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DE BOAS INTENÇÕES O INFERNO ESTÁ CHEIO…

Fonte: IA COPILOT

De boas intenções o inferno está cheio…

Maria passa por um momento difícil. Ana, sua amiga, se vê como uma pessoa empática, sensível e disponível para ajudá-la. Por isso, toma algumas decisões para contribuir com Maria nas suas dificuldades. Desse modo, ela dá conselhos e tem atitudes para resolver os problemas de Maria. Contudo, Maria não se sente cômoda com as ações de Ana, por isso comenta que ela está sendo invasiva e pede para que se afaste. Ana fica na defensiva e diz:

– Não era a minha intenção. Eu só queria ajudar…

Alguém já presenciou ou viveu alguma situação semelhante? Entendo haver um desalinhamento entre as intenções, boas de Ana, e as ações, não tão boas percebidas por Maria.

O exemplo é trivial, entretanto as situações se repetem nos diferentes ambientes. Pode ser o diretor que diz incentivar a criatividade, mas as ações percebidas são de pressão e vigilância. Pode ser o pai que deseja ver seus filhos desenvolverem a autonomia, porém eles se sentem controlados e cerceados. Enfim, basta lembrar do ditado “de boas intenções o inferno está cheio” para percebermos como o desalinhamento entre as intenções e as ações são frequentes. O que fazer para alinhar as intenções com as ações?

Talvez seja essencial aprender a olhar para dentro de si mesmo e avaliar qual é a verdadeira intenção de uma futura ação, para isso precisa-se de pausa e de paciência. A pausa deve ser entendida como a tomada de consciência para escolher o movimento com a plenitude da presença, não se trata da inércia. E a paciência é uma das virtudes que nos permite entender o significado da intenção e as estratégias que podem nos levar às ações correspondentes.

Na pausa e com paciência se pode indagar: quais são as suas intenções? Entender que a intenção traz em si um propósito mais profundo, como as nossas aspirações individuais. Nos Exercícios Espirituais (Santo Inácio de Loyola, 1491-1556) praticados na pausa de um retiro e com a paciência da solidão se identificam as “moções”, estado anterior as emoções que mostram as reações e movimentos, podendo ser de expansão ou de retenção.

Desse modo, na pausa e com paciência podemos descobrir o espaço a ser trabalhado entre a intenção profunda e a ação visível. Antes de dar um conselho ou de tomar uma atitude, seja paciente e faça uma pausa. É nesse espaço que está a possibilidade de alinhamento entre a intenção e a ação. Na pausa e com paciência, observe e indague-se: o que me move? O que pretendo com a minha ação? Entenda-se que a pausa nos conduz a presença plena e a paciência faz com que possamos discernir com clareza a nossa intenção para escolher de forma consciente a ação.

Existem várias maneiras de se educar na pausa e de desenvolver a paciência como competências de discernimento que nos levam a fazer melhores escolhas. Podemos fazer pausas estratégicas, pausas programadas e pausas de alinhamento. Para isso é preciso paciência, a virtude de não se exaltar frente aos incômodos ou aos dissabores sem se revoltar ou se queixar.

Na situação exposta, os dissabores de Maria fizeram com que Ana a quisesse ajudar. Sem pausa e com pouca paciência as ações de Ana foram percebidas como invasivas. A resposta de Maria gerou dissabores em Ana. Nossa proposta é fazer a pausa de alinhamento, sendo a meditação uma das formas de alcançar este objetivo. A palavra “meditação” tem sua origem latina em meditare que nos convida a voltar para o centro, para si mesmo. Numa desconstrução não etimológica da palavra, podemos encontrar “medita” + “ação” que resulta no exercício da pausa com paciência que nos leva ao discernimento.

Na meditação nós podemos nos encontrar com nosso estado mais profundo, as moções, aquilo que nos move para adotar as estratégias apropriadas em que as intenções se reflitam nas ações. Por isso, a pausa e a paciência podem nos ajudar a ajudar e enfim dizer com alegria: “era essa a minha intenção!”

Até o inferno poderá ficar vazio!

Moacir Rauber

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O que fazer com as “podas” da vida?

O que fazer com as “podas” da vida?

A aluna estava triste, indignada. O trabalho de conclusão de curso entregue ao professor orientador havia voltado com vários apontamentos, sugestões e correções. Ela não acreditava que ainda teria tanto trabalho para concluir a tão sonhada universidade. Ao chegar ao final do arquivo não pode deixar de esbravejar:

– Que droga!!! Que sacanagem!!!

Parecia que sempre que ela se aproximava do objetivo ele se afastava. Sentia como se as pessoas e as situações a estivessem podando, impedindo de que ela atingisse todo o seu potencial. Até pode ser verdade a sensação de ser podado pelos obstáculos da vida, entretanto, deveríamos conhecer os benefícios da poda antes de reclamar dela.

A poda nas árvores é uma técnica que acompanha o desenvolvimento da humanidade. Os mais antigos agricultores se aperceberam que as plantas que tinham os seus galhos cortados ou comidos cresciam com mais vigor. Isso os levou a observar o fenômeno e a aprender com ele. Assim, de eventos fortuitos e sem controle a poda passou a ser uma técnica utilizada para desbastar as plantas, retirando delas os galhos inúteis. A analogia também pode ser usada pelas pessoas na sua relação com os aparentes reveses da vida. Particularmente, inúmeras vezes tive a sensação de que os outros, a vida e até Deus estavam me podando. Amigos me disseram verdades que eu precisava ouvir. Parecia ofensivo, mas era uma poda necessária. Outras vezes, parecia que a vida me tirava algumas oportunidades que acreditava serem minhas. Porém, ao não alcançar as oportunidades por mim esperadas, a poda me levava a desfrutar de momentos incríveis, principalmente, por serem inesperados. Por fim, muitas vezes acreditei que até Deus estava contra mim quando me podou em diferentes ocasiões. Entretanto, ao observar com mais cuidado, essas podas representaram novas chances. As podas dos conselhos e críticas fizeram com que eu abrisse a mente. As podas de perder oportunidades permitiram que me desenvolvesse mais. As podas de Deus proporcionaram que eu canalizasse a energia para aquilo que era o mais importante: a vida.

Por fim, a aluna que se irritava com os apontamentos, as sugestões e as correções em seu trabalho de conclusão de curso, com o tempo poderá perceber o tamanho da contribuição da poda do professor. A poda para as plantas, normalmente, é realizada com a intenção de prevenir doenças e de aumentar a eficiência dos nutrientes captados do solo para melhorar a produtividade e a qualidade da produção. A intenção está somente com quem realiza a poda e a planta reage de acordo com a sua natureza. Por outro lado, ao entendermos os reveses da vida como podas é essencial saber que a intenção daquele que faz as críticas, as sugestões e as correções existem, mas o que realmente importa é o que você fará com elas. Os apontamentos serviam para que ela soubesse para onde direcionar a pesquisa. As sugestões para acrescentar ou suprimir algo. E as correções para eliminar elementos que contagiavam a pesquisa. Para a aluna seria importante observar o fenômeno e aprender com ele. Portanto, caberia a ela digerir a sua irritação para saber aproveitar a poda e canalizar para os seus objetivos.

O que fazer com as “podas” da vida? Cada um vai seguir a sua natureza…

“Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda.”

João 15:2