Por muito que tente, nunca se conseguirá perder muito peso num único dia; precisa do efeito colectivo de muitos dias, semanas, meses até.
Nassim Nicholas Taleb
O Cisne Negro
Qual é o seu jogo?
Inspirar pessoas para serem competitivas sem que entrem em competição.
A primeira vez que estive em Florianópolis vivi uma situação hilária e marcante. Era na segunda-feira de carnaval. Meus amigos e eu fomos visitar a famosa Praça XV no centro da cidade, mas não sabíamos os costumes do carnaval local. Eu percorria a praça empurrando a minha cadeira de rodas, observando um pouco embasbacado que o ambiente parecia estranho. De repente, alguém surge do nada e se joga nos meus braços para logo dizer com aquele típico sotaque dos manezinhos da ilha:
– Quiridu, já falasse pra eles que já jogasse frexxxcobol pelado comigo na praia?
Era um travesti que havia se jogado no meu colo. Foi um susto enorme. Em Florianópolis é tradição os homens se vestirem de mulher na noite de segunda-feira para brincar o carnaval. Estava explicado porque estava tudo tão estranho. Rimos muito da nossa inocência. Contei muitas vezes a história, mas nunca havia pensado sobre o Frescobol como um esporte até há poucos dias. Também fiquei sabendo que que Rubem Alves escreveu sobre o tema, porém ouvi da boca de um amigo que me explicou porque ele havia se separado.
Ele disse:
– O meu casamento acabou porque parecia que nós estávamos jogando tênis um com o outro. Ela me sacaneava. Eu sacaneava ela. Deveríamos ter jogado Frescobol para sempre ajudar a manter a bolinha no ar para nos mantermos no jogo e não tênis para sempre querer tirar o outro do jogo.
Uma reflexão simplesmente fantástica. A importância da cooperação e da colaboração para continuar o jogo é um ponto a ser levado também para o ambiente organizacional. É fundamental ser competitivo, mas é essencial não entrar em competição, porque enquanto a competitividade extrai o melhor daqueles que estão no jogo, a competição procura eliminar os outros do jogo. Qual é o sentido de um jogo se não tivermos com quem jogar?
E para aqueles que acham que o Frescobol é um simples passatempo posso dizer que eles estão certos. É um jogo de puro prazer. Entretanto, também destaco que o Frescobol é altamente competitivo, porque não basta se manter no jogo, é preciso demonstrar perícia, habilidade e precisão nos movimentos. Assim, trata-se de um esporte que tem regras, tem uma forma diferenciada de pontuação e tem os juízes para arbitrar o jogo. O jogo pode ser realizado em duplas ou em trincas e pode adotar o estilo livre, veloz, radical e especialista. Para cada estilo tem uma série de movimentos com diferentes graus de dificuldades que confirmam a especialidade de quem os executa. Um ataque é feito quando um dos participantes imprime um golpe mais forte, porém ele deve ser preciso o bastante para que o outro possa defendê-lo. Desenvolvem-se as habilidades de ataque e de defesa que exigem muito mais perícia para se manter no jogo do que quando se quer eliminar o outro. Também pode ser contabilizada a sequência do jogo em que são apontadas a quantidade de trocas realizadas em um minuto por cada equipe. Outro ponto observado pelos juízes é o equilíbrio entre os jogadores, porque cada um deles deve realizar movimentos de ataque e de defesa.
Enfim, o Frescobol representa o ideal de um jogo infinito que deve demonstrar perícia, habilidade, cooperação, colaboração, excelência, alegria e o propósito de estar com o outro. Não se trabalha com a ideia de eliminar o outro, porque as nossas vidas somente têm sentido com o outro. É inspirador! Por isso pergunto: você quer que as relações na sua organização sejam inspiradoras? Jogue Frescobol com a sua equipe de trabalho e mantenha-se no jogo da produtividade. Você quer ter uma empresa alegre e competitiva com um coletivo melhor? Ensine os fundamentos do Frescobol que a sua organização terá êxito no jogo sem se preocupar em eliminar os outros do jogo, mas empenhada em se manter no jogo. Você terá uma organização que vai inspirar pessoas e vai potencializar o coletivo.
