, porque seguia na Inglaterra. Por outro lado, sentiu-se alegre, acolhido e seguro ao constatar que havia atracado em casa.

Trata-se da proposta de romance que Chesterton (1874-1936) nunca escreveu, porém nos permite uma série de paralelos. O que acontece quando saímos e voltamos para casa no nosso dia a dia? E na nossa vida? Creio que acontece um movimento rítmico, constante e permanente de aventura e retorno desde as situações cotidianas até o final da jornada.

Por exemplo, quando vamos de casa para o trabalho acontece um processo semelhante ao do navegador aventureiro, assim como nas interações com as pessoas que conheço ou com quem ainda falta conhecer, o conhecido e o desconhecido estão presentes. Igualmente acontece ao frequentar ambientes sociais diferentes e novos; ao se conviver com as pessoas do seu ambiente familiar; e, finalmente, ao se reconhecer como responsável desse vaivém, apropriando-se da curiosidade que impulsiona, da coragem que move e da confiança que nos leva a buscar conexões num mundo novo e nele reencontrar a sua própria casa.

Nesse movimento de um ambiente a outro podemos passar pela tristeza e pela alegria; pela incomodidade e pela acolhida; e pela frustração e pela segurança, porém é nesse ir e vir entre a casa e a aventura que se vencem os desafios. Esse processo pode acontecer no trabalho, nas interações sociais, nas relações pessoais e na jornada da vida.

Enfim, Chesterton nos faz um convite para que busquemos novos horizontes em cada relação, situação, trabalho e interação, mas principalmente na relação consigo mesmo e com a vida. Para esse fim, é importante ter os mantimentos e os equipamentos para cada empreendimento do qual se participa, assim como inspecionar e prevenir-se num movimento constante de curiosidade, de coragem e de confiança que se fundamenta no respeito. A abertura para aprendizagem é uma regra que nos oferece recursos para que nos mantenhamos em modo aventura com a segurança da longevidade.

Dessa maneira, a vida será uma aventura em que não necessitamos levar armas, apenas os recursos internos que vão nos garantir que se está numa aventura rumo a nossa verdadeira casa, porque um dia a ela retornaremos.

Moacir Rauber

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Com o que você se diverte?

É importante saber…

… que o grau em que as pessoas evoluíram é instantaneamente revelado através do que eles chamam de entretenimento e “diversão”. O que você chama de “entretenimento”? O que você descreve como “diversão”? Como você gasta seu tempo livre? Como você gasta seu dinheiro para entretenimento? Quanta televisão você assiste? Quantos filmes você vê? Em que tipo de programas e filmes você gasta tempo? Quantos livros você leu este mês? Quantos shows você assistiu? Quantos balés você viu? Que tipo de música você ouve?

Alguma dessas coisas importa? Você também pode muito bem se perguntar se importa para o seu corpo que tipo de comida você come, porque a nutrição para a mente não é diferente de nutrição para o corpo.

O que você coloca para dentro da sua mente ou do seu corpo você recebe de volta — triplicado.

Traduzido de Neale Walsh

UMA CRUZ OU UM MILAGRE?

Fonte: IA BING

Uma cruz ou um milagre?

Participava de um evento e estava numa roda de conversa com outras pessoas. Não nos conhecíamos, mas certamente tínhamos alguma busca comum que nos havia levado a estar ali. Enquanto conversava, vi que um senhor me observava, aparentemente, querendo ser discreto. Olhava para mim, para minha esposa e para o lado. Olhava para a minha cadeira de rodas, para minha esposa e para o palco. Deu alguns passos, aproximando-se. E assim foi até que chegou ao meu lado. Fiz de conta que não o havia visto, porque intuía que a conversação com ele poderia ser uma situação embaraçosa. Ele tocou no meu ombro e perguntou:

O que aconteceu? Você nasceu assim? Referindo-se a minha condição de usuário de cadeira de rodas.

Na minha mente “Outra vez”, pensei. Nos quase quarenta anos que estou em cadeira de rodas não sei quantas vezes respondi a perguntas como essas. Nunca me indispus por isso, mas, às vezes, cansa. Educadamente expliquei que havia sofrido um acidente de carro na juventude. O senhor lamentou e considerou:

– Pelo jeito você aceitou a sua cruz!

