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Toda a situação é um presente!

Toda a situação é um presente!

Será?

Morar perto da praia tem todos os benefícios do mundo, entre eles, conectar-nos com a nossa essência e os nossos sentidos: pode-se ouvir o som do mar, sentir o cheiro da maresia, sentir a água e a areia na pele e ver o vaivém das ondas arrebentado na praia. É lindo! Essa beleza faz com que um se perceba como um verdadeiro milagre da natureza em que o privilégio da vida é valorizado. Porém, muitas vezes, entra-se no modo automático de viver a vida e passa-se a não perceber toda essa beleza. Por outro lado, a proximidade do mar aumenta o vaivém de pessoas que passam a fazer visitas mais frequentes. E essa é a melhor parte. As conexões se estreitam, as amizades se fortalecem e a família se une. Porém, uma visita inesperada pode coincidir com outras demandas pessoais, profissionais ou familiares. Às vezes é preciso dizer “não”. Faz alguns anos, tinha programado passar um domingo com a família. Na quinta-feira anterior, final de tarde, um amigo de infância me liga e avisa que domingo estaria na minha cidade e que me convidava para acompanhá-lo nas visitas pelas diferentes praias. Tinha toda a liberdade para dizer que “não”, mas disse “sim”. Logo depois me senti pesado, culpado e frustrado, porque havia cancelado uma programação prévia. Como conviver com isso?

Dizer “sim” para o meu amigo representava dizer “não” para as alternativas, entre elas a de passar o domingo com a família. Essa constatação gerou sentimentos de frustração e de culpa. Perguntei-me: por que disse “sim”? Coincidência ou não, na mesma noite tivemos uma prática de Comunicação Não-Violenta em que fizemos uma atividade na qual cada um repensava uma situação e como poderia mudá-la ou aceitá-la de modo a estar bem com ela. Qual era a situação? Aceitei fazer algo que não queria. Qual era o pensamento principal que o levou a aceitar? Pensei ser importante aceitar, porque ele é meu amigo. Você está seguro de que é verdade? Sim, ele é meu amigo. A outra pessoa está de acordo contigo em relação a esse pensamento? Sim, por isso ela me convidou para acompanhá-la. Quais eram as minhas necessidades por detrás do pensamento principal? Tinha as necessidades de conexão e de amizade. Nesse momento, algo mudou em mim. Pensar, reconhecer e sentir que a visita do meu amigo revelava e atenderia as minhas necessidades de conexão e de amizade, fez com que visse a situação de outra perspectiva. Na atividade voltamos para a pergunta inicial: você pode me acompanhar no domingo para visitar as praias da região? Como você se sente agora? Ao repensar a situação a partir dos fatos, ao registrar os sentimentos iniciais e, principalmente, ao identificar as minhas necessidades passei a me sentir alegre e feliz. Pude entender que ao dizer “sim” para o meu amigo disse “sim” para as minhas necessidades. Mais. Hoje, sob a perspectiva da Inteligência Positiva, a culpa e a frustração nada mais eram do que a manifestação dos sabotadores internos que encobriam a perspectiva do sábio em que a visita do meu amigo era um verdadeiro presente.

No domingo, visitei diferentes praias com o meu amigo em que pude aproveitar a beleza das paisagens explorando os sons, os cheiros e as sensações prazerosas frente aos infindáveis segredos do mar. Pude reconectar-me comigo ao pensar nos insondáveis mistérios da vida e da alma. Pude transformar uma situação frustrante num presente divino, porque depois do exercício, passei a ter a plena consciência de que estava fazendo o que havia escolhido fazer. Isso foi possível ao olhar para dentro de mim com cuidado, identificar as minhas necessidades, minimizar a influência dos sabotadores e potencializar os poderes do sábio. Ao mudar a perspectiva pude aceitar a escolha que havia feito. Redescobri as belezas que já não via e reforcei a amizade que sentia. Amigos, vocês são um presente. Sejam sempre bem-vindos!