Então pergunto:
- Você joga Frescobol?
Acho que seria interessante pelo menos adotar os princípios do esporte, para que você tenha engajamento em tempos de volatilidade. É importante deixar claro que os propósitos são coletivos. Com os fundamentos do Frescobol você terá equilíbrio entre a conectividade e o humanismo na era do pensamento acelerado. É essencial que haja conexão para que o jogo continue. Ao adotar os princípios do Frescobol em sua organização você demonstrará a transliderança e a transformação dos conflitos em complementariedade. Os conflitos sempre visam a manutenção do jogo. Por fim, o jogo do Frescobol nos ensina que as perspectivas futuras de carreira e gestão de pessoas, ainda que em períodos de terceirização e de E-social, depende de ter com quem jogar e não de eliminar os jogadores. Desse modo, os fundamentos do Frescobol fazem com que os outros permaneçam no jogo, inspirando a todos a formar um coletivo melhor.
Moacir Rauber
Blog: www.facetas.com.br
E-mail: mjrauber@gmail.com
Fonte da reflexão: Waldir Campos Filho
http://esarh.com.br/
O momento atual revela a inexistência de escrúpulos de muitas pessoas na busca daquilo que se entende como ser bem sucedido. As pessoas desviam e roubam. É uma realidade que está estampada em nossas caras. Porém, cabe perguntar: afinal, quem é o inescrupuloso ladrão? Creio que cada um deveria responder a essa pergunta para saber qual é o próprio grau de contribuição para a existência de um coletivo que não agrada. No livro Ladrão de Si Mesmo indago: será o ladrão somente aquele que desvia recursos públicos, que rouba da empresa, que afana os pertences do vizinho e que comete toda a sorte de crimes? Com certeza que este é o criminoso clássico. Para evitar que se chegue nesse padrão de comportamento abjeto, acredito sim que se deva repensar a educação e fazer valer os valores nos quais nos pautamos como organizações sociais, familiares e empresariais. Não desempenhar o seu papel com a excelência que a própria capacidade permite é um roubo deliberado com reflexos em si e nos outros. Cabe aos gestores de recursos humanos e a cada um de nós inspirar a que todos entreguem o seu melhor para ser bem sucedido.
Com a consciência de que devemos prender os nossos ladrões internos, acredito que gradativamente podemos nos expressar como uma sociedade de pessoas bem sucedidas.
Primeiro pergunte-se: que mundo você quer respirar? A resposta está com você: depende do mundo que você inspirar! Trata-se de um convite para que cada um olhe para dentro de si mesmo, prenda os seus ladrões para inspirar pessoas e potencializar o coletivo: inspire e inspire-se para respirar e inspirar. Olhe para si mesmo, sinta e entenda o que realmente o inspira para poder inspirar os outros. O que você inspira? Esse é o mundo que você respira!
O ESARH 2018 leva as pessoas a assumirem a sua responsabilidade no mundo coletivo que se respira!
As pessoas “ainda” não são a preocupação principal de muitas organizações, mas serão!
O foco nas pessoas na gestão de qualquer organização está caminhando para o centro do processo. Pode parecer uma visão otimista, mas basta pensar que “não existe nada fora da natureza que não seja feito pelas pessoas e para as pessoas” . Pergunte-se: existem empresas sem pessoas? Você conhece uma família sem pessoas? Como seria a sociedade sem pessoas? Para que criar produtos sem as pessoas? Nada tem sentido sem as pessoas!
Desse modo, sempre me pergunto: por que, afinal, a preocupação com as pessoas ainda não está no centro decisório de cada organização? Alterar o foco para as pessoas na gestão das organizações é o desafio de cada Ser Humano que tenha consciência de que a sua individualidade pode inspirar a coletividade.
Você sabe com quem está falando?
