Dois cadeirantes num carro só é algo meio fora da caixa, porém as situações inusitadas são cada vez mais comuns. Por isso as organizações e os empreendedores devem estar preparados para elas.
Outro dia um amigo meu, igualmente cadeirante, e eu saímos no mesmo carro. É uma manobra e tanto para entrar e sair. Ele entrou primeiro e eu carreguei a cadeira dele no porta-malas. Depois eu entrei, porque naquele dia eu era o motorista. Quando eu fui carregar a minha cadeira, o meu amigo, que estava no banco do caroneiro, teve que se colocar todo para frente para que eu tivesse espaço para colocá-la no banco de trás. Em seguida fomos visitar uma praia, que tem acesso para veículos. Andamos de carro na areia dura e apreciamos lindas paisagens. Chegada a hora do almoço fomos procurar um restaurante. Manobrei para estacionar o carro bem próximo ao meio-fio para facilitar a saída do meu amigo para a cadeira de rodas. Em seguida, comecei a montar a minha cadeira. Neste momento alguns curiosos já se aproximaram para ver o que estava acontecendo. Mentalmente, devem ter criticado o meu amigo por ele não descer do carro para me ajudar. Depois, fui até a traseira do carro e retirei dali a cadeira do meu amigo. Era visível a cara de espanto dos curiosos. Podia-se ouvir a voz surda dos comentários murmurados entre os espectadores. Enquanto nos deslocávamos até o restaurante, conversa e muita curiosidade. Um deles se acercou e fez a pergunta que qualquer cadeirante já respondeu centenas de vezes: “Foi acidente?”, recebendo do meu amigo a concordância como resposta. Na sequência fez uma dedução “lógica” muito engraçada:
– Vocês se acidentaram juntos? Obtendo mais uma vez a concordância do meu amigo que riu.
Entramos no restaurante, nos servimos e nos dirigimos para uma mesa. A garçonete se aproximou, perguntando se queríamos beber algo. Dissemos que sim. Eu pedi um suco e o meu amigo queria uma cerveja. Pediu uma garrafa. Depois da escolha ficamos esperando. Percebemos que a garçonete se movimentava de um lado ao outro atrás do balcão. Saiu, passou por nós com uma garrafa de cerveja na mão. Foi até o gerente. Retornou com a garrafa ainda na mão e uma expressão de angústia no rosto. Ouvimos o barulho de gavetas e de talheres. Passaram-se mais alguns minutos até que a garçonete se aproximou da mesa dizendo:
– Desculpe-me, eu não encontro o abridor de garrafas. Não consigo abrir a cerveja…
Nós nos entreolhamos espantados. O meu amigo disse:
– Então traga-me um refrigerante. Em lata, por favor!
E a sua empresa mantém o abridor de garrafas sempre à mão? É uma ferramenta óbvia para a atividade a que um restaurante se propõe. A situação é emblemática porque não são poucas as organizações que não estão aptas a satisfazer os seus clientes na atividade central de seu negócio. As razões são as mais diversas, desde a falta de treinamento dos colaboradores até a falta de entendimento do propósito do negócio. Muitas delas, simplesmente, não conseguem resolver o problema dos clientes.
Pergunto: a sua empresa e a sua equipe estão aptas a atender as necessidades óbvias dos clientes? E quando o que os clientes querem não é tão óbvio assim? Você está preparado? É parte do trabalho de um bom gestor e de um empreendedor manter o Abridor Sempre à Mão!
Moacir Rauber
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