Ao escutá-lo fiquei sem palavras. Não havia muito a responder, porque certamente a sua visão de mundo era diferente da minha. Ainda assim, a indignação foi o sentimento que nasceu em mim naquele momento. Perguntei-me, como poderia ele saber se era uma cruz? Respirei fundo para retomar a consciência, manter o controle e não dar poder ao outro sobre como me sinto, porque entendo a vida como um privilégio em qualquer circunstância, nunca uma cruz. Estar numa cadeira de rodas é uma cruz? Depende. Pode ser uma cruz, assim como outras situações podem ser. Para muitos trabalhar como farmacêutico, enfermeiro, professor, jornalista ou simplesmente trabalhar é uma cruz, para outros é uma oportunidade. Para muitos estar casado é uma cruz, para outros um sonho. Para muitos ter que levantar cedo é uma cruz, para outros é a chance de se exercitar. E assim poderíamos seguir citando casos em que as pessoas transformam situações que vivem numa cruz existencial. Particularmente, entendo de forma diferente. Nunca sonhei estar numa cadeira de rodas, porém a partir do momento que essa era a minha realidade optei por não a transformar numa cruz. No início, houve dor pelo acidente, tristeza pela irreversibilidade da lesão e luto pela perda que a situação representava. Alimentar tais sentimentos, transformando-os em estado de ânimo, poderia fazer com que o uso da cadeira de rodas fosse uma cruz. O luto é um processo para reconhecer a tristeza e superar a dor num movimento salutar de seguir o caminho com as possibilidades que existem.

Lamenta-se a perda, que é uma verdade; olha-se para as possibilidades, a partir do amor; e se segue em frente, na busca pela paz. Desse modo, a vida nunca será uma cruz, sempre será um milagre.

Moacir Rauber

Passado o impacto inicial da conversa com aquele senhor, aproveitei a presença de um conhecido para seguir em frente. Despedi-me desejando-lhe “tudo de bom”. Ele me respondeu, “Fica bem, sempre pode acontecer um milagre”. Ao escutar a frase, na minha interpretação, ele não havia entendido que o milagre acontece todos os dias quando escolhemos viver a verdade a partir do amor na busca pela paz com aquilo que temos. Entender que usar uma cadeira de rodas me permite ir a lugares que sem ela não posso ir faz com que ela não seja uma cruz, mas uma oportunidade. Assim, eu deixo de ser um cadeirante para ser um usuário da cadeira de rodas. Não me atenho as limitações, mas as possiblidades. Eis o milagre! Quais as possiblidades que a tua situação te oferece? Lembre-se que estar vivo é um milagre, é uma verdade. Manter uma vida ativa com relações sociais e pessoais permite que se viva o amor. Ter a consciência da verdade com amor gera paz.

A sua vida é uma cruz ou um milagre?

Moacir Rauber

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AINDA FALTA A METADE?

Metade do ano foi. Olha-se para trás para avaliar o caminho percorrido dentro das metas estabelecidas no início do ano, sejam elas na esfera pessoal, profissional ou social. Para o ano de 2024 estabeleci uma meta pessoal de perfazer um total de 3660 minutos de remo. Ao finalizar a metade do ano vejo que cumpri com o estabelecido, deixando-me satisfeito. Entretanto, a semana seguinte se mostrou pouco produtiva. Recomecei os treinos no primeiro dia do segundo semestre e desisti. A mente que, muitas vezes, nos mente havia vencido a luta interna ao convencer-me de que era um esforço inútil. Ela acrescentava de que eu já havia provado que podia fazê-lo, por isso, para que continuar com essa atividade que exige esforço, dedicação e compromisso? Além disso, os dias nublados, o frio e a chuva eram desculpas para não realizar as atividades programadas. Passou o segundo dia e mais uma vez perdi para mim mesmo e não cumpri com o estabelecido. Cheguei ao terceiro dia e me programei para fazer 30 minutos, mas a mente reforçou toda a minha luta interna no diálogo:

– Vai ler, estudar ou fazer contatos com as pessoas. Vai ganhar a vida e não fique fazendo exercícios que não te levam a nada. Tudo em vão!

Isso depois dos cinco primeiros minutos da atividade. Parece pouco tempo, mas cinco minutos é tempo suficiente para se mudar de ideia e desistir de um projeto, de um sonho ou de uma realidade construída ao longo de meses ou de anos. No momento em que se deixa de dominar a mente pode-se jogar por terra o planejamento feito, os recursos investidos e os sonhos acalentados. Para mim, era o ladrão interior que voltava. Eu queria pensar que já havia feito mais da metade, mas a minha mente insistia em me dizer que ainda faltava a metade. Uma pequena mudança de perspectiva que nos faz ver problemas ou oportunidades.

