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“BOM DIA POR QUÊ?”

Bom dia por quê?

O pai saía do prédio para levar o filho à escola. Encontra um vizinho e outro. Bom dia para um e para outro, afinal viviam no mesmo condomínio. Conhecia alguns, outros não, mas os cumprimentava da mesma forma. Havia um morador que ele saudava sempre, porém não recebia resposta. Mais uma vez e disse:

– Bom dia!

O vizinho não respondeu, sequer o olhou. O filho, intrigado, indagou porque o pai sempre o cumprimentava sabendo que ele não responderia. Que o vizinho passaria por ele com a cara fechada. Que não havia retorno para o “bom dia” que o pai lhe desejava. O pai olhou para o filho e respondeu:

– Isso é problema dele!

Um diálogo simples que fala das relações humanas. A tendência a que ajamos com o outro como ele age conosco segue a lógica da reação, momento em que abro mão da minha escolha de ação. É a hora em que desalinho as minhas intenções e as minhas ações. No nosso círculo de familiar, de trabalho e de convívio vamos encontrar pessoas generosas, distantes e mesquinhas. Provavelmente, para algumas pessoas nós seremos generosos, distantes e mesquinhos. Dessa forma, não cabe a mim julgar o outro. A minha escolha está no alinhamento das minhas ações e intenções, uma vez que a natureza humana é AMAR. Se a minha natureza é amar, as minhas ações são de amor? Desse modo, é não natural não amar e “o único pecado é a ausência de amor nas ações” (Adroaldo). Para exemplificar, há uma analogia de Francisco de Sales que compara o ímã e o amor. A natureza do ímã é atrair o ferro, assim como a natureza da pessoa é amar. Caso o ímã não atraia o ferro há algumas razões, entre elas a interposição de algo entre eles, o excesso de peso ou a distância. Caso haja um diamante entre o ímã e o ferro não haverá atração. O diamante pode estar representado pela busca desenfreada para atender os próprios desejos. Foco no dinheiro, mais do que no bem estar. Foco na vaidade, mais do que no cuidado. Foco no orgulho, mais do que na humildade. O diamante, além de interpor-se entre o ímã e o ferro, ou entre o amor e as pessoas, anula o poder de atração entre um e outro, levando a sobrevalorização de si mesmo. A pessoa se torna excessivamente pesada de si mesma e não haverá ímã ou amor capaz de resgatá-la. Portanto, o diamante pode ser representado pelo egocentrismo em que a sobrevalorização de si mesmo impede que o ímã atraia o ferro. Amar-se demasiadamente impede que se ame ao próximo. Enfim, para amar e para atrair é preciso não ser avarento nem esbanjador, generosidade é a escolha. Para amar e atrair é essencial não ser excessivamente vaidoso nem desleixado, o cuidado é a opção. Para atrair e amar a proximidade é essencial, seja ela física ou virtual, para poder abraçar e expressar o amor alinhando intenções e ações.

“Bom dia por quê?” mostra a sabedoria do pai ao ativar a sua inteligência positiva, comunicando-se de forma não-violenta. Ele dizia “Bom dia” é o (1) fato que demonstrava que ele não se responsabilizava pelo (2) sentimento do outro e atendia a sua (3) necessidade de respeito e de amor. Resultado? (4) Comunicação não-violenta num movimento de inteligência positiva, diminuindo o papel dos sabotadores ao não deixar que o outro determinasse a sua ação. O sábio se sobressai quando se valoriza a beleza que cada um carrega dentro de si. O Pai fez isso!  No dia seguinte o filho também disse “bom dia”, ele estava apto para amar. Ele estava alimentando o seu sábio interior. O menino, assim como o pai, queria afetar o mundo com afeto. Algum tempo depois o vizinho respondeu “bom dia” pela primeira vez. Alguns meses depois, a amizade entre os vizinhos nasceu pela força da natureza de amar.

“Bom dia por quê?” Bom dia para amar.

