
Futebol é um esporte coletivo e inclusivo, porque independentemente de você ter baixa ou alta estatura você pode ser uma estrela em campo. Além disso, o futebol exige diferentes estratégias para se alcançar bons resultados, como observar os adversários, analisar as condições do jogo, saber o que está em jogo e conhecer os objetivos do clube, de sua torcida e da equipe. Igualmente é fundamental respeitar os interesses individuais daqueles diretamente envolvidos: jogadores e comissão técnica. Para tudo isso, precisa-se de um líder, papel quase sempre designado aos técnicos. Assim, tenho observado o comportamento dos técnicos do futebol brasileiro que, em sua maioria, exibem um comportamento nervoso, agitado e ansioso à beira do gramado. Correm para lá e para cá. Saltam. Fazem caras e caretas. Ofendem o juiz. E, muitas vezes, são expulsos. Demonstram a sua insatisfação com o jogo, com os jogadores e com as injustiças cometidas contra a sua equipe pela arbitragem mal-intencionada. Muitas vezes, são feitos paralelos entre o mundo esportivo e a vida organizacional. Seriam os técnicos de futebol um exemplo de liderança na sua atividade ou na vida organizacional?
No livro “O Monge e o Executivo”, o conceito de líder diz que é aquele que apoia, auxilia, ensina, inspira e motiva a sua equipe para que todos possam se desenvolver plenamente, assumindo cada um a sua parcela de responsabilidade. Ao detalhar o conceito, pode-se entender que o papel do técnico como líder seria o de empoderar os seus jogadores para que eles possam tomar a decisão mais adequada em conformidade com aquilo que foram treinados e os objetivos de todos os envolvidos. Da mesma forma, seria papel do técnico inspirar os seus comandados ao expressar confiança, serenidade e comprometimento com aquilo que foi programado. Igualmente, seria papel do técnico mostrar aos jogadores a importância de cada um no processo e na equipe para o enfrentamento do adversário. Por fim, seria papel de um técnico liderar mudanças de estratégia, caso àquela inicialmente acertada não esteja surtindo efeito. Desse modo, é a postura do líder que vai levar os seus comandados ao empoderamento, à inspiração e à mudança. São essas as competências que o técnico deveria exibir. Seria seu papel de líder. Entretanto, muitos técnicos não me parecem verdadeiros na exibição de emoções que extrapolam o bom senso de um líder. Como é que alguém que está no comando de uma equipe pode exibir tantos descontroles emocionais? Qual é a sensação de um jogador que vê o seu técnico acusar o juiz de os estar prejudicando? É tudo isso comprometimento ou apenas fingimento? Se um diretor de uma organização se comportasse de igual maneira, qual seria o resultado? Por isso, muitos técnicos me parecem atores querendo chamar para si um estrelato que deveria ser dirigida ao campo e aos jogadores, que são as verdadeiras estrelas do espetáculo. O técnico é o líder, o organizador ou o diretor, como queiram, não é o astro principal. Futebol sem técnico existe, técnico sem futebol não.
Portanto, ver todo aquele berreiro feito pelos técnicos à beira do gramado não me parece liderança, parece-me destempero de alguém que não está preparado para enfrentar a pressão de um jogo decisivo. Imagine um diretor de uma empresa se comportando diariamente de maneira similar? Da mesma forma, ao acusar um juiz de interferir no jogo o técnico transfere a responsabilidade de seus comandados para um elemento que não está no seu controle, o juiz. O foco de um líder deve ser atuar naquilo que está ao seu alcance. O que se pensaria de um diretor que sempre transferisse para os outros a responsabilidade por maus resultados? Enfim, muitos técnicos me parecem ser pessoas que querem chamar para si os holofotes que não lhes pertencem e se pudessem manteriam as câmeras sobre si mesmos.
Acredito que um técnico líder deve exibir a qualidade de dar créditos a quem merece os créditos, os jogadores.
De igual modo,
…um diretor líder será reconhecido pelos resultados da organização, mas saberá dar os créditos à sua equipe que os construiu.
Os técnicos não precisam da atenção pela sua performance ao lado do campo, mas dos reconhecimento pelos seus resultados como líderes ao conseguirem extrair de cada um dos seus jogadores o melhor que eles podem dar. É isso que também se espera de um diretor organizacional que queira ser reconhecido pela sua capacidade de liderança. O restante não passa do exercício do egocentrismo de pessoas despreparadas para o papel de líderes que deveriam exercer.
E o futebol? É só uma vítima de não líderes que estão no comando.
E nas organizações, quais são os líderes que se destacam?
Moacir Rauber
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