Na última semana me deparei com uma cena, hoje em dia, inusitada. Vi uma mulher com uma enxada na mão tentando arrancar um pé de mandioca. Deu uma enxadada e exclamou:
– Não vou conseguir. Não dá.
Fez um muxoxo e jogou a enxada de lado. Desistiu. Eu estava ao seu lado, mas era apenas um observador. Nisso, nós olhamos por sobre a cerca e vimos outra mulher, bem franzina, arrancando um, dois, três pés de mandioca um após o outro. Ela sequer usava uma enxada. Nós nos entreolhamos. Não precisamos nem falar, mas a pergunta que nos rondava a cabeça era:
– Como ela consegue?
Realmente parecia incrível como ela o fazia fazendo parecer tão fácil. Foi então que pensei que se ela consegue fazer é porque os outros também o podem fazer. E isso se aplica a tudo aquilo que o ser humano faz ou imagina ser possível fazer. Quando olhamos um mecânico desmontar e montar um motor nos parece incrível, mas é oportuno pensar que se é possível para ele também o seria para mim. Quando observamos um médico fazer uma cirurgia difícil também nos indagamos como ele consegue? Porém, deve-se lembrar de que se ele pode fazê-lo também eu o poderia fazer. Quando vemos um professor dando uma aula fantástica ficamos maravilhados. Contudo, mais uma vez é preciso se lembrar de que se ele pode dá-la eu também a poderei ministrar magistralmente. Quando vemos um engenheiro realizando cálculos complicadíssimos ficamos impressionados. Entretanto, é importante saber que se ele pode realizar tais cálculos também eu poderei realizá-los. Basta querer.
E então vem a pergunta: você realmente quer? O quanto você quer? São perguntas simples, mas que as pessoas não respondem. Infelizmente, há hoje uma grande maioria que observa o que os outros fazem e os invejam, mas não fazem nada para mudar a própria realidade. Esses conformados nunca vão arrancar a sua mandioca. Para eles o não fazer já está feito. É mais fácil se admirar das habilidades dos outros e nada fazer para melhorar as próprias. Para esses acomodados o não conseguir já está conseguido. É tão simples ter sempre tudo a mão e desistir frente às primeiras dificuldades. Para esses resignados o não realizar já está realizado. Para que investir o próprio tempo para realizar algo que os outros podem fazer por mim? Verdade. Alguém sempre o fará. Aqueles que não aceitam “não” como resposta o farão. Esteja certo disso. Eles vão pagar o preço.
Ao olhar o mecânico, o médico, o professor e o engenheiro fazendo as coisas incríveis que fazem, é preciso lembrar que teve um dia em que eles também não sabiam fazer o que hoje fazem com maestria. Esse era o dia em que o não fazer estava feito, em que o não conseguir estava conseguido e em que o não realizar estava realizado. Porém, eles não aceitaram “não” como resposta. Todos os profissionais que hoje exibem habilidades acima da média quiseram aprender e aprenderam a querer. Empenharam-se, investiram o seu tempo, aplicaram a sua força e afiaram a sua enxada para arrancar a sua mandioca.
Você sabe arrancar a sua mandioca?