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Por que tantas pessoas ensinam a felicidade?

Acredito que nunca na história da humanidade tínhamos tamanha profusão de pessoas com a pretensão de ensinar os segredos de uma vida feliz. Basta ter um e-mail ou uma conta numa rede social para você se dar conta disso. Não passará um dia sequer sem que você receba uma, duas ou mais mensagens oferecendo o milagre das facilidades de uma vida feliz, completa e realizada que pode acontecer num piscar de olhos. Basta você querer. “Exercite a gratidão!”, “Seja autêntico”, “Eleve a sua autoestima e seja feliz!”, “Você é quem cria o seu mundo”, “A empatia é o segredo”, “Pratique a meditação e encontre o seu foco” e por aí seguem os bordões que buscam tocar a nossa alma infeliz. Nas entrelinhas fica a mensagem de que somente somos infelizes porque escolhemos ser infelizes. Sinceramente, boa parte daquilo que está expresso nas chamadas propostas tende a ser verdade. Porém, a minha indagação se propõe a questionar aqueles que ensinam os segredos da felicidade: seriam tais pessoas felizes caso não fossem pagas para serem felizes?

Ao analisar rapidamente a trajetória humana, pode-se dizer que houve algum momento em que ocorreu uma desconexão entre aquilo que fazemos e o sentido que tem aquilo que fazemos. Houve um tempo em que as pessoas entendiam o ciclo completo daquilo que faziam. Sabiam que o que faziam impactava a própria vida e a vida de outras pessoas. Se não se fizesse o que fazia com o sentido da gratidão e do compromisso para aqueles que se beneficiam daquilo que se faz era melhor não o fazer. Para isso, também era preciso reconhecer-se na humildade, na bondade, na esperança, na confiança, na lealdade e na amabilidade de que o que se fazia cumpriria a missão que se esperava. De repente, particionamos tudo. Cada um fazia apenas uma parte e já não se sabia porque se fazia aquela parte e o que ela significava no todo. Perdeu-se o sentido daquilo que se fazia. Não era preciso mais ser grato. Não tinha mais importância o senso de humildade. Fazia pouca diferença ser bondoso ou não. Esperança? Nada disso. Tudo o que importa é aqui e agora. Confiança? O importante levar vantagem, porque a lealdade é para os fracos.  Amabilidade? Tanto faz quando não se conhece para quem se faz o que se faz. Na verdade, quando não se entende o todo ninguém mais é responsabilizado por nada. E assim se passou a priorizar o sucesso e a não se valorizar ser bem-sucedido. Entendo que se nós nos preocupássemos em formar uma sociedade em que ser bem-sucedido fosse o objetivo principal, talvez não faria sentido ter tantas pessoas ensinando os outros a buscarem o sucesso para serem felizes. Acredito que para ser bem-sucedido é importante estar autenticamente alinhado com os valores professados e nem sempre é importante falar bem, cantar espetacularmente, representar maravilhosamente ou ter muito dinheiro. Isso porque ser bem-sucedido independe de ter habilidades espetaculares ou fortunas imensuráveis. Para ser bem-sucedido basta saber o sentido daquilo que se faz para si e para os outros. Isso porque alguém bem-sucedido sempre é um sucesso e nem sempre quem tem sucesso é bem-sucedido.

Desse modo, a partir do momento em que voltássemos a viver do modo que se quer ensinar a viver, é bem provável que o trabalho da legião de magos da felicidade alheia seria dispensável. Penso que ensinar não é uma opção, porque sempre se ensina com aquilo que se faz ou se deixa de fazer. Aprender é a opção. Portanto, se cada um de nós, em nossos diferentes papéis sociais, ao invés de falar de gratidão agisse com gratidão; ao invés de falar de humildade vivesse humildemente; ao invés de falar de bondade fosse bondoso; ao invés de falar de esperança exibisse a esperança; ao invés de falar de amabilidade praticasse a amabilidade; ao invés de falar de confiança fosse de confiança; ao invés de falar de lealdade se comportasse lealmente; ao invés de falar de empatia exercitasse a empatia; e ao invés de buscar o sucesso se satisfizesse em ser bem-sucedido, talvez um maior nível de felicidade seria uma consequência do aprendizado natural daquilo que se vive.

