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QUEM CONSERTA O MOTOR DO SEU CARRO?

Quem conserta o Motor do Seu Carro?

“Um homem seguia com seu carro por uma rodovia quase deserta. Começou a sentir um problema no motor e o carro foi parando até que não se moveu mais. O homem desembarcou, revisou todas as partes para encontrar o defeito. Infelizmente, não conseguiu encontrá-lo, apesar de acreditar que conhecia muito bem o motor. Logo em seguida parou outro carro e dele desceu um senhor que ofereceu ajuda. O dono do carro com problemas respondeu:

– Olha, esse carro é meu desde novo e eu o conheço como a palma da minha mão. Não há como você me ajudar.

O outro insistiu até que o primeiro concordou, mas alertou:

– Não creio que consiga fazer alguma coisa. Este é o meu carro…

O segundo homem se pôs a trabalhar e em poucos minutos havia consertado o motor do carro. O primeiro estava espantado:

– Como você conseguiu fazer isso? Afinal, é o meu carro…

– Bem, meu nome é Felix Wankel e sou o inventor do motor rotativo que está no seu carro.

Veja como são as coisas. Quantas vezes dizemos “esta é minha vida”, “este é meu destino”, “esta é a minha casa”, “deixe-me sozinho que eu consigo resolver”.

Escutei a história contada pelo Pe. Jorge Nardi. Fiquei intrigado, comovido e inspirado, porque vivemos num mundo movido pela busca constante, frequente e, quase, insana pela autonomia gerando um individualismo exacerbado. Pessoas individualistas especiais acreditam que detém prerrogativas que as permite fazer o que quiserem de um modo egoísta. Particularmente, creio que sou especial pela minha unicidade e singularidade, assim como o outro é especial pela sua unicidade e singularidade. Isso nos torna comuns. Por isso, a nossa vida somente tem sentido na interdependência com o outro. Ora ajudo, ora sou ajudado. Entender que é nessa relação que faz sentido desenvolver-se para melhorar as habilidades técnicas permite que se construa um mundo melhor. Buscar autonomia? Uma necessidade básica humana. O dono d carro com problemas fez aquilo que estava ao seu alcance. Não aceitar ajuda? Arrogância do ego que a contragosto aceitou a oferta. Assim, o convite para resgatar o sábio descrito na Inteligência Positiva diante de uma situação complicada pode nos auxiliar para observar sem julgar, o primeiro passo da Comunicação Não-Violenta. O que está acontecendo? Tenho as competências para resolver? O tempo e a situação me permitem desenvolvê-las? Se sim, mãos a obra. Se não, aceite a ajuda porque tudo aquilo que existe fora da natureza existe pela competência de alguém assim como você. Talvez aqui se fale do discernimento que é a “capacidade de avaliar as coisas com bom senso e clareza” (Oxford Languages), tendo a sua origem nos textos bíblicos. Hoje a palavra é utilizada na psicologia e na filosofia, ampliando o seu uso e o significado. Para observar sem julgar é essencial ter discernimento, uma prerrogativa da sabedoria que entendo estar muito próxima daqueles seres espiritualizados.

“Esta é a minha vida”, “estes são meus problemas”, são pensamentos comuns daqueles que querem assumir o comando da própria vida. Também eu quero isso, uma vez que uma das minhas buscas mais intensas sempre foi pela autonomia de exercer as minhas escolhas. Entretanto, reconhecer que existem situações (observar) nas quais devemos aceitar ajuda é um exercício de humildade (sábio). Parar, olhar para dentro e em seguida para fora nos permite conectar com o outro, que assim como eu tem as mesmas buscas. Contudo, cada um tem competências diferentes que na interdependência são complementares. Portanto, avaliar as situações, buscar conhecimentos para aprender ferramentas que nos proporcionem autonomia entendo ser uma busca natural. Enfim, infiro que com a mente aberta, para que o discernimento esteja presente em nossas escolhas, pode nos levar a nos aproximar do Criador do nosso motor. Isso é sabedoria, é Espiritual!

Moacir Rauber

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O preço do orgulho!