No final do domingo, ao chegar à casa, ainda tive tempo de jantar e jogar cartas em família.

Moacir Rauber

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GATILHOS MENTAIS PARA PRENDER OS PRÓPRIOS LADRÕES

Cada um se dá o presente que quiser. Escolhi o meu. Ao completar 49 anos me dei 49km de remada de presente. Porém, ao analisar o que acontece na mente de quem se desafia se percebe muita coisa…

Para alguns, loucura. Para mim, um desafio. O que ganho com o presente? O presente pode me dar alguns dias a mais no futuro, embora não haja nenhuma garantia nisso. Tenho por hábito fazer aproximadamente 6km diários de remoergômetro, um aparelho simulador de remo. É um exercício completo que exige disciplina, porque ele é repetitivo e cansativo. No dia que completei mais um ano de vida resolvi dar-me de presente o exercício diário multiplicado por quatro. Por que quatro? Nenhuma razão em especial, mas resumi em quatro minutos o exercício de mais de quatro horas. Presente estranho? Sei lá. Tem gente que se dá um relógio, mas não sabe gerir o tempo. Tem gente que se dá férias, mas não desliga. Tem gente que se dá um carro, mas não tem necessidade. Também pode parecer estranho, não pode? Cada louco com as suas manias…

Cada um com os seus GATILHOS MENTAIS para prender os seus LADRÕES. Em qualquer projeto você vai passar por diferentes momentos, por isso é importante estabelecer alguns gatilhos que o mantenham na sua busca.

O jogo interior que acontece na mente de qualquer pessoa durante a execução de um projeto:

  • Empolgação inicial pode nos dar a impressão de que será mais fácil do que imaginado. GATILHO MENTAL: “Estou aqui só para isso” – faça o que tiver que ser feito.
  • Constatação de que a realidade é diferente do planejado. GATILHO MENTAL: “Um não é uma benção” – trata-se de avaliar quem está a minha volta para saber quem vai permanecer.
  • A percepção de que é necessário adaptar-se sem perder o foco. GATILHO MENTAL: “Hoje eu fui um exemplo?” – trabalhe mais e com a mente aberta.
  • Os conflitos sobre o que se está fazendo: o que eu estou fazendo aqui? GATILHO MENTAL: “Aqui é o meu limite” – seja autenticamente respeitoso nas colaborações que não derem certo.
  • A necessidade de reforçar-se mentalmente. GATILHO MENTAL: “Qual é o meu foco?” – muitas oportunidades vão aparecer para quem está na estrada.
  • O objetivo está visível: não perecer pela arrogância. GATILHO MENTAL: Eu sou humano” – fazer o que precisa ser feito sem querer ser herói.
  • A conclusão de uma meta deve ser comemorada. GATILHO MENTAL: “Nós merecemos!” – comemorar os sucessos de uma etapa.
  • O planejamento e execução da próxima etapa devem prosseguir. GATILHO MENTAL: “Não consegui, ainda” – o fracasso faz parte do aprendizado ou “Qual será o próximo desafio?”.

A VIDA SEGUE!

O DESAFIO É OLHAR PARA SI MESMO PARA IDENTIFICAR E PRENDER OS LADRÕES INTERIORES!

Será preciso reeducar as pessoas para que se sintam bem sucedidas sem passar os outros para trás?

ESARH 2018:

Inspirar pessoas para potencializar o coletivo!

