A Empatia no filme que não se esforça para obter a simpatia e a compaixão; ele leva o espectador a sentir profundamente com os personagens, acima de tudo pelos olhos das crianças.
No arrojado Documentário Projeto Flórida, um grupo de crianças precoces de seis anos de idade correm através dos campos e dos prédios abandonados nas redondezas de um hotel na favela chamada O Castelo Mágico. O Diretor Sean Baker justapõe a irreprimível energia e a alegria das crianças com cenas de pobreza e caos nas proximidades do Reino Encantado da Disney. Através desse vívido e assombroso retrato de uma comunidade de famílias vivendo na degrada região do Castelo Mágico o filme explora a empatia em diferentes níveis.
“Eu sempre consigo ver quando os adultos estão quase chorando”, diz a jovenzinha Moonee para a sua amiga Scooty. Nesse momento, eles estavam vendo a mãe de Moonee que vende perfume e o seu corpo para sobreviver. Durante o filme os espectadores ficam imaginando quanto que Moonee entende da desesperada vida que a sua mãe leva. Naquela hora se percebe que ela entende e sente muito mais do que uma criança deveria.
Moonee pelo menos tem um adulto que tenta tomar conta dela no filme. O nomeado ao Oscar Willem Dafoe interpreta o ineficaz gerente de hotel Bobby, que acompanha com um olhar empático e protetor a vida das mães solteiras e de suas crianças. Bobby não fala muito e assim Dafoe precisa demonstrar a sua empatia pelo olhar, gestos e ações. Você sente a compaixão e o desamparo de Bobby ao testemunhar as lutas das crianças na propriedade (provavelmente se debatendo com os seus fracassos privados e pessoais).
São poucos os filmes que me emocionaram tão profundamente que me fizeram chorar após assisti-los e este é um deles. O cineasta representa as pessoas vivendo a pobreza com equilíbrio, autenticidade e imaginação. Baker não se esforça para obter a simpatia e a compaixão; ele leva o espectador a sentir profundamente com os personagens, acima de tudo pelos olhos das crianças.
Texto de Amy L. Eva
Tradução de Moacir Rauber