Recentemente, numa conversa com um amigo fui confrontado com o fato de ter mudado de opinião sobre uma visão de mundo. Uma pessoa que não encontrava há anos lembrou-me que na última vez em que havíamos conversado eu havia exibido uma opinião diferente sobre o mesmo tema. Ela me disse:
– Isso me parece incoerente com aquilo que você disse da última vez que nós conversamos.
– Olha, apenas é diferente. Minha visão sobre isso mudou. Não vejo incoerência em mudar…
Continuamos nossa conversa que me permitiu pensar e repensar sobre o tema em questão para sair dali, mais uma vez, um pouco diferente. E esse é o ponto. Não vejo incoerência em mudar de opinião ou mesmo de posição sobre um determinado tema. A questão é: como não mudar num mundo que muda o tempo todo? A mudança é a regra e não a estabilidade. Basta observar a evolução da história da humanidade em que os sistemas políticos foram substituídos, os costumes se modificaram e a cultura está em constante evolução. A metamorfose é uma norma e não a conservação. Para isso, basta observar o ciclo de uma borboleta que de ovo vira larva; que de larva vira pupa; que de pupa vira casulo; que de casulo, enfim, vira borboleta. A modificação é uma constante e não a permanência. Para tanto, basta observar as águas de um rio que são outras o tempo todo; ninguém nunca entra nas mesmas águas de um rio porque elas nunca são as mesmas. A variação é permanente e não a constância. Para tal, basta observar as fases de uma planta que de semente vira árvore que produz frutos que produz sementes para começar um novo ciclo. Por isso, a mudança é uma constante e não a permanência. Da mesma forma, acredito que cada ser humano é diferente o tempo todo. Basta olhar as próprias fotografias ao longo do seu ciclo de vida para observar as mudanças. Se elas acontecem no nosso corpo, por que elas não aconteceriam na nossa mente? Como querer permanecer sempre o mesmo com o acúmulo das experiências que a vida nos proporciona? Desse modo, particularmente entendo que a busca pela não mudança é uma incoerência e não o contrário. Isso não quer dizer que se devam mudar os valores e os princípios, porque, assim como nos demais elementos da natureza, estes não mudam.
Enfim, depois daquela conversa com o meu amigo, mais uma vez, saí diferente. Cheguei com uma ideia na cabeça. Saí com mais do que uma, inclusive para escrever sobre a obrigatoriedade de mudar. Não se trata de uma escolha, porque a mudança vai acontecer. Nós mudamos o tempo todo. A escolha que nós podemos fazer é a direção da mudança. Assim, são os seus valores e os seus princípios que vão orientar a sua mudança. A honestidade é um valor para você? O respeito é importante na sua vida? A aprendizagem é uma escolha que você põe em prática? Excelente. São esses valores e princípios que permitirão escolher uma direção coerente para as suas mudanças.
Qual é a direção da sua mudança?
Moacir Rauber
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