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Que Brasil você quer para o futuro 2?

Em qualquer organização privada, microempresas, grandes corporações ou nas relações de trabalho doméstico, quando uma pessoa é flagrada desviando recursos, roubando, desperdiçando tempo ou não exibindo as competências para a qual foi contratada, ela é demitida por justa causa. Além disso, as portas da organização de onde ela foi desligada estarão, quase sempre, para sempre fechadas. Por outro lado, o que me causa espanto no Brasil do setor público é que aqueles que são flagrados desviando recursos, roubando, desperdiçando tempo e não fazendo aquilo para o qual foram contratados, muitas vezes, são premiados. Incrível! Sim, podem ser políticos ou servidores públicos do executivo, legislativo ou judiciário municipal, estadual ou federal, dificilmente eles são desligados ou terão as portas do setor público fechadas para eles. Que Brasil que eu quero para o futuro? Um Brasil em que cada um seja responsabilizado pelos seus atos, independentemente de pertencer ao setor público ou privado.

No Brasil, ser aprovado num concurso público é a garantia de uma aposentadoria integral e rápida. Há alguns anos assisti a uma palestra do Fernando Dolabela, autoridade em empreendedorismo. Ele comentou que um país em que o sonho de boa parte dos estudantes é concluir uma graduação, fazer um concurso público para se aposentar aos 22 anos, tem problemas sérios. O comentário mordaz de Dolabela se refere a intenção das pessoas, porque muitas delas não fazem o concurso público para contribuir efetivamente para melhorar a sociedade, mas para garantir a aposentadoria. E essa garantia vem da quase impossibilidade de que alguém seja demitido do serviço público depois de ter sido efetivado. Se for incompetente? Realoca-se para não atrapalhar. Se for flagrado em atos ilícitos? Leva uma reprimenda e a vida segue. E o prejuízo causado? Fica por conta dos contribuintes. Lá no final, a incompetência e o desvio de caráter são premiados com a aposentadoria. E essa prática permeia todas as esferas do serviço público. Logicamente que a grande maioria dos funcionários públicos são pessoas honestas e vestem a camisa do órgão ao qual pertencem, entretanto, eu quero um Brasil no futuro em que todas as pessoas sejam responsabilizadas pelos seus atos.

Ser político no Brasil é um convite para a premiação por serviços não prestados. Os salários de um político são um escracho diante de média salarial brasileira. Os benefícios agregados, como auxílio moradia, verba de gabinete, carro, combustível, telefone, planos de saúde vitalícios, entre outros, beiram o insulto à inteligência da maioria. Somente beiram o insulto, porque nós continuamos pagando por algo que eles, os políticos, não devolvem para a sociedade. Além disso, sempre que algum político é flagrado em casos claros e evidentes de corrupção e mau uso dos recursos públicos, ele ganha mais espaço na imprensa e, quase sempre, é premiado com a reeleição. Aqui, particularmente, entendo que existam alguns poucos políticos que tenham boas intenções, ainda que nem sempre acompanhadas das ações.

Enfim, que Brasil que eu quero para o futuro? Um Brasil em que os servidores públicos o sejam por vocação e dedicação à população, lembrando-se sempre de quem é que os financia. Além disso, que todos sejam responsabilizados pelas condutas inapropriadas e premiados tão somente pela boa conduta. Que Brasil que eu quero para o futuro? Um Brasil em que os políticos que tenham condenação na justiça por corrupção, desvio de recursos ou outro motivo relacionado a má conduta, devolvam ao erário público o prejuízo que causaram e que não sejam premiados com uma nova eleição. Por isso, quero um Brasil em que aqueles que tiveram a oportunidade de servir à população e se desviaram da conduta que deles se esperava sejam banidos de qualquer atividade que envolva o setor público. Prêmios? Sim, prêmios para cada servidor público que o fizer por merecer!

Moacir Rauber

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