A Meditação e o Movimento: Silêncio, Escuta e a Justa Acolhida
Outro dia, durante um encontro da oficina Comunicação Afetiva para ser Efetivo, iniciamos com uma meditação de oito minutos tendo como de fundo a expressão “você está no comando”. A meditação explora a percepção do próprio corpo, começando pela cabeça, pescoço, braços e mãos, passando pelo tronco com o peito e a barriga, terminando nas pernas e pés. Sempre se pede que a pessoa tensione, sinta e relaxe desfrutando das sensações que o corpo produz e que, no dia a dia, nos esquecemos de sentir. Destaca-se, durante o processo, de que pensamentos aleatórios vem e cabe a cada deixa-los ir. Afinal, é você quem está no comando. No final da medittação uma das participantes comentou:
– É muito bom!!! Mas é difícil manter os pensamentos sob controle…
Fez mais alguns comentários sobre essa dificuldade e a inquietude do seu cérebro com relação aos pensamentos que vem e vão. Outras vezes vem e ficam. E você, como trabalha o seu cérebro? O que você faz com os seus pensamentos? Você, verdadeiramente, está no comando? A inquietude mental que alcança as pessoas, tem origem nos estímulos externos, normalmente detectados pelos nossos sentidos, como a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato. Sempre foi assim. O livro “A nuvem do não saber” escrito no século XIV por um monge inglês explora a inquietude da mente com maestria. Entretanto, nunca estivemos expostos a tantos estímulos: a visão está sobrecarregada com imagens não naturais das cidades e das telas de celulares, PCs e TVs. Aumenta a inquietude. A audição está super exposta aos ruídos da tecnologia que consumimos. Cresce a inquietude. O tato, por vezes, pode ser menos exigido, porque não podemos tocar o que vemos na tela. Gera inquietude. O paladar e o olfato estão expostos a um número de sabores e odores inimagináveis há alguns anos. Intensifica a inquietude. Era essa a inquietude da participante e é a minha inquietude. Com isso, falta-nos o silêncio, escasseia a escuta e desvaloriza-se a acolhida. Perde-se o comando. Particularmente, vejo o silêncio, a escuta e a acolhida como competências de desempenho em ambiente organizacional e como promotor de harmonia nas relações pessoais. O silêncio estimula a capacidade de escuta. Com a escuta valoriza-se a acolhida. Um colaborador que em silêncio é escutado se sente acolhido e propõe novas soluções. Você está no comando do Silêncio e da Escuta que gera a sensação da Justa Acolhida. O silêncio não é passivo, ele pede o movimento de escutar ativamente para que o outro se sinta acolhido. Organizações que acolhem escutam. Organizações que escutam, precisam de silêncio. No silêncio as escolhas são conscientes. Com a consciência somos produtivos, efetivos e afetivos. Assim, estamos no comando!
Portanto, ao identificar a inquietude de sua mente a participante deu o primeiro passo rumo a escolha dos pensamentos que vão direcionar as suas ações. Por isso, o silêncio da meditação é essencial. Ele permite que eu me escute e com isso escute ao outro. Abrem-se os canais de comunicação, alinham-se as intenções com as ações e o alto desempenho será o resultado de pessoas que se sentem acolhidas. Desse modo, a consciência da inquietude vai permitir que ela direcione a sua IMAGINAÇÃO; que ela escolha o seu MOVIMENTO; e que ela afete o seu mundo com AFETO. É ela que está no comando!
Enfim, a meditação que leva ao movimento passa pelo Silêncio presente na Escuta que se transforma numa Justa Acolhida. SEJA aquilo que você escolher. É você que está no comando!
Moacir Rauber
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