Observar o suor que começava a se acumular na pele dos braços e na testa depois de cinco minutos, parecia dar toda a razão para a mente. Ao pensar em todo o caminho que ainda faltava para alcançar a meta confirmava o que a mente sugeria, Desista! Você não vai ganhar nada com isso… Eu procurava evitar tais pensamentos lembrando que podia não ganhar nada com a atividade, mas desistir faria eu perder muito.  Seguir na busca pela meta representava um desafio pessoal de manter a disciplina, de garantir a determinação e de mostrar a força de vontade. Porém, a mente transforma o complexo, muitas alternativas, em complicado, difícil de resolver, e cabe a nós não permitir o processo. As situações podem ser difíceis, mas se nós as olharmos entendendo a sua complexidade podemos tirar delas oportunidades. Uma remada a mais e a mente voltou a me castigar, Você mal e mal fez a metade daquilo que te programou e veja quanto sacrifício. Perguntei-me: o que fazer para dominar a mente?

A minha luta interna, assim como a atividade de remo seguia. Parar ou perder o controle da respiração seria decretar o fim da atividade. Inspirei mais profundamente e tomei consciência daquilo que queria no longo prazo. Nessa discussão interna se passaram o minuto seis, o sete e o oito. Mantinha a voga das remadas em trinta e sete repetições por minuto e resolvi que ao chegar no minuto dez subiria a voga para quarenta. Manteria a voga até o minuto vinte, momento em que subiria para quarenta e cinco remadas por minuto. No final do exercício, ainda cansado, tomei a decisão de aumentar a minha meta para 4000 minutos até o final do ano, isso porque na totalização do tempo do primeiro semestre havia feito 1980 minutos. Dessa maneira, o desafio para o segundo semestre seria igual ou superior ao primeiro, sendo suficientemente duro para ser desafiante sem, contudo, ser demasiadamente difícil para torná-lo impossível.

Ainda falta a metade ou já fiz a metade?

Moacir Rauber

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PARA ONDE AINDA FALTA OLHAR?

Fonte: BING IA

Para onde ainda falta olhar?

O evento terminava e a sensação de insegurança frente ao mercado de trabalho, às tendências comportamentais e de negócios era grande. Falava-se do mundo singular, disruptivo e exponencial potencializado pelas tecnologias numa interação homem máquina sem precedentes na história da humanidade. Homens e máquinas, juntos, mais inteligentes. As dúvidas de muitos se referiam a qual caminho seguir. Ao final, um dos participantes expôs a sua indagação, quase indignação:

– Para onde ainda falta olhar? Já não sei mais para onde ir…

Ao escutá-lo tive a impressão de que ele representava a perplexidade de muitos ao tocar num tema para o qual não há uma só resposta. Estamos num momento que exige de nós cada vez mais a capacidade de estar abertos a aprendizagem, sabendo que todos ensinamos com aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. Por isso é fundamental que estejamos dispostos a olhar para todas as direções com a Curiosidade de uma criança; com a Coragem de um guerreiro; e com a Confiança de um sábio para se Intra-gerenciar. O que fazer? Desenvolver as competências técnicas e de comportamento.

Acredito que desenvolver as competências técnicas é a parte mais fácil, porque basta observar o ambiente em que se circula e seguir o movimento. Por isso, olhe para frente e observe quem está na liderança de sua área. Quais são as tendências? O que eles estão fazendo de bom que você ainda não faz? Aprenda, ajuste e gerencie melhor. Olhe para os lados, perceba o que está acontecendo a sua volta. O que você pode aprender de quem está ao seu lado? O que você ensina para aqueles que estão a sua volta? Compartilhe, aproprie-se e cresça. Olhe para baixo e veja se há alguém por ali. Não deve haver ninguém embaixo de você, porque gerenciar é andar com os outros e não sobre os outros. Olhe para cima e entenda que a nossa atividade está inserida num contexto maior. Gerenciar também é ampliar a visão. Por fim, olhe para trás para saber se ficou alguém por lá. O que aconteceu? Analise os motivos e saiba que a vida organizacional não é uma competição, ainda que sejamos competitivos ao entregar o nosso melhor.