Feliz dia dos pais!

Moacir Rauber

Blog: www.facetas.com.br

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Quem você admira? Cidadãos comuns, muitos deles são pais…

Quem você admira? Eu admiro Cidadãos Comuns, muitos deles são pais…

 

E o palestrante começou a sua exposição num ritmo frenético, a mil por hora. Motivação não lhe faltava. A movimentação no palco, a forma de falar e a energia que emanava da sua presença física eram impressionantes. Ele disse:

– Hoje eu vou lhes entregar tudo, todos os segredos para que vocês tenham uma vida plena e feliz…

E assim o discurso continuou por mais de uma hora. Ao final do evento eu saí completamente energizado e com a firme convicção de que eu poderia mudar o mundo. Passaram-se os primeiros dias e eu continuava com a energia necessária para fazer as mudanças rumo a um mundo melhor. Passou a primeira semana e a energia diminuiu um pouco. Depois da segunda semana eu já havia retornado para a minha velha e antiga rotina. Não havia conseguido mudar o mundo e passei a me sentir um idiota, porque, pelas palavras do palestrante, ele havia me entregado tudo para ser pleno e feliz. O que aconteceu que nada aconteceu?

Passei a pensar que todos nós queremos ter uma vida plena e feliz num mundo melhor. Logo, comecei a prestar atenção nas pessoas que pregam e dizem que tem a solução para que isso aconteça. Olhei a minha volta e vi tantas mensagens motivacionais, encontrei um sem fim de vídeos sobre atividades físicas e muitas práticas de meditação que me levariam a encontrar a vida plena e feliz. Todos eles enviados e exibidos de uma forma que se você seguir os passos dados a vida se transformaria num mar de rosas. Ao final sempre é oferecido um livro, um manual, um curso ou as instruções que o ensinam a viver com qualidade de vida. Só que ao observar essa realidade também me ocorreu algo.

O que faria aquele palestrante motivacional se ele não fosse pago para ser motivado?

Qual seria o comportamento do atleta profissional se as suas atividades físicas não fossem pagas?

O praticante profissional de meditação continuaria a sua prática se esse não fosse o seu modo de vida, inclusive financeira?

Para tantas perguntas comecei a procurar por respostas que são minhas, claro.

Particularmente, entendo que é difícil que alguém possa ensinar o outro a viver, porque a verdadeira alternativa está na disposição em aprender. Assim como acredito ser muito difícil mudar o mundo para melhor sem mudar a si mesmo. É uma crença clichê, mas é real. Tão real que eu continuo na luta diária e constante para mudar algumas velhas rotinas que me levam para lugares que não quero ir.

São hábitos de pensamento, de atividades e de comportamento tão fortemente entranhados que é um desafio desaprendê-los para aprender novos hábitos que possam me levar para onde eu quero ir.

Com isso em mente, passei a observar os cidadãos comuns.

Eu admiro jardineiros que fazem atividade física, além do seu trabalho. Eu admiro atendentes de supermercado que fazem meditação e yoga, além de cuidar dos filhos e do trabalho. Eu admiro professores que são extremamente motivados, ainda que tenham um trabalho desgastante. Eu admiro Secretárias Executivas que cuidam dos seus afazeres depois de cuidar da agenda dos seus chefes.

E são estas as pessoas que eu passei a admirar, porque a qualidade de vida que elas alcançaram é resultado das escolhas que fazem no dia a dia e não porque são remuneradas por isso.

Continuo a frequentar cursos, palestras e eventos organizados e realizados por pessoas que são remuneradas para serem motivadas, que são atletas profissionais ou que praticam meditação como uma forma de vida. Têm algumas que admiro. Porém, destaco que a verdadeira admiração vai para aquelas pessoas que fazem o que fazem porque escolheram fazê-lo por elas e pelos que estão próximos e não porque alguém vai pagá-las para isso. Muitas dessas pessoas são cidadãos comuns, pais de família.

