SILÊNCIO E FALA: QUAL É A TUA INTENÇÃO?

Fonte: COPILOT

Silêncio e Fala: qual é a tua intenção?

A reunião de encerramento da semana estava agendada e começaria no horário, entretanto a responsável pelo pós-vendas ainda estava atendendo a uma cliente. Cinco minutos atrasada ela chegou e pediu para falar. Estava nervosa e irritada, porque os problemas se repetiam com a mesma cliente. Ela expôs a situação misturando fatos e julgamentos em que mencionava pontos verificáveis e acrescentava opiniões sobre o comportamento da cliente. Os demais a escutaram e fizeram silêncio. A representante dos serviços de pós-venda, igualmente, silenciou por um momento esperando que o gerente da unidade se posicionasse, uma vez que a responsabilidade final era dele. O gerente não falou, entretanto, sua expressão estava carregada de uma fúria silenciosa. Assim, a posição não veio. O silêncio agora era constrangedor. A responsável pelo pós-vendas foi vencida pela irritação e desqualificou a cliente, dirigindo-se ao gerente. Finalmente, o gerente falou. Ele começou resgatando situações que envolviam a representante de pós-venda, expondo-a, destacando pontos em que ela se havia equivocado.

Quais são os principais elementos da situação? Acredito que os principais elementos presentes na situação nos mostram o silêncio e a fala no processo de comunicação, em que cada um deles pode ser usado para uma finalidade ou outra. Por um lado, pode-se usar o silêncio para ponderar, mas também para menosprezar. Pode-se usar o silêncio para discernir, mas também para acusar. Pode-se usar o silêncio para respeitar, mas também para ofender. Pode-se usar o silêncio para diferenciar, mas também para expor. Enfim, o silêncio é uma das formas de comunicação mais eloquentes de que nós, como seres humanos, dispomos. Por outro lado, a fala pode ser usada para desmerecer, mas também para promover. A fala pode ser usada para incriminar, mas também para defender. A fala pode ser usada para ridicularizar, mas também para honrar. A fala pode ser usada discriminar, mas também para igualar. Desse modo, a fala é uma estratégia única de comunicação que somente os seres humanos dispõem. Por fim, acredito que o silêncio e a fala deveriam ser usados para conectar as pessoas, mas nem sempre é assim.

O que o silêncio e a fala podem nos ensinar sobre comunicação? As opções de uso desses dois recursos comunicacionais são muitas, porém há algo que antecede o seu uso: a intenção! O que está por trás do silêncio? Qual é a intenção ao falar? Na situação exposta, a intenção inicial da fala da responsável pelos serviços de pós-venda era a de compartilhar um problema que afetava a todos na empresa em que uma cliente sempre queria ter razão, ainda que não tivesse. A irritação presente na fala, misturando fatos e julgamentos, criou lados, deixando a responsável pelos serviços de pós-venda de um lado e o gerente de outro lado. Faltou silêncio antes de falar. A fala, ainda que de maneira indireta, fez com que o gerente se sentisse desmerecido e ridicularizado. Veio o silêncio que foi usado pelo gerente, intencionalmente, para expor e ofender. Sobrou silêncio. Portanto, a intenção do silêncio e da fala é o elemento essencial para que a comunicação pondere, discirna, respeite, diferencie, promova, defenda, honre e iguale sem criar lados.

Há muitas técnicas e recursos comunicacionais que podem ser usados para estabelecer uma verdadeira conexão, entretanto, todos eles são antecedidos pela intenção. Qual é a tua intenção ao falar e ao silenciar? É ela que vai determinar a tua forma de comunicação ao reconhecer que o mundo é redondo e assim como numa organização, numa relação, numa cidade, num estado e num país não temos lados. Somos únicos, somos múltiplos e necessitamos da conexão que se produz no silêncio e na fala.

Moacir Rauber

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TEMPOS DIFÍCEIS… AMOR DURADOURO!

Tempos difíceis… Amor duradouro!

Na maioria das cerimônias de casamento, pode-se ver na expressão dos noivos a alegria, o entusiasmo e a satisfação de quem está dando um passo a mais rumo a felicidade em que o amor é a base. Acredito que o caminho percorrido e a história vivida está na raiz do amor de matrimônios duradouros. Entendo que o matrimônio não deve representar apenas o desejo de desfrutar de um momento idealizado que termina ao ser confrontado com a realidade. No matrimônio a expansão dos envolvidos deve ser a realidade. Na sexta-feira passada estivemos presentes num desses momentos. Qual havia sido o caminho dos noivos até o momento?

A história do jovem casal remonta ao período da pandemia. Ela minha enteada, ele meu sobrinho. Fazia pouco tempo que eu convivia com a minha esposa e menos tempo ainda que a enteada viera viver conosco, uma jovem de dezoito anos. Naquele ano, o meu sobrinho e afilhado viria passar o Natal conosco, entretanto ele não sabia da presença da enteada, assim como ela não o conhecia. Quando ele chegou, nós o fomos buscar na rodoviária. De longe o vi parado na beirada da calçada, entretanto havia uma vaga para estacionar um pouco mais adiante. Ao passarmos por ele, a minha enteada o olhou e comentou sem saber quem era:

– Que rapaz lindo! Num comentário despretensioso.

