– E se estas fossem as suas últimas palavras, você poderia viver bem com isso?
Não lembro onde a li, por isso não posso citar a fonte. Entretanto, a pergunta ficou em minha mente e, logo, transferi a reflexão para os diferentes ambientes de que cada pessoa faz parte. E se fossem as suas últimas palavras como líder, como profissional, como pai, como filho ou como cônjuge? Imagine a força das ações e das palavras se vivêssemos com esse pensamento em mente? Sei que alguns levariam para o tom da brincadeira dizendo que esculhambariam com tudo, entretanto, entendo que a grande maioria das pessoas tenderia a refletir de uma forma positiva.
Desse modo, pense se as palavras recém ditas e as ordens proferidas fossem a suas últimas como líder da sua organização, você conseguiria viver bem com isso? Ou melhor, você poderia morrer bem com elas? As palavras que foram ditas e as ordens proferidas tinham em mente os objetivos da organização, alinhados com o bem-estar das pessoas envolvidas, como os colaboradores, os acionistas e a comunidade em geral? E se levássemos a mesma indagação para outras situações. Caso você fosse um vendedor, se fosse a sua última venda? O pedido foi tirado respeitando a relação de justiça que deve existir entre as partes, atendendo as expectativas da organização que vende e do consumidor que compra? Avançando para outras áreas de interação humana: se tivesse sido a sua última aula? Ela teria cumprido com as expectativas daquele que a recebeu? E nos aspectos pessoais, imagine se tivesse sido a sua última interação com os seus pais, você poderia partir tranquilo pensando nas palavras ditas e nas ações realizadas? Como pai ou como mãe, se na última vez que você falou com os seus filhos tivessem sido as últimas palavras ditas por você, estaria bem com o conteúdo transmitido e com o legado deixado para eles? E no seu relacionamento íntimo, se as últimas palavras ditas e as últimas ações feitas fossem as últimas que você tivesse tido a chance de dizer e de fazer estaria tudo dito e tudo feito? Mais ainda, se o último abraço dado e o último contato feito fossem os últimos você poderia partir tranquilo?
Pode parecer um pouco piegas, mas a única certeza que temos é que em algum momento serão as últimas palavras e as últimas ações. Por isso, a reflexão pareceu-me forte, sensata, justa e bondosa. Uma reflexão forte porque ela nos lembra da finitude de nossas vidas e dos nossos papéis sociais, por mais importantes que eles possam parecer. A reflexão pareceu-me sensata, porque com a finitude de nossas vidas em mente, as palavras e as ações ditas e feitas tenderiam as ser mais humanas. A reflexão pareceu-me justa porque nos coloca num patamar de igualdade sem par, porque o fim é inevitável para todos. E, por fim, a reflexão pareceu-me bondosa, porque é justa, sensata e forte.
Enfim,
…o mundo pode não ser um local de muitas bondades, mas eu posso ser bondoso. A vida pode não ser justa, mas eu posso ser justo. Nem todos os outros podem ser sensatos, mas eu posso ser sensato.
Dessa forma, viver com a força da reflexão de que as atuais palavras e ações poderiam ser as suas últimas palavras e ações, pode criar organizações mais produtivas, relacionamentos mais sinceros e um mundo mais bondoso. Por isso a pergunta: e se fossem as suas últimas palavras e ações, você poderia morrer bem com elas?
Ahh, o Dia dos Namorados pode servir de inspiração!