O preço do orgulho

 A vida era dura e as coisas não aconteciam com facilidade para ela. Cada sonho, toda busca ou qualquer conquista exigia um grande esforço. No entanto, ela se orgulhava de lutar pelo que queria com autonomia. O tempo passava rápido e ela não havia conseguido realizar uma de suas grandes ambições: a faculdade. Para conseguir ingressar numa universidade pública o conhecimento adquirido no Ensino Médio já estava muito distante. Dinheiro para fazer um cursinho nem pensar. Entrar numa universidade privada era uma possibilidade, porém a parte financeira era um empecilho. Ela vivia sozinha com a sua filha e o salário que recebia apenas cobria as necessidades básicas das duas. No seu trabalho, ela era dedicada, além de se envolver em atividades de voluntariado. Ela se orgulhava de poder ajudar. Um dia, conversando com a sua chefe, comentou sobre o sonho não realizado. A chefe disse que pagaria a universidade. Rapidamente ela recusou, dizendo que não era necessário, ao que a chefe respondeu:

– Não saber receber ajuda é uma das manifestações do orgulho…

Uma constatação verdadeira, porque o orgulho não somente se manifesta pela arrogância na interação com os demais. Ele está presente no excesso de autonomia e de independência que nos impedem de receber ajuda, um gesto de soberba ao crer que não se necessita dos outros. O provérbio português, “ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico que não precise receber”, retrata bem a interdependência humana. Todos podem dar algo. E ela entregava as suas competências no trabalho ao estar disponível para as atividades que eram parte de sua função. O ambiente que ela criava era positivo e propositivo. Ela ainda fazia os trabalhos voluntários ao ajudar a cuidar de idosos num lar próximo da sua casa. Não era porque a sua condição financeira não fosse das mais favoráveis que ela não poderia contribuir com algo além do seu trabalho. E ela o fazia acompanhada de sua filha. Porém, ao não querer ajuda, o orgulho se manifestava pela altivez ligada a soberba de se crer autônoma num mundo interdependente. Por que ela não queria que alguém lhe pagasse um curso universitário? Não saber receber ajuda pode ser soberba, orgulho ou arrogância e não sempre um exemplo de determinação pela autonomia. Dessa forma, muitos acreditam que se o orgulho de lutar pela autonomia pode representar a soberba, a virtude deve estar em seu antônimo, o outro extremo. Porém, o antônimo pode ser a submissão, o servilismo e até o puxa-saquismo, comportamentos que tampouco são positivos. Volta-se para o caminho do meio. Entre os extremos de orgulho e de submissão está a humildade, que é a virtude de saber se autoavaliar para reconhecer as fortalezas e as limitações, agindo em conformidade com elas. É a humildade no comportamento que permite que se interaja com os outros sem querer sobrepor-se ou se mostrar superior a eles. Enfim, creio que a virtude está no equilíbrio entre ser assertivo sem ser arrogante e ser humilde sem ser submisso. Assim, chega-se à harmonia.

Depois da conversa com a sua chefe, ela travou uma luta interna porque não havia gostado de ouvir que poderia estar sendo orgulhosa, arrogante e soberba ao não querer receber ajuda. Ela sempre lutara para manter a sua dignidade e se orgulhava disso. Entretanto, após os diálogos internos profundos ela conseguiu ver que a chefe tinha razão. Ela estava disposta a abrir-se para receber ajuda, porque o preço do orgulho, da soberba e da arrogância seria a não realização do sonho de fazer uma faculdade. Foi assim que ela se formou aos quarenta anos de idade.

Moacir Rauber

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Submissão e Renascimento

Submissão e Renascimento

A grandeza pode ser encontrada na submissão e no renascimento. Numa ruptura social ou espiritual não há como voltar no tempo. Não há como reviver o passado feliz, porque ele é passado. Porém, a submissão na ruptura pode gerar o renascimento. É o renascimento não do antigo, mas de algo novo que o nascer de novo traz consigo. Para isso é preciso submeter-se ao renascimento.

O renascimento pode significar a longevidade que anula a morte. Começar de novo na vida que já existe é vencer a morte.

É a grandeza da submissão ao renascimento!

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