As competências citadas são externas e a isso chamamos gerenciar. Porém, para intra-gerenciar para onde ainda falta olhar? É preciso olhar para dentro de si tendo a Curiosidade como combustível; a Coragem como motor; e a Confiança como atitude.

E quais são as competências para se intra-gerenciar? Ao olhar para dentro de si é possível encontrar as respostas para as nossas inseguranças, assim como as competências para saber a direção do caminho. Isso requer um mergulho dentro de si para se despir de medos que embotam a curiosidade; de preconceitos que acovardam a coragem; de julgamentos que anulam a confiança. Só assim para se despir do desamor e se vestir de amor, levando-nos a despir-nos da tristeza e a vestir-nos de alegria; a despir-nos de ressentimentos para vestir-nos de paz; a despir-nos da impaciência para vestir-nos de paciência; a despir-nos da animosidade para vestir-nos de amabilidade; a despir-nos da deslealdade para vestir-nos de lealdade; a despir-nos da volubilidade para vestir-nos do domínio próprio. Enfim, apresentar tais competências permite que se externalize o mergulho interior e se intra-gerenciar para, finalmente, gerenciar.

Não se trata de utopia. O desafio é introjetar para depois projetar, porque somente se põe para fora aquilo que se tem dentro. Com a competência de intra-gerenciar as demais competências surgem naturalmente, inclusive para saber para onde olhar. Ao dedicar-se a intra-gerenciar elimina-se a incongruência de atuar no ambiente externo sem carregar tais competências no ambiente interno. Portanto, uma pessoa convencional olha para frente, para os lados, para cima, para baixo e para trás para ir em frente. Aquele que se Intra-gerencia olha para dentro com curiosidade para libertar o Ser Humano extraordinário com a coragem e a confiança para seguir na melhor direção.

Intra-gerenciar faz sentido para você?

Moacir Rauber

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NO CANTINHO DA ALMA…

Fonte: IA BING

No cantinho da calma

Estava numa reunião pedagógica de professores de uma escola municipal que atende alunos do Ensino Fundamental, onde os professores compartilhavam as experiências nos diferentes momentos de interação com os alunos e entre si mesmos. Um professor comentou sobre um dos alunos de treze anos, que, por vezes, se punha agitado, nervoso e agressivo, descontrolando-se. Numa das ocasiões em que se descontrolou, o professor pediu para que o aluno fosse falar com a supervisora da escola. Nesse momento, a supervisora lembrou do caso e disse que o menino chegou na sala e teve que esperar, porque ela estava em outro atendimento. Na sequência, ela o recebeu sem saber a razão da presença dele:

– Bom dia, como você está? Do que se trata?

Foi uma saudação aberta, carinhosa e acolhedora que desarmou os últimos sinais de agitação, nervosismo e agressividade do menino. O que aconteceu durante o tempo que ele esteve na sala de espera? O menino, ainda que involuntariamente, fez uma pausa. Não se tratava do “cantinho do pensamento”, prática usada que pode representar a punição ou o castigo por algo feito, mas de um momento de tomada de consciência sobre o ocorrido. No período em que o menino esteve só na sala de espera ele teve tempo para se acalmar e repensar a situação, talvez descobrindo que as pessoas não estão umas contra as outras, mas umas para as outras, especialmente os professores. Foi um “cantinho da calma” que o reconectou com a sua alma. E nós, no nosso dia a dia, fazemos uma pausa? Provavelmente, muitos de nós não dedicamos um tempo para uma pausa, seja ela no início da manhã para direcionar as atividades do dia ou durante o dia nas interações com outras pessoas. Sem a pausa, por vezes, as pessoas se tornam agressivas. O trânsito é um exemplo clássico onde as pessoas demonstram irritação, colocando-se os motoristas uns contra os outros na disputa pelo espaço. Os motoristas se esquecem que estão nas ruas em direções diferentes, mas com o objetivo comum se deslocar de um lado a outro. Não deveriam estar uns contra os outros. Nas empresas ocorre um fenômeno parecido em que pessoas e departamentos se colocam em pé de guerra como se não estivessem na organização para cumprir com a mesma missão, apenas com atividades diferentes. Não há inimigos na organização, estão todos no mesmo barco. Nos países, na sociedade ou nas cidades a lógica se repete, seja entre Rio e São Paulo, entre Brasil e Argentina ou entre ateus e crentes ou qualquer classificação que represente uma divisão. Já não temos inimigos naturais representados por predadores. Temos um único inimigo interno que não permite ver que o outro tem as mesmas necessidades e buscas que eu, apenas com atividades diferentes e que escolhe outras estratégias para chegar aonde pretende chegar.