Você faria o que faz se não fosse pago para isso?

FELIZ DIA DOS PAIS!!!

Moacir Rauber

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Como amarrar os cadarços?

O curso começou com uma simples pergunta:

Expliquem-me, como vocês dão o nó nos cadarços dos sapatos?

O facilitador pediu para que nós lembrássemos, entendêssemos e imaginássemos a explicação da operação sendo dada sobre como fazemos os nós dos cadarços dos sapatos para alguém que não sabe fazê-lo. Realmente é interessante. É a síndrome da centopeia aplicada ao ser humano. Pensando sobre como daria uma explicação, senti-me como deveria ter se sentido a centopeia no dia em que ela foi confrontada com a pergunta: como você faz para caminhar e não se atrapalhar com tantas pernas? Assim que ela tentou imaginar como fazia o que fazia ela se enrolou nas próprias pernas e não conseguiu caminhar. Sentia-me enrolado na tentativa de explicar, porém eu sabia como dar os nós nos cadarços. Na vida nós temos muitos tipos de conhecimentos. Existe aquilo que simplesmente sabemos, como amarrar os cadarços ou dirigir um carro. Existe aquilo que sabemos que sabemos, como as atividades de nossa profissão. Existe aquilo que não sabemos que sabemos, como boa parte de nossas reações instintivas e que são base de muitas de nossas intuições. Existe aquilo que sabemos que não sabemos, como por exemplo o ofício de uma profissão diferente. E por fim, existe aquilo que sequer sabemos que não sabemos que, provavelmente seja o maior grupo. Porém, domingo é o dia dos pais e por isso vou falar sobre como se amarram os sapatos.

Acredito que boa parte daquilo que simplesmente sabemos vem da relação com os nossos pais. Foi na infância que aprendi que estudar era um dos caminhos para a realização. Fazia-se necessário ler, escrever, calcular e se dedicar para que se pudesse aprender. Foi assim que estudar se tornou um prazer e entendi que aquele que estuda é o primeiro beneficiário daquilo que aprende. Foi na adolescência que aprendi que o trabalho era outro caminho para a realização. Era importante assumir compromissos consigo mesmo, com os outros, sendo desde muito jovem autossuficiente e um contribuidor da sociedade. Entendi que trabalhar como ofício deveria ser prazeroso e que ao entregar o melhor de mim na minha profissão eu recebo o melhor dos outros. Demorei para distinguir essa verdade. Foi somente na idade adulta que pude reconhecer tudo isso no meu pai e que para isso o respeito era fundamental. Reconhecer no outro um verdadeiro outro faz com que o respeitemos como ele deve de ser respeitado, para que eu também possa ser respeitado como mereço ser. Dessa forma, o comportamento ético pautado em bons valores como a honestidade, a lealdade, a integridade, a amorosidade e o respeito são valores que aqueles que os detêm os aprenderam dentro de casa pelo exemplo recebido. E o exemplo continua sendo a melhor maneira de se ensinar algo para alguém que não sabe. Quem hoje é pai deve ter em mente que é o seu exemplo que pode determinar o que os seus filhos vão ser e fazer de suas vidas. Como disse Madre Teresa de Calcutá, A palavra convence, mas o exemplo arrasta. Não se preocupe porque seus filhos não te escutam, mas te observam todo o dia. Isso vem de berço!

O fruto nunca cai longe do pé, entre outros tantos ditados populares, expressa uma verdade incontestável. Por isso, não tem jeito. Carregamos conosco muito daquilo que aprendemos com os exemplos de nossos pais. E eu somente tenho a agradecer àquele que passou por esta terra sendo meu pai: muito obrigado por me ensinar a amarrar os meus cadarços!

Homenagem aos pais que ensinam o filhos

a amarrar os seus cadarços!

 

http://juizgabriel.blogspot.com.br/2011/10/estorinha-de-crianca-2.html