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VOCÊ SE PREOCUPA OU SE OCUPA?

Fonte: IA BING

Você se preocupa ou se ocupa?

O pai passa pelo quarto do filho de 25 anos e fala:

– Levanta, você tem médico daqui a pouco…

Parece caricato, mas reflete a realidade de muitos pais com seus filhos em idade adulta que não trabalham, não estudam e não estão ocupados. Apenas preocupados consigo mesmo.

Entende-se que saímos de um modelo em que tínhamos uma hierarquia definida na família, que apontava o caminho e a pessoa seguia os passos; na sociedade, na qual o indivíduo participava; e na orientação espiritual, que servia de norte ético e moral. Hoje, para muitos, está nas próprias mãos escolher se trabalha, empreende ou não faz nada; decidir se casa, tem filhos, pets ou nenhuma das alternativas; enfim, se simplesmente define passar pela vida sem estudar, aprender ou trabalhar. Parece simples, fácil e um caminho para a felicidade. Entretanto, os números indicam um aumento de pessoas deprimidas e infelizes porque não entendem o sentido da vida. O que fazer? Reconectar-se com o sentido da vida. Como?

Atualmente, pesquisas a partir de testes no âmbito neuronal descobrem segredos para aprender mais rápido. A neurocientista Lila Landowski revela que precisamos de: (1) atenção; (2) estado de alerta; (3) sono; (4) repetição; (5) pausa; e (6) aceitar os erros para aprender. Segundo a neurocientista, que se aprofunda em detalhes, com esse passo a passo seremos mais eficazes no processo, porque “ao entender o cérebro você tem as chaves para desbloquear o seu potencial”. Concordo, entretanto, faço duas perguntas:  aprender para quê? Onde está a descoberta?

“Aprender para quê?” se refere a falta de sentido da vida para muitos, principalmente os jovens. Acredito que eles estão desconectados do sentido da vida pela falta de espiritualidade, um caminho trilhado por milhares de anos por toda a humanidade e que nos trouxe até aqui. Eram as tribos aborígenes da Austrália, os índios da América, assim como no Oriente e no Ocidente que traziam dentro de si a busca por algo maior. Não bastava ser bom para si mesmo, tinha que ser bom para a família, para os outros e para Deus. Hoje, em função de tantos estímulos tecnológicos e a abundância de recursos materiais, muitos se voltaram para a autossatisfação. Assim, não conseguem ver o sentido de aprender ou de se desenvolver como pessoa. Por isso, não estudam e não trabalham, terminando deprimidos porque estão apenas preocupados consigo sem se ocupar de nada. Nada tem sentido.

A segunda pergunta indaga sobre qual a descoberta da neurociência ao apontar caminhos para aprendizagem. Fotografar um neurônio não muda o fenômeno, apenas o registra. Vejo que as dicas das neurociências, podem ser encontradas na literatura de diferentes épocas. Resgatando os registros de Hildegarda de Bingen (1098 – 1179), ela descreveu seis Regras de ouro da Escola da Vida: (1) alimentar-se de maneira que a tua comida seja o teu remédio; (2) usar os recursos que a natureza oferece; (3) procurar a alternância natural entre sono e exercício; (4) encontrar o equilíbrio entre trabalho, leitura e oração; (5) purificar o corpo e a mente de toxinas alimentares e ambientais; (6) limpar a alma e o corpo fazendo jejum de emoções e sentimentos negativos. Como se vê, as dicas atuais, com respaldo das neurociências, apenas replicam conteúdos encontrados ao longo da história da humanidade.

Por fim, creio ser importante resgatar o sentido da vida como estímulo para a ocupação com a própria vida e da dos demais. Um homem de vinte e cindo anos deveria ser acordado pelo pai para ir ao médico? Como regra não. Acredito que ele deveria se ocupar da própria vida, assim como ser responsável por uma nova vida e, quem sabe, cuidar dos pais. Portanto, a busca pelo sentido da vida encontrado na espiritualidade pode ajudar a validar as dicas das neurociências, assim como deu respaldo às regras de ouro da escola da vida há quase mil anos.

Daí, quem sabe, o filho se ocupe com a vida e passe pela casa do pai para cuidá-lo ou simplesmente acompanhá-lo numa caminhada.