Como terminou a conversa com o aluno? Ao ser indagado pelo motivo da sua presença na sala da supervisora o aluno titubeou um pouco, porém, em seguida foi autêntico, exibindo humildade, coragem e confiança para reconhecer que se comportou inadequadamente. A autenticidade de reconhecer a inadequação do seu comportamento requer a humildade de quem tem a coragem para admitir a própria responsabilidade num momento de descontrole. Ficam as reflexões:  a situação não se desenvolveu como eu quis? O que fazer? Reclamar, maltratar ou agredir resolve? Provavelmente não. Fazer uma pausa pode ajudar a recuperar a consciência e a tranquilidade para atuar sobre aquilo que está no meu controle, porque o outro não é mais o meu predador nem o meu inimigo. Encontre o seu cantinho da calma, porque nas escolas, nas organizações, nas cidades e no mundo nós estamos com as pessoas, para as pessoas e pelas pessoas, pois são elas a nossa razão de existir. O meu inimigo não está do lado de fora, ele está dentro de mim e a pausa pode fazer com que o reconheça para me comportar de maneira a que eu não perca para mim mesmo. É no “cantinho da calma” que se encontra a alma.

O menino de treze anos encontrou um “cantinho da calma” para entender isso. E você, consegue?

Moacir Rauber

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Beethoven não está no palco!

Fonte: IA BING

Beethoven não estava no palco!

No décimo segundo encontro de um curso para casais que pretendem passar toda a vida juntos, remando contra a tendência dos amores líquidos (Bauman), um dos casais comentava sobre as frequentes críticas que fazemos as diferentes instituições. Criticamos a família, mas nos esquecemos que nós somos parte dela; criticamos a escola, mas não participamos das reuniões de pais e alunos; criticamos o trabalho, mas muitas vezes faltamos por motivos fúteis; criticamos a igreja, mas não a frequentamos e não praticamos a espiritualidade por ela proposta, assim como não nos envolvemos com os trabalhos sociais que ela oferece. Assim é fácil criticar, disseram. Em seguida fizeram uma analogia:

– Quando vamos a um concerto de música clássica para ouvir Beethoven, nos deparamos com um teatro lindo, um ambiente apropriado e os músicos. A expectativa é de um espetáculo. Entretanto, no decorrer da apresentação os músicos se equivocam muitas vezes. O que aconteceu? Beethoven deixou de ser Beethoven ou foram os músicos que não executaram bem Beethoven?

Uma analogia simples que pode ser aplicada às instituições das quais dizemos participar. Quando a família está em pé de guerra e a harmonia dá lugar a frequentes desentendimentos é a instituição família que não funciona ou são os elementos daquela família que não se entendem? Quando acreditamos que os nossos filhos não evoluem o esperado ao frequentar a escola é a instituição que deve ser eliminada ou é a falta de presença e de participação das partes que a compõem que falham? Quando a empresa em que trabalho não entrega aquilo que se propõe é a instituição empresarial que está em xeque ou a questão se aplica a um determinado conjunto de pessoas que não cumpre com o esperado? Quando criticamos a igreja a que dizemos pertencer porque um dos seus representantes se posicionou de maneira diferente da minha visão frente a uma questão, é a instituição que falhou ou houve ruídos na transmissão da mensagem provocado por um dos seus representantes? Portanto, é essencial participar e estar presente nas instituições para que as mesmas cumpram com aquilo a que se propõem a partir de sua existência. Assim, é importante que sigamos aprendendo para afetar com o afeto das nossas intenções e das nossas ações. E você, está disposto a aprender e afetar?

