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Mentes abertas e Espíritos Livres: uma chave para a Felicidade!

Mentes abertas e Espíritos Livres: uma chave para a Felicidade!

Na última semana, mais uma vez trabalhei a oficina “Comunicação Afetiva para ser Efetivo”. O tema seria o mesmo, o público diferente. Um grupo formado por 20 pessoas que tinham entre 30 e 80 anos. Sabia que todos eles tinham boa formação com pelo menos duas faculdades concluídas na área de humanas e um forte trabalho de gestão de pessoas, alguns com décadas de experiência. Essas informações obtidas antecipadamente fizeram com que eu criasse expectativas, as expectativas me deixaram ansioso. A ansiedade proporcionou o cenário para não dormir bem na noite anterior ao evento. Foi o que aconteceu. O tempo, porém, é implacável e a hora da oficina chegou. Olhava para todos que exibiam seus sorrisos, entre divertidos e marotos. Comecei com a pergunta:

– Qual é a sua expectativa com relação a oficina?

Os sorrisos desapareceram e o silêncio apareceu. Era sinal de que haviam escutado a pergunta. Um instante depois algumas respostas, como “sair da toca” no sentido de ser participativo e “desarmar-me” revelando a busca pela conexão com os outros. Surgiram palavras como “participativo”, “aprender”, “empatia”, “saber escutar”, “perseverança”, entre outras. Cada um foi respondendo e o ambiente foi se descontraindo, inclusive eu. Em seguida disse:

– Qual é o seu compromisso com a sua expectativa?

Agora o silêncio fez escutar a reflexão profunda que, em seguida, se tornaram constatações compartilhadas no grupo. O ambiente estava propício e pronto para começar a oficina. Havia curiosidade para aprender; havia coragem para perguntar; e havia confiança para se abrir. A partir daquele momento pude dominar os meus inimigos internos que me haviam deixado ansioso para cumprir com a minha incumbência de estar presente. No público, sentia a abertura plena para a participação, que mostrava um desprendimento do ego na busca pelo conhecimento aplicado. Estavam todos imersos nos temas com perguntas que revelavam curiosidade genuína sem o pesar de se sentir menor por não saber. Era visível no grupo a mentalidade aberta de quem acredita que tem espaço para crescer e aprender com a coragem de superar a inibição. Parecia que se podia ver na minha frente os conceitos de Carol Dweck sobre mentalidade de crescimento estampados nos rostos curiosos de cada um. Igualmente, transparecia as múltiplas inteligências de Gardner manifestando-se com a complementaridade das perspectivas sobre um determinado exemplo. Estava explícito o alto grau de Inteligência Emocional com a constatação da autoconsciência e da capacidade de autorregulação individual. Era flagrante a automotivação pessoal, o exercício da empatia entre os participantes e os exemplos da prática no dia a dia. E, por fim, expressavam-se as habilidades sociais como resultado das competências anteriores. No ambiente, era fácil observar a positividade de quem faz um trabalho constante e permanente de prender seus sabotadores, conforme a Inteligência Positiva, e a prática da comunicação afetiva de quem tem a consciência da importância de afetar com afeto (Comunicação Não-Violenta). Para mim, a Psicologia Positiva estava na essência de cada um daqueles participantes tão diversos e tão comuns, porque as virtudes e as forças de caráter se alinhavam diretamente com as suas crenças. Quem era esse grupo tão especial? Eram todos participantes da profissão mais feliz do mundo!

Ao finalizar a oficina fui para casa com a sensação do dever cumprido, porque havia entregado integralmente a única realidade que se tem: a presença. Abri meu computador e chequei os e-mails. Entre eles um apontava as oito profissões mais felizes do mundo, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Chicago. Para minha surpresa, a posição número um era ocupada pela profissão do grupo de pessoas com o qual havia compartilhado a manhã: o Clero. Passei a entender o que havia presenciado, porque os participantes eram todos religiosos. Eles têm alta qualificação profissional pela formação, mas são seres humanos que se identificam com aquilo que fazem vocacionalmente. São mentes abertas com espíritos autônomos e são assombrosamente livres na escolha que fizeram.

Eis aí uma chave para a felicidade!

Moacir Rauber

Instagram: @mjrauber

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E-mail: mjrauber@gmail.com

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ECOS DA PALAVRA – A BUSCA DA FELICIDADE

ECOS DA PALAVRA – A BUSCA DA FELICIDADE

Pe. Bertrand

O Evangelho de hoje, que nos apresenta as bem-aventuranças, convida para uma reflexão sobre algo que pertence à essência de todo ser humano: a busca da felicidade. Toda pessoa deseja ser feliz, não apenas estar feliz agora, ou se sentir feliz, mas ser feliz. Todas as ciências humanas têm por objetivo ajudar nessa busca de felicidade como a psicologia, a sociologia, a política, a medicina e a educação. Todas as religiões e filosofias de vida oferecem caminhos ou receitas. Pessoalmente nos esforçamos para deixar os outros felizes: os filhos, os netos, o esposo, a esposa, aquela visita e muitos outros. A tecnologia e a sociedade de consumo que tudo invade, realça a felicidade como a meta imediata de nossas buscas. Será que existe uma receita única para conseguir a felicidade? Aparentemente não. Cada pessoa tem uma perspectiva diferente, aquele indígena da tribo dos Ianomanis, aquela ucraniana fugida da sua terra massacrada, aquele preso aguardando julgamento, aquela namorada, apaixonada pelo amor de sua vida, aquele doente internado num hospital para uma cirurgia, ou aquele vestibulando aprovado para o ingresso na Faculdade. Cada pessoa com o seu sonho específico de felicidade.

