A mãe estava maravilhada com o processo de aprendizagem da sua filhinha. Curiosidade, espontaneidade e criatividade com a alegria das surpresas proporcionada pelo prazer de aprender algo novo todos os dias. E as mudanças? Proporcionavam mais curiosidade. Entretanto, a mãe não entendia por que a sua filha se fechava em seu quarto tantas vezes e parecia se isolar em seu mundo. A filha, na verdade, estava diante de um processo novo. Ela estava fascinada com algumas descobertas que lhe pareciam incríveis. A menininha começava a juntar as letras e as sílabas que formavam palavras e que numa frase tinham sentido. Para a menininha isso era impressionante. O sentido das palavras numa frase após a outra continham uma história que estava dentro do seu livro. Aquele dia ela finalmente conseguira ler o seu livro inteiro. Depois leu mais uma vez, outra e ainda outra vez. Era impressionante para aquela menina que o seu livro tinha aquela linda história. O fascínio e o entusiasmo tomavam conta da alma dela. Depois de vários dias lendo o mesmo livro, com a alegria natural de uma criança que entende que está aprendendo e que aprender é um processo de crescimento contínuo que pode lhe ampliar as possibilidades, ela foi contar a novidade para a sua mãe:
– Mãe, eu sei ler. Você quer escutar eu ler o meu livro?
Qual é a mãe ou pai que não quer? Logo, a menina começou a ler as palavras, uma a uma com os sons entrecortados que demonstravam a insegurança de quem ainda não está completamente familiarizado com a nova competência. Porém, ela continuava com a empolgação de quem não tem medo do novo e nem de se expor diante dele. Ela sabia que era ela quem se beneficiava da aprendizagem de uma nova habilidade. Ela captava, intuitivamente, que o seu mundo se ampliava e jamais seria o mesmo. A mãe, pacientemente, a escutava. Na verdade, não se pode dizer que ela precisava de paciência para acompanhar o processo de aprendizagem da filha. Era deleite puro. A mãe estava extasiada. Poderia continuar por horas, dias e por toda a vida a escutar as palavras lidas pela sua filha, admirando o esforço e o prazer dela ao desenvolver essa nova habilidade. Porém, o livro, com suas cinco ou seis páginas e aquelas poucas palavras que formavam uma pequena história infantil, logo acabou. A mãe parabenizou a filha pelo esforço num elogio autêntico, deu-lhe um abraço e disse:
– Que lindo, filha. Agora você vai poder ler outros livros, as placas na rua. Você vai poder ler tudo o que quiser!
A filha arregalou os olhos com um misto de surpresa e felicidade indescritíveis. Em seguida indagou:
– Não aprendi a ler só o meu livro? Vou poder ler todos os livros? Sério, mãe?
A menina vibrava com a possibilidade de que poderia ler e aprender tudo o que quisesse. Era o maior prazer para aquela menininha, porque o seu mundo poderia ir muito além do seu livro. As possibilidades de aprendizagem eram infinitas. A mentalidade de crescimento predominava na alma da menina.
Sim, este é o maior desafio do Ser Humano dos dias de hoje: reencontrar o prazer, a alegria e a felicidade no ato de aprender mantendo a mentalidade de crescimento como algo natural. Aprender é a competência que vai transformar o mundo das mudanças rápidas num campo infinito de oportunidades. Por isso, a pergunta que muitos pais fazem para as crianças quando elas voltam da escola é importante ser feita por cada um para si mesmo: o que eu aprendi hoje? Quem não aprende nada dia após dia vai continuar a ler o mesmo livro todos os dias.
E você? Continua a ler um só livro? Até onde vai o limite do seu mundo? Como anda a sua curiosidade? A aprendizagem é um fardo?
A aprendizagem ao longo da vida é o caminho!
Moacir Rauber
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