Com razão, acreditamos que é preciso estudar numa instituição para aprender o conteúdo requerido de uma faculdade de engenharia, medicina, odontologia, entre tantas outras profissões que exigem alto conhecimento técnico. Entretanto, é essencial o empenho daquele que estuda para que conclua os estudos sabendo, porque entendo que no momento em que estudo eu aprendo por escolha, porém aquilo que eu ensino aos demais pelas atitudes e comportamentos não é escolha, é o resultado. E, talvez, no momento vivido, além do conhecimento técnico com Beethoven no palco, nos falta incorporar a nossa humanidade no comportamento, conhecimento este que por algum tempo foi relegado a um segundo plano. É preciso aprender as competências humanas para ser um bom profissional? Sim, é essencial tê-las. Você aprende as principais competências humanas nas universidades? Depende, porque você não precisa frequentar uma universidade para saber que integridade, honestidade, empatia, resiliência, perseverança, temperança, curiosidade, coragem, tolerância, acolhida, confiança e espiritualidade são essenciais para você trilhar o caminho escolhido.

Onde aprender e como ensinar? Em qualquer lugar com qualquer pessoa que reflita em seu comportamento aquilo que você admira, para que você possa exibir a postura daquilo que você acredita. Os casais que ministraram o curso não eram acadêmicos, mas eles ensinaram integridade, confiança e temperança com o exemplo da família constituída. Eles ensinaram curiosidade, coragem e perseverança ao participar da escola dos seus filhos. Eles ensinaram honestidade, empatia e resiliência com a experiência profissional compartilhada conosco. Eles ensinaram tolerância, acolhida e espiritualidade com o oferecimento voluntário da sua presença nesses doze encontros. Eles ensinaram com a experiência da presença em cada uma das instituições, cabe a nós participantes querer aprender. Aprender é a nossa escolha, mas é preciso estar presente para afetar com afeto e trazer a excelência de Beethoven para o palco da vida.

Moacir Rauber

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VOCÊ MERECE UM ELOGIO?

Fonte: BING IA

Você merece um elogio?

A menina estava em seu mundo, brincando na área de jogos do supermercado. Ela tinha sete anos de idade e, recentemente, havia sido adotada. Os pais adotivos lhe davam amor e carinho, porque sabiam que ela carregava feridas profundas em sua curta trajetória de vida. Apresentavam a menina como sua filha para os amigos e parentes, porque agora ela era a filha deles! A mãe acompanhava a menina que se divertia com os brinquedos que antes nunca havia tido. Aproxima-se uma amiga a quem ela apresenta a sua filha. A amiga a olha com carinho e lhe diz:

– Que linda!!! Parece uma boneca!!!

A menina arregalou os olhos, olhou para a sua mãe e em seguida começou a chorar desconsoladamente. “Parece uma boneca” foi dito como um elogio, mas por que a menina chorou? Naquele momento ninguém sabia a razão do choro, entretanto, a frase traz em si um julgamento a partir da visão de mundo de quem a expressa, recorrendo a uma comparação da beleza da menina para com a boneca. O que está presente na frase dita pela amiga? A expressão “parece uma boneca” é comumente usada como um elogio, porém ela parte de uma comparação, que, muitas vezes, descaracteriza a pessoa a quem ela se dirige. A palavra “comparação” tem origem latina formada pela primeira parte “com”, que quer dizer ‘junto” e “parare” que se refere a “fazer par” ao observar as diferenças de algo que está lado a lado. Entendo que a comparação se aplica a coisas e não às pessoas com coisas, ainda que seja para fazer um elogio. Igualmente não há como comparar pessoas com pessoas, porque se todos somos únicos e singulares não há ninguém a quem possamos ser comparados. Cite-se como exemplo as comparações feitas entre atletas de diferentes gerações que se revelam irreais e injustas, uma vez que estão presentes os julgamentos de quem faz as comparações. Destaque-se que os elogios tendem a criar ambientes positivos e, normalmente, despertam o lado bom das pessoas a quem eles são dirigidos, porém eles devem ser verdadeiros, autênticos e sem julgamento. Além disso, um elogio, preferivelmente, deve ser feito àquilo que o outro faz e não sobre as suas características. Elogiar a inteligência, a beleza ou alguma característica inata não é recomendável, porém elogiar o esforço e a dedicação para alcançar algo é positivo. Desse modo, ao elogiar a beleza da menina e ao compará-la com uma boneca, o elogio considerou o mundo de quem o fez sem nada conhecer do mundo a quem ele foi dirigido. O que será que representa a boneca na vida da menina?