É uma pergunta que nos leva a acreditar que se está diante de uma suposta autoridade querendo sobrevalorizar a sua importância ou frente a alguém que quer desvalorizar a nossa importância por sermos um ser minúsculo num universo infinito. Porém, o que eu gostaria de destacar é que os gestores (e todos nós) deveriam se fazer essa pergunta sempre que estiverem diante de qualquer outro ser humano. E isso acontece todo o dia, não é? Pergunte-se: será que eu sei com quem estou falando? A partir daí se lembre de que você está falando com um ser humano único e singular no universo e que o universo somente é o que é porque este Ser Humano com quem você está falando existe. A posição hierárquica que ele ocupa? A condição financeira que ele desfruta? Isso pouco importa. O que realmente conta é que você está diante de uma pessoa que é o centro do seu universo. Não há nada mais importante para ela do que ela mesma, assim como você o é para você. Entender isso em todos os níveis nos levará a um mundo em que o respeito, a aprendizagem e a evolução humana passarão a trilhar um caminho inspiracional rumo a potencializar uma coletividade equilibrada.
Eu quero ser o melhor do mundo!
Escutava os comentários daquele jovem sobre o seu objetivo quase obsessivo de querer chegar ao topo do mundo na atividade que ele escolhera. Vou ser o melhor do mundo, dizia ele que descrevia os seus planos, a sua estratégia e os passos que daria para que isso fosse possível. Percebia-se que ele queria ser o melhor do mundo em comparação com os outros. Ele demonstrava realmente que era um objetivo que perseguiria a qualquer custo.
Perguntei-lhe:
– E qual a sua relação com os outros nessa trajetória?
– Os outros? Não estou nem aí para os outros. Pouco me importa. Nada nem ninguém vai me atrapalhar no caminho de chegar em primeiro lugar!
Comecei a pensar na diferença entre competição e competitividade mais uma vez. Há uma confusão generalizada pelo fato de vivermos num mundo competitivo imaginar que a vida tenha que ser uma competição. Isso não é verdade! Além de não ser preciso estar em competição essa lógica ainda é falsa. Explico. Entenda-se competição como a disputa entre duas ou mais pessoas, equipes ou organizações em igualdade de competições por um mesmo objetivo. Porém, desafio-os a encontrarem duas ou mais pessoas, equipes ou organizações em igualdade de condições se todos são exemplares únicos e singulares? O princípio da competição é falso a partir de seu conceito. Contudo, nada nos exime de sermos competitivos como pessoas, equipes ou organizações ao extrairmos o melhor que nós pudermos a partir de nós e dos outros. Trata-se de reconhecer a importância de olhar para os lados para aprender com os outros e olhar para dentro para ser o melhor a partir das próprias competências. Nisso eu acredito.
Por isso, acredito também que não há sentido nenhum em ser o melhor do mundo em comparação com os outros. Sou único, então devo ser o melhor do mundo em relação a mim. Desse modo, há que se respeitar os outros para que se tenha o reconhecimento dos outros, porque só com eles é que as nossas conquistas têm sentido. Há que se reconhecer nos outros o melhor que eles podem ser. É assim que eu acredito que se pode melhorar o mundo. Inspirar os outros para que eles sejam melhores. Inspirar-se nos outros para sermos melhores.
Enfim, acredito que cada um deva querer ser o melhor do mundo e que isso seja em relação as próprias potencialidades. Extrair o melhor de si para colocar isso a serviço de si e dos outros é transformar potencial em talento. É isso que nos permite a realização com os outros e também reconhecer a realização dos outros. É no ato de fazer bem a si mesmo porque isso faz bem para os outros. Sem essa relação não há sentido em ser o melhor do mundo. Quer uma prova? Basta imaginar que você é o melhor do mundo em relação aos outros em sua atividade. Pegue essa sua posição e vá sozinho para uma ilha deserta sem conexão com ninguém para ver o quanto lhe vale ser o melhor do mundo em comparação com os outros.