É preciso pensar em dinheiro…
Os jovens começavam a sua vida de casal. Ele com 25 anos e ela com 20 anos. Tanto um como o outro, até então, haviam vivido na casa dos pais. Cada um sabia que haviam as contas, mas não sentiam o peso de pagar por elas. Agora, começavam a perceber que para ter internet, água, luz e o gás era preciso pagar por eles. Havia também o condomínio e os impostos. Igualmente havia que se pensar na comida que, como mágica, parecia sempre estar disponível na casa dos pais. Além do mais, dava trabalho organizar tudo, porque aquela fartura na geladeira ou na despensa exigia tempo para ir ao mercado, escolher e ordenar os produtos em casa. E mais, agora tudo saía dos seus salários. Para ambos seria a primeira vez que se encarregariam de organizar a própria vida. Algumas semanas antes de se casarem, minha esposa e eu tivemos a oportunidade conversar com o casal e comentamos:
– É importante pensar em dinheiro!
O casal ficou intrigado com a afirmação. Por que é importante se haviam aprendido a não ligar tanto para o dinheiro? O importante era ser feliz! Era a pergunta resposta deles. Foi o momento que minha esposa e eu como casal com mais experiência pudemos comentar sobre as questões de ordem prática no dia a dia. É a força da realidade ordinária que está presente no cotidiano pessoal, organizacional e social. Não há almoço grátis. Ressaltamos que pensar em dinheiro não o transforma em dinheirista, da mesma forma como ser disciplinado não tira a liberdade de ninguém. Muito pelo contrário. Planejar e analisar detalhadamente o quanto você ganha em comparação com as suas necessidades lhe dá a liberdade de gastar com o que você escolheu. Deixa-o seguro e tranquilo, evitando as armadilhas de gastar mais do que dispõe. Esse comportamento pode livrar a pessoa do constrangimento de correr atrás do dinheiro gasto para o qual não tinha fundos. Nesse caso, ao não “ligar” para o dinheiro a pessoa terminará sendo submetido por ele, perdendo a sua liberdade. Por isso, não pensar em dinheiro pode levá-lo a ser escravizado por ele. Comparativamente a disciplina não é inimiga da liberdade. O ato de cumprir com os horários e manter a organização nas suas atividades faz com que se possa gastar o tempo e o dinheiro segundo as próprias escolhas.
Essas conversas sobre “pensar em dinheiro” que nós tivemos com o jovem casal antes de que compartilhassem a mesma casa produziu efeito. Ressaltávamos a importância das escolhas que fazemos e como isso nos permite valorizar o que se tem e não estar infeliz pelo que não se tem. Assim, comentamos que sempre que vão gastar o seu dinheiro com algo façam uma conta mental, “quanto esse gasto representa do meu salário?” Fazer essa conta percentual para em seguida se indagar: “vale a pena?” e “preciso e quero muito gastar nisso?”. Enfim, a ideia não é a de não comprar algo, mas de gastar o dinheiro com o que realmente se quer. Fazer uma escolha consciente, inclusive diferenciando o que é necessário e o que é um desejo. Ao atender as minhas necessidades posso satisfazer muitos dos meus desejos com a liberdade de não ser escravo da indisciplina.
Depois de alguns meses de casados, fomos convidados a visitar o jovem casal. Assim que chegamos eles nos receberam com um sorriso no rosto e algumas guloseimas de boas-vindas. Eles estavam felizes e orgulhosos! Mostraram-nos uma planilha colada ao lado da geladeira com todas as contas do mês, com os respectivos valores e as datas de vencimento. O jovem casal havia entendido que era importante pensar nos gastos da realidade ordinária para exercer a liberdade da escolha que vem com a disciplina. Além da liberdade, isso traz felicidade.
Por fim,
Moacir Rauber
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