O que Jesus hoje nos oferece através do anúncio das bem-aventuranças, não é apenas uma receita para um resultado imediato, mas abre um caminho, até em meio a todas as adversidades e contradições do tempo.  Nas afirmações surpreendentes de Jesus, são chamados de bem-aventurados ou felizes aqueles que vivem em sentido contrário ao que o mundo propõe: pobreza, mansidão, paz, compaixão, sensibilidade solidária. A felicidade evangélica não é como aquela que o mundo vende, ou seja, euforia fácil e prazer imediato. Ela é muito mais um chamado à plenitude e sabe suportar os embates que a vida apresenta. Com frequência, associamos a felicidade à ausência de problemas, ao êxito econômico, à beleza perene ou ao prazer em todas as suas dimensões. No entanto, tudo isso esgota ou é simplesmente insustentável, pois não tem consistência interior. A verdadeira felicidade, que Jesus oferece, coincide com a paz interior; é o prazer de descobrir a cada dia que a vida se inicia novamente a cada amanhecer; é fazer da mesma vida uma grande aventura…

Apresento aqui uma abordagem das bem-aventuranças, a partir de um livro bem interessante da escritora, uma irmã beneditina, Joan Chittister, com o título O Livro da Felicidade. Assim ela as explica na pag. 258 em diante.

Bem-aventurados (felizes) os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. A felicidade, Jesus nos assegura, não está em agarrarmos os bens deste mundo. Nada satisfaz ninguém indefinidamente, por conseguinte, colocar a nossa felicidade na acumulação de bens, serve apenas para acionar a esteira hedônica e lá vamos nós, correndo de uma coisa para outra e nos condenando à desilusão perpétua.

Bem-aventurados (felizes) os mansos, porque herdarão a terra. Cada tentativa de dobrar o mundo ao nosso próprio gosto e desígnios só pode acabar em frustração e resistência. Para viver bem precisamos viver em harmonia com tudo o que existe.

Bem-aventurados (felizes) os que choram, porque serão consolados. Os que se importam com o sofrimento do mundo, os que tomam para si a dor dos destituídos, são aqueles cujo sentido da vida se encontra fora de si mesmos, são aqueles que sabem do que se trata a verdadeira felicidade.

Bem-aventurados (felizes) os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Os que buscam a justiça para os outros e se empenham em construir um mundo justo, vem uma vida plena de significado e propósito, que é a culminância da verdadeira felicidade.

Bem-aventurados (felizes) os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Aqueles que compreendem o que é ser humano, que valorizam o desenvolvimento humano mais do que imposição de leis sobre os que não tem condições de cumpri-las, não sofrerão a dor do perfeccionismo.

Bem-aventurados (felizes) os puros de coração, porque verão a Deus. Os que não fomentam nenhuma desonestidade, que procuram não prejudicar ninguém, que vivem sem alimentar o mal em seu coração, tornam todo o mundo seguro e impelem todas as pessoas se sentirem bem-vindas na comunidade humana.

Bem-aventurados (felizes) os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. São aqueles que se negam a incitar o ódio entre as pessoas – o que não operam através de quaisquer outras forças que não seja o amor – os que trazem o espírito do amor de Deus para o mundo.

Bem-aventurados (felizes) os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. A felicidade transcende os sentimentos. Se vivemos como devemos e fazemos o que devemos para transformar o mundo num lugar acolhedor para todos, a espeito de qualquer sofrimento, preço ou custo social de agir assim, nossa alma estará em paz.

Bem-aventurados (felizes) quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, falarem todo mal contra vós por causa de mim. As coisas que fazem o sofrimento valer a pena e tornam a dor suportável são aquelas que nos levam a viver como Jesus viveu, mesmo em meio à rejeição.

Alegrem-se e regozijem-se, porque grande será a vossa recompensa nos céus.  Esta é a fórmula simples para a felicidade. São preceitos que demandam de nós viver com as mãos abertas para o restante do mundo. Que exigem de nós não oprimir ninguém; não ferir ninguém. Que nos pedem para cuidar daqueles que sofrem; socorrer os necessitados; ser gentil com todos; promover a paz; defender a justiça e o que é certo e suportar a perseguição dos que repelem tudo isto em nós sem que nos transformemos, nós mesmos, naquilo que condenamos.

Pe. Bertrand

Paróquia Igreja Nossa Senhora Do Sagrado Coração – Campeche

Florianópolis-SC