Depois de acalmar a menina da sua crise de choro, a mãe perguntou o que havia acontecido e ela, ainda abalada, respondeu, Eu não quero ser feia… A princípio a mãe não entendeu, mas depois que a filha explicou que a única boneca que ela havia tido no orfanato onde havia passado a sua infância estava toda estropeada, mal vestida e com partes faltando, pode entender. Ao ser comparada com uma boneca, a sua referência a levava para um mundo do qual ela queria se afastar. Portanto, mesmo um elogio, preferencialmente deve estar centrado nas ações, no esforço e na dedicação de alguém e não nas suas características inatas. A inteligência é boa, mas ela pode ser usada para o bem ou para o mal. A beleza vista por um não é a mesma vista por outro. Entretanto, aquilo que você faz com a sua inteligência e com a sua aparência vai determinar quem você é. O que você faz na sua empresa? Qual é a sua conduta na sua função? Como você se comporta nas suas relações?

Você merece um elogio? A resposta é sua.

Moacir Rauber

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¡Equilibrio y rutina para complementar el Alma!

“La vida pasa rápido” es un dicho que empieza a tener sentido a medida que nos acercamos a su último periodo. En la infancia todo tarda en pasar. En la juventud la percepción del paso del tiempo cambia un poco y a partir de entonces el ritmo sigue aumentando hasta el final de nuestro viaje. Aun así, siempre hay tiempo para amar. En la infancia tenemos nuestros amores, casi siempre platónicos. En la adolescencia y la juventud, la fuerza de la vida se manifiesta con el poder de las pasiones, sean correspondidas o no. La vida adulta debería traernos la fuerza de un amor sobrio y duradero. “Debería”, pero nada es tan lineal. Mi vida adulta casi ha terminado, porque estoy más cerca de la vejez que de su comienzo. Ya encontrado el equilibrio profesional, pero no contaba con el privilegio de la fuerza de un amor sobrio y duradero. ¿Qué había pasado?

No sé exactamente qué pasó, pero sé que “la vida pasa rápido”. Hoy veo que hay personas que encuentran el equilibrio en diferentes áreas de la vida en distintos momentos. Asimismo, observo que muchos encuentran la fuerza del amor sobrio y duradero al final de la juventud y al comienzo de la edad adulta, representado en matrimonios equilibrados que duran toda la vida. ¡Un sueño! A otros les toma un tiempo más y otros simplemente no tienen el privilegio de encontrar la fuerza del amor equilibrado en toda la vida. Y este equilibrio se basa en la rutina de amar con actitudes, gestos y acciones. ¿Como así? Particularmente, creo que el equilibrio presente en las rutinas establecidas nos garantiza longevidad, más allá de la vida, en el amor y en otros ámbitos. Por ejemplo, la rutina de los estudios nos lleva a obtener conocimientos y su aplicación nos aporta equilibrio profesional, económico y financiero. La rutina de actividades físicas con una alimentación saludable nos proporciona bienestar y salud a través del equilibrio. Y así, podemos seguir enumerando los beneficios del equilibrio que nos aporta la rutina de las prácticas diarias, como el desayuno, el almuerzo y la cena en horarios establecidos; los beneficios del cuidado rutinario de las plantas del jardín con equilibrio; los beneficios del equilibrio y la rutina en las amistades establecidas; los beneficios del equilibrio y la presencia rutinaria en la vida de los niños hasta que se vuelvan independientes; el beneficio del equilibrio y la rutina en actitudes, gestos y acciones hacia las personas que uno ama. Eso era lo que me faltaba. Siempre he tenido una rutina de estudio que me mantuvo activo, así como una rutina de actividad física que me mantuvo con buena salud. De igual manera, la rutina de levantarme temprano, comer en horarios preestablecidos y no dormir tarde contribuyó para mantener la calidad de vida. Sin embargo, “la vida pasa rápido” y ya tenía más de cincuenta años sin el equilibrio y la fuerza de un amor sobrio y duradero. Miraba a parejas que habían encontrado este equilibrio hace diez, veinte, treinta o más años y las admiraba. Nunca fue envidia, siempre fue admiración por la capacidad de mantener una relación en el tiempo, cuando la realidad lleva a tantos a descartar a las personas ante la primera dificultad. Después de todo, vivimos en tiempos de Amor Líquido (Bauman). A Dios agradecía el hecho de haber aprendido a vivir bien conmigo mismo al redescubrir mi espiritualidad a través del equilibrio y la rutina de las oraciones. Sin embargo, le pedía a Él la Gracia de encontrar a alguien con quien pudiera compartir el amor a través de actitudes, palabras y acciones amorosas hasta el final de mis días. Y así encontré a la persona con la que convivo desde hace cinco años, un amor equilibrado que se establece sobre las rutinas de nuestra convivencia.

