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O Oscar para Poder da Inteligência Social vai para: A Hora Mais Negra

A lista “Greater Goodies” elaborada por Greater Good Magazine ressalta filmes do último ano que são exemplos de perdão, resiliência, empatia e outras palavras chave que reforçam comportamentos que produzem o nosso bem estar.

O Oscar para Poder da Inteligência Social vai para: A Hora Mais Negra (The Darkest Hour)

No começo do filme o Primeiro Ministro Winston Churchill não passa de um prepotente arrogante da classe dominante. Ele é desagradável com as pessoas mais humildes, sem capacidade de sentir o sofrimento delas e incapaz de persuadir os outros, porque ele não sabe se colocar no lugar de ninguém. Ele não é empático. Fica evidente no momento em que ele grita com um subordinado: “Você quer parar de me interromper enquanto eu interrompo você?”

De muitas maneiras, o Churchill do filme incorpora o conceito de poder elaborado por Dacher Keller, o Co-fundador do Greater Good Science Center, em seu artigo O Paradoxo do Poder: “As habilidades mais importantes para obter poder e liderar efetivamente são as mesmas habilidades que se perdem uma vez que se tem o poder”. As soluções propostas por Keller são as mesmas que Churchill teve que adotar para salvar as tropas em Dunkerke: ele aprendeu a escutar e a ser empático, ainda que de modo imperfeito.

No enredo do filme, Churchill está cercado por homens parecidos com ele: ricos, nobres, instruídos e poderosos. Esses homens, por sua vez, são muito mais tendenciosos ao fascismo do que o grande público britânico. Por isso, eles pressionam, constantemente, Churchill para fazer as pazes com Hitler e Mussolini.

O filme gira em torno de uma cena (provavelmente apócrifa) em que Churchill se aventura no metrô de Londres para conversar sobre a guerra com as mulheres e os homens comuns. Ele faz uma série de perguntas e descobre que eles estão esperando a oportunidade de se sacrificar para conter o fascismo. Por isso, conhecer o foco do grupo deu forças para Churchill encontrar a solução, mas ele teria que desenvolver habilidades para convencer o rei, o seu gabinete, o parlamento e lutar contra o eixo do poder, ao invés de se subordinar a ele.

Como já sabido, o resto é história.

Churchill não é um bom exemplo para o nosso conceito de poder que deve ser exercido com responsabilidade e empatia. No entanto, não há outro filme feito no ano passado que tenha defendido tão veementemente a importância do exercício do poder com responsabilidade social. Churchill é um ser humano falho, porém o seu heroísmo se dá justamente ao aprender a dominar os seus piores instintos.

A esposa de Churchill lhe diz: “Você é forte porque você é imperfeito. Você é sábio porque você tem dúvidas.”

Texto produzido por Jeremy Adam Smith

Tradução: Moacir Rauber

Winston Churchill (Gary Oldman) fala com a população do metrô de Londres em A Hora Mais Negra.