FELIZ DIA DOS PAIS!!!

Moacir Rauber

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As dicas da Vida Plena na Páscoa

As dicas da Vida Plena na Páscoa

Escutava as dicas para se ter uma vida saudável a partir das pesquisas das neurociências que mostravam a importância de alguns hábitos, entre eles: (1) agradecer e celebrar as conquistas; (2) praticar mindfulness; (3) encarar os desafios com alegria; (4) adotar o lifelong learning; (5) preparar-se para o trabalho. Em tempos de pós-pandemia o tema era importante, assim, inseriram (6) manter os cuidados com o corpo. As pesquisas feitas com metodologia científica, revelavam a atual preocupação com a saúde do corpo e da mente. Saí do seminário empolgado com as descobertas e comprometido em adotar as dicas. Cheguei em casa e minha esposa queria ler um texto judaico que explorava conselhos para uma vida plena. Fiquei perplexo com os conselhos dados, entre eles, (1) agradecer e ser caridoso; (2) orar e meditar diariamente; (3) fazer as coisas com alegria; (4) estudar rotineiramente; (5) vestir-se antes de sair do quarto; e, sempre, (6) lavar as mãos. Aos conselhos se seguiam as razões para praticá-los. Qual é a diferença entre as dicas das neurociências e os conselhos do judaísmo? Há uma diferença de 4000 anos.

Qual é a questão que se propõe aqui? A humildade para reconhecer que se nós chegamos até aqui é porque determinadas práticas nos trouxeram até aqui. Com menos tecnologia e menos recursos foram os hábitos e os costumes que preservaram a espécie. Por isso, não precisamos jogar o bebê com a água fora, porém é essencial lavar o bebê para que ele cresça saudável. Com isso, se cumpre a sexta dica de neurocientistas e judeus que se fundamenta nas rotinas que nos preservam a vida. Atividades físicas, alimentos e rotinas saudáveis são os cuidados com o corpo que está representado em lavar as mãos. Os judeus têm como hábito de lavar as mãos ao levantar, antes das refeições e das orações, depois das refeiçõess, depois do uso dos banheiros, após tocar qualquer região privada do corpo ou de partes expostas como os pés. Onde está a novidade nas orientações da pandemia para lavar as mãos? O item cinco do grupo das neurociências fala da preparação para o trabalho por meio da mudança de ambiente ou de roupas para que o cérebro saia da letargia de quem descansa para o foco de quem produz. Os judeus ensinavam que não se podia sair do quarto de pijama, indicação mais do que apropriada em tempos de home office. O item quatro para os judeus é um mantra que os transformou no povo dos livros. Eles praticavam o lifelong learning antes de ele ser identificado como necessidade pelas mudanças tecnológicas. No tópico três, tanto as neurociências como o judaísmo, se incentiva a busca pelo sentido daquilo que se faz, transformando a escolha em alegria. O item dois destaca a necessidade de se alinhar as intenções com as ações por meio de práticas meditativas e de orações que contribuam para que se mantenha o foco naquilo que é importante. Por fim, a primeira dica ressalta a importância de agradecer e de celebrar as conquistas para as neurociências, enquanto no judaísmo se agradece e se é caridoso. É importante o que nos traz a neurociência? É, justamente porque foi isso que nos trouxe até aqui antes da existência da neurociência.

Por fim, vivemos a Páscoa que para judeus e cristãos tem o sentido de passagem. Para os judeus a passagem fala da libertação da escravidão terrena, enquanto para os cristãos representa a transcendência das amarras corpo. Todos precisamos dos cuidados indicados pelas neurociências para manter o corpo e a mente saudáveis, historicamente praticados pelos judeus. Entretanto, o cuidado com a dimensão espiritual nos dá o verdadeiro sentido de (1) agradecer e ser caridoso; (2) orar e meditar; (3) fazer com alegria; (4) estudar; (5) preparar-se para a vida; e (6) lavar as mãos para também limpar o espírito. A humildade faz a diferença, por isso, valorize a sua tradição familiar, religiosa e espiritual. Com esses cuidados, nunca morreremos.

Feliz Páscoa!

Moacir Rauber

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