Por fim pergunto: qual seria a função daqueles que hoje são pagos para ensinar a felicidade? Seriam essas pessoas felizes caso não fossem pagas para serem felizes? Talvez seja um passo necessário para um reencontro com a nossa unidade…

Créditos: Rastro Selvagem

Não gosto do período de Festas de Final de Ano. E você?

A conversa girava em torno de como o ano havia passado rápido. Num piscar de olhos o mês de janeiro tinha se ido. Os meses de fevereiro e de março não se teve tempo nem de ver, porque o foi neles que o ano começou realmente. Quando se olhou para o calendário os meses de abril, maio e junho tinham passado e com eles a metade do ano. Em julho, agosto e setembro as atividades fizeram com que o tempo voasse. Nos meses de outubro e novembro já se começou com a sensação de que o ano estava por acabar. E agora, a metade de dezembro já foi ultrapassada e a certeza de que mais um ano vai acabar é real. Em meio a essa conversa, um dos amigos se despede e deseja Feliz Natal, Boas Festas e um excelente Ano Novo para todos. Logo em seguida, um dos ranzinzas da turma fala:

– Não gosto desse período. Todo ano é a mesma coisa. Ficam sempre com essa lenga lenga e daí todo mundo quer ser bonzinho. A gente deveria ser bom o ano inteiro… concluiu.

E eu tive que concordar com o meu amigo ranzinza que todo o ano é sempre a mesma coisa. Quase todos começam a desejar e a fazer coisas boas para os outros e as pessoas deveriam ser assim o ano inteiro. Muitas vezes, observo o comportamento dos outros, e o meu também, e é realmente incrível como as falas e as expressões se repetem. É um ritual. Porém, acredito que nessa época em que as pessoas se dão conta de que o ano está acabando é que elas ficam mais sensíveis, mais amigas, menos resistentes, menos implicantes, mais amorosas e mais humanas. Entendo que, ainda que inconscientemente, as pessoas fazem a associação de que assim como um dia, uma semana, um mês e um ano acaba, também esta vida um dia acabará. Por isso, no final de ano quase todos estão mais abertos para dedicar um tempo para uma atividade e para um gesto de bondade. É um presente que se dá para conhecidos e desconhecidos. É um conflito que se evita com parentes, amigos e estranhos. É o desejo de que também o outro tenha uma vida boa. É por isso que eu não gosto do período de festas de final de ano. Na verdade, eu adoro essa época do ano.

Voltando à observação do meu amigo de que deveríamos ser assim o ano inteiro, com a qual concordo, acredito que no fundo nós somos o que somos o ano inteiro. A tradição natalina, associada ao final de ano, apenas é um momento mais apropriado para expressar aquilo que realmente somos. É um momento especial em que a nossa humanidade fica mais latente por meio de palavras, de gestos e de atitudes de amor para consigo mesmo e para com os outros. É um período em que cada ser humano está um pouco mais humano que é o que nos aproxima do Divino representado pela figura e pela mensagem do nascimento de Jesus Cristo. É o nascimento Dele, assim como é o nosso pela tomada de consciência de nossa finitude humana. É um período para deixar nascer e florescer a nossa Divina Humanidade. É uma época em que se torna mais fácil reconhecer que a eternidade que temos está no presente, agora e sempre.

Por isso, eu também não gosto do período festas de final, assim como o meu amigo ranzinza. Porém, diferentemente dele eu simplesmente adoro essa época para poder desfrutar de um abraço forte, autêntico e verdadeiro que reforça a humanidade das pessoas na capacidade de amar o outro e a si mesmo, despertando a divindade de cada um. E você? Gosta ou não gosta do período natalino e das festas de final de ano?

 

Seja Feliz!

Em 2018:

Desejo que você abrace porque você quer abraçar. O abraço é uma demonstração de carinho para quem tem carinho para dar.

Desejo que você beije porque você quer beijar. O beijo é um ato de afeto para quem tem afeto para dar.

Desejo que você sorria porque quer sorrir. O sorriso é uma expressão de amabilidade para quem tem amabilidade para dar.

Desejo que você ame porque quer amar. O amor é um sentimento construído dia a dia como resultado do carinho, do afeto e da amabilidade existente nas escolhas individuais. E o amor traz Felicidade!

Assim, desejo que você possa ser autenticamente Feliz no Natal e em todo o Ano Novo!