O momento atual revela a inexistência de escrúpulos de muitas pessoas na busca daquilo que se entende como ser bem sucedido. As pessoas desviam e roubam. É uma realidade que está estampada em nossas caras. Porém, cabe perguntar: afinal, quem é o inescrupuloso ladrão? Creio que cada um deveria responder a essa pergunta para saber qual é o próprio grau de contribuição para a existência de um coletivo que não agrada.  No livro Ladrão de Si Mesmo indago: será o ladrão somente aquele que desvia recursos públicos, que rouba da empresa, que afana os pertences do vizinho e que comete toda a sorte de crimes? Com certeza que este é o criminoso clássico. Para evitar que se chegue nesse padrão de comportamento abjeto, acredito sim que se deva repensar a educação e fazer valer os valores nos quais nos pautamos como organizações sociais, familiares e empresariais. Não desempenhar o seu papel com a excelência que a própria capacidade permite é um roubo deliberado com reflexos em si e nos outros. Cabe aos gestores de recursos humanos e a cada um de nós inspirar a que todos entreguem o seu melhor para ser bem sucedido.

Com a consciência de que devemos prender os nossos ladrões internos, acredito que gradativamente podemos nos expressar como uma sociedade de pessoas bem sucedidas.

ESARH 2018:

Inspirar pessoas para potencializar o coletivo!

O que fazer com aquilo que fazem de nós?

Escutava o avô comentando sobre o seu, até então, querido neto:

– Nunca esperava isso dele. Foi uma agressão! Estou com o meu olho machucado…

E continuou a contar a história do momento em que foi agredido fisicamente pelo seu neto de quatorze anos. As palavras mostravam a sua mágoa e o seu profundo sentimento de tristeza para com a atitude do neto que tanto o orgulhara até agora. Qualquer tipo de agressão física é injustificável, ainda mais se considerarmos um menino agredir um senhor acima de setenta anos. Não há o que justifique essa atitude, porém pode ser simplesmente o resultado daquilo que fizeram com ele, o neto.

Conheço a família desde que o neto em questão nasceu e sempre ouvi as histórias que os adultos contavam sobre ele na presença dele. Eram histórias sobre como o neto era casca grossa desde muito pequeno. Ele não leva desaforo pra casa de jeito nenhum! era uma entre tantas outras expressões usadas para caracterizar o gênio forte do menino. Em seguida vinham as histórias sobre como ele enfrentou uma professora no Jardim de Infância quando então tinha em torno de quatro aninhos; ou daquele dia em que ele partiu pra cima do instrutor na escolinha de futebol; ou ainda as inúmeras brigas e confusões com os coleguinhas. Com ele ninguém se mete. Já sabem que vão levar… falava todo orgulhoso o avô na presença do menino, que ouvia as suas histórias serem contadas e recontadas como uma travessura que o engrandecia. Era visível o prazer que gerava no menino ser objeto da conversa da roda dos adultos, pois muitas vezes postava-se ao lado para ouvir as próprias histórias. Os fatos em si, provavelmente, teriam ficado esquecidos num canto da memória profunda que guarda as experiências da infância e não teriam maior significado para aquele menininho. Porém, ao serem contadas pelos adultos com contornos de atos fora de série, passou a ser relevante para ele. As brigas e as malcriações foram premiadas com a popularidade. Para os adultos que recontavam a história, provavelmente, era apenas um motivo para poder falar da pessoa que eles tanto amavam; para a criança, entretanto, que ouvia a sua história era a formação da sua identidade. Estavam a atribuir-lhe um papel que ele passou a representar em suas demais ações e atitudes. Terminou agredindo o avô.

É assim que nós adultos moldamos as crianças e os outros. Pegamos um fato, por vezes isolado, o ampliamos e o repetimos tantas vezes que no final nós também acreditamos que o outro é daquele jeito. Aquilo que na infância era uma travessura, na adolescência passou a ser rebeldia e na idade adulta pode produzir resultados ainda mais ampliados. Com certeza quase cada um de nós traz algumas lembranças de rótulos que nos eram postos quando crianças. As palavras têm poder. Essa cena se repete e continua tendo poder também na idade adulta. É comum ouvirmos um chefe dizer, Com Fulano posso contar sempre, mas Cicrano sempre chega atrasado…, ainda que o atraso tenha sido baseado em uma única vez. E, de repente, aquilo que era um fato isolado termina por se confirmar. As pessoas acabam por desempenhar, ainda que inconscientemente, o papel social que lhes foi atribuído. Vestem a carapuça.