Así, “prometo hoy, ante Dios, familiares, amigos y testigos, que eres mi único amor con toda la fuerza del equilibrio de la rutina”. ¡La promesa es desde el fondo de mi alma que tu presencia complementa!

Moacir Rauber

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Para: Rita Romina Perluzky Rauber

O QUE ESPERAR DE UM PAÍS ASSIM?

Fonte: IA BING

O que esperar de um país assim?

Fomos ao supermercado como sempre fazemos. Começamos por um lado e terminamos no espaço dos frios, das verduras e das frutas. Minha esposa e eu olhávamos as uvas que estavam expostas buscando localizar o preço. Afastamo-nos um pouco para ver melhor. Nesse momento, passa em nossa frente uma mulher com seus trinta e poucos anos acompanhada de um menino de mais ou menos sete, provavelmente seu filho. Ele derruba uma caixinha de meio quilo que se abre. Pensamos que a mãe ajudaria o filho a recolocar o produto no seu devido lugar, porém o diálogo nos mostrou uma atitude diferente. Ela disse:

– Come uma uva, fecha a caixinha e depois coloca no lugar. Ninguém vai notar…

E seguiu abrindo outras caixinhas e mostrando ao filho como fazer para comer uvas sem levar e nem pagar pelo produto. Por isso a pergunta: o que esperar de um país assim, em que pais ensinam aos filhos a arte da esperteza? Não se pode esperar nada. Muito se fala dos políticos corruptos que estão no congresso nacional, assim como dos deputados estaduais e vereadores. Igualmente se comenta sobre a falta de honestidade de muitos dos ocupantes do executivo nacional, estadual e municipal. Outros tantos comentários são dirigidos aos empresários e potenciais corruptores dos políticos. Nesse caminho de condenar a corrupção, sequer escapam os magistrados componentes da suprema corte brasileira. Parece que assim seguimos nos afundando num caminho de corrupção que se constata no dia a dia das mais altas esferas do poder político, judiciário e empresarial. Entretanto, há que se lembrar que o presidente, os deputados, os senadores, os vereadores, os prefeitos, os governadores e os magistrados, antes de mais nada, são gente como a gente. Eles têm origem numa família e numa comunidade. E isso se aplica aos empresários, aos trabalhadores da iniciativa privada ou aos funcionários públicos, sejam eles ricos ou pobres. Por isso, ao ver uma mulher mostrar a uma criança de sete ou oito anos como roubar uvas num supermercado percebi que não se pode esperar nada de um país assim. Há que se fazer algo. Alguém poderia dizer, Ahh, mas foi somente uma uvinha!!! Não se trata do tamanho do furto ou do roubo, o ponto é a corrupção endêmica que surge de comportamentos assim. A mulher que vi furtando uvas poderá ser a próxima vereadora da minha ou da sua cidade. O menino em sua vida adulta poderá ser um prefeito, governador, presidente do país ou simplesmente um funcionário corrupto. Por isso me pergunto: o que poderíamos esperar de pessoas com essa postura frente a vida compartilhada com outras pessoas? Não podemos esperar nada, precisamos fazer algo.

Portanto, ao ver a situação do furto das uvas em andamento a minha obrigação como cidadão e como cliente é fazer algo, porque senão alguém levará uma caixinha de uvas com menos quantidade para casa. Enfim, não podemos esperar nada de um país como o nosso, porém temos a responsabilidade de fazer a nossa parte. Entendo que não é o Brasil que não é honesto, íntegro, eficiente, produtivo, pontual, empreendedor ou outra qualidade qualquer. Somos nós como pessoas e indivíduos que ao adotar comportamentos íntegros podemos criar um entorno que se refletirá em famílias, escolas, bairros, cidades, estados e num país honesto. Só assim para reverter a preocupação de Martin Luther King que disse: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons.”

Não esperemos nada de um país assim. Cumpramos com os acordos feitos na família; desempenhemos o papel para o qual fomos contratados nas empresas; participemos ativamente das associações de bairro, cuidemos dos espaços públicos e fiscalizemos o trabalho de funcionários públicos e dos representantes populares.

Não esperemos, façamos a nossa parte honesta e integramente que teremos um país melhor!

Moacir Rauber

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