Quer dizer que estamos presos àquilo que os outros querem que nós sejamos? Não, não é isso. No meu ponto de vista, a tomada de consciência permite que escolhamos ser aquilo que queremos ser. O que é que nós estamos fazendo com aquilo que fizeram conosco? O que é que nós estamos fazendo com os outros?

Baseado no livro Ladrão de Si Mesmo!

Onde estão os ladrões?

Uma das grandes chatices do supermercado é enfrentar a fila ao final das compras, embora não seja assim para todo o mundo. Alguns brasileiros levam vantagem e não estou falando das pessoas com deficiência e dos idosos que têm atendimento prioritário. Estou falando dos espertos.

Naquele dia que antecedia o feriado o movimento estava acima da média e as filas nos caixas eram enormes. O meu amigo encostou o seu carrinho cheio de compras numa das filas. À sua frente viu um garoto que tinha lá seus dez anos. No seu carrinho tinha somente alguns produtos. Pareceu-lhe estranho, mas um pouco depois ele entendeu. De repente apareceu um homem com outro carrinho e descarregou todos os seus produtos dentro do carrinho do menino.

O mesmo homem ainda disse:

– Filho, fica aí mais um pouco. Vou pegar a carne e já volto. Acho que dá tempo.

O filho sorriu feliz porque estava ajudando o seu pai, que, provavelmente, naquela idade ainda era o seu herói.

O meu amigo ao contar a história mostrava a sua indignação, que logo contou com a minha. Ele ficou revoltado com a situação, entretanto se omitiu de conversar com o sujeito a sua frente. Falávamos justamente sobre a corrupção endêmica em nosso país e como era possível que tudo fosse feito de maneira escancarada sem que tivéssemos uma perspectiva de mudança no curto, médio ou longo prazo. Uma parte da resposta pode ser representada no comportamento da história acima relatada. Qual o modelo que aquele menino vai replicar? Lembro-me de ter afirmado que sem que haja a consciência de que se comete um roubo não há roubo. Na avaliação daquele pai não há nada de errado em usar o filho para guardar o seu lugar na fila para que eles levem vantagem sobre os outros para poder sair mais rapidamente do mercado. Está tudo certo para o pai e mais certo ainda para o filho que vai replicar esse modelo de comportamento.

Quando nós escolhemos adotar esse tipo de comportamento não há nada a reclamar de gestores que desviam milhões dos cofres públicos. Acredito que também eles usem um mecanismo interno similar para justificar as falcatruas e desvios de recursos públicos. Eles, os gestores, sabem que estão fazendo algo que não é certo ao oferecer e receber propinas, assim como aquele pai também sabe que não está sendo correto ao orientar o seu filho para tomar o lugar de outro na fila. Basta conversar com um gestor público envolvido em qualquer falcatrua sobre as falcatruas cometidas por outros para ver a sua indignação. Bastaria observar a reação daquele pai se alguém fizesse o mesmo que ele fez bem na sua frente. Em ambos os casos tenho a certeza que se veria a indignação, porém falta tomar a consciência que isso é roubo também quando eu o faço. Normalmente somente apontamos o dedo para a falha dos outros, enquanto as nossas falhas nos parecem justificáveis.

Por isso, pergunto: onde estão os ladrões? Eles estão em todos os lugares em que as pessoas não respeitam as regras estabelecidas como sociedade. Podemos mudá-las? Devemos mudar as regras, modificar os comportamentos e evoluir como seres humanos, mas isso deve ser feito em conformidade com o princípio de respeitar ao outro e a si mesmo. Porque o ladrão também estava na fila quando o meu amigo se omitiu de conversar com aquele pai a sua frente. A omissão também é um roubo.

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