Logo que estacionei, ele se aproximou e me cumprimentou. A minha enteada ficou completamente ruborizada ao vê-lo entrar e sentar-se ao seu lado. Apresentações feitas sem que ele soubesse falar espanhol e sem que ela falasse português, assim como minha esposa que eram de Buenos Aires. Cabia-me fazer a ponte entre os falantes de português e de espanhol. Pensava, “Como vai ser o convívio e a comunicação?… Bom, deixa acontecer”. Chegamos em casa sem muitas palavras trocadas entre os dois, porém à noite começamos a jogar cartas e surgiram as alternativas. Além do português, do espanhol, do portunhol e das mímicas usadas para estabelecer a comunicação, os dois começaram a falar em inglês. Haviam encontrado um caminho. O jogo terminou e a conversa continuou. As férias do meu sobrinho em Florianópolis terminaram e ele voltou para a sua cidade (Toledo-PR). Assim, a distância e as restrições de controle da COVID os separaram. Entretanto, foram eles que se casaram. O que aconteceu?

Há um ditado oriental que diz: “…tempos difíceis criam homens fortes”. Creio, sinceramente, que esse ditado pode ser aplicado aos matrimônios que se sustentam no tempo, porque assim como tempos difíceis criam homens fortes, as situações desafiantes constroem um amor duradouro. Mas, o que é um amor duradouro?

Para muitos o amor de que falamos é um sentimento originado da paixão entre duas pessoas que formam um casal. Acredito que a paixão é a chispa e o amor é um processo derivado das escolhas diárias. A chispa surgiu entre os jovens, o amor, entretanto, é muito mais do que a paixão. O amor é uma construção que exige contato, esforço, dedicação e comprometimento não apenas por uma semana, mas para a vida inteira. É esse entendimento que os casais de relacionamentos duradouros têm. Penso, sinceramente, que é isso que vejo na relação desses dois jovens. Fisicamente, eles se afastaram por um ano inteiro, porém se mantiveram em contato. Falavam e compartilhavam suas histórias todos os dias, em segredo. Com o esforço próprio, a dedicação e o comprometimento de um para com o outro começaram a construir o amor. Enquanto a paixão é fugaz e impulsiva, o amor é duradouro e paciente. A paixão se não alimentada, extingue-se. O amor se não construído, desaba. Nesse intercalar, eles seguiram alimentando a chispa da paixão e construindo o amor.

Finalmente, creio que o matrimônio do meu sobrinho e da filha de coração nasceu de uma situação desafiante para crescer, florescer e se solidificar com frutos saudáveis em que ambos se expandem. É isso que vi no casal que disse “sim”!

Moacir Rauber

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História de Bárbara e Juliano Fischer Rauber

Por Romina & Moacir Rauber

OS SEGUIDORES

Livro de 2007 é mail atual do que nunca:

“Tem-se revelado mais vantajoso para nós unirmo-nos na direção errada do que mantermo-nos sós na direção certa. Aqueles que seguiram o idiota assertivo em vez da pessoa introspectiva e sensata passaram-nos alguns de seus genes. Isto pode-se verificar através de uma patologia social: os psicopatas congregam seguidores.”

O Cisne Negro

Nassim Nicholas taleb

UM CHURRASCO NO DOMINGO…

Fonte: COPILOT IA

Um churrasco no domingo…

A revolta era imensa, porque não fazia sentido que ele estivesse passando por todos os problemas sem uma explicação para uma sucessão de fatos trágicos em sua vida. Ele se considerava um homem de bem, cumpridor das leis, pagador de impostos, marido respeitoso e pai carinhoso. Ainda assim, parece que todas as coisas iam mal. No último semestre, o caminhão que não tinha seguro pegou fogo; a esposa entrou num processo de depressão; o filho foi atropelado e quase faleceu; e a venda de um ativo para cobrir os prejuízos resultou em golpe. O que mais me falta acontecer? Indagava-se para logo emendar:

– Onde está Deus agora?

Não seria eu quem daria essa resposta. A crença em Deus e o tema da espiritualidade é um caminho solitário. Não há como o outro acreditar por mim e desenvolver a espiritualidade. De igual maneira, o caminho do autoconhecimento, que pode nos levar a encontrar o sentido da vida, inclusive por meio da espiritualidade, somente pode ser percorrido por cada um. Outro dia escutei a reflexão: “No domingo muitas pessoas reservam um tempo para o espírito, assim como fazem um churrasco. Nos outros dias da semana todos alimentam o corpo com arroz, feijão ou outra comida. Fica a pergunta: qual é o alimento do espírito durante a semana? Não se alimenta, por isso temos tantos anêmicos espirituais…”(Pe. João – Campeche). A anemia espiritual, entendo, que nos faz ter baixa capacidade de digestão emocional e, consequentemente, ansiedade, aumento do estresse, pouca produtividade e cansaço, além de infelicidade.

Em tempos disruptivos onde vivemos sobre estimulados todos os dias, ganha força uma necessidade humana: a espiritualidade. Entenda-se espiritualidade como a busca pelo sentido da vida em que se transcende a própria vida, conectando-se com o outro e com o mistério da vida, normalmente, não obrigatoriamente, associada a uma prática religiosa. Para muitos não faz sentido, para a maioria é relevante. Por que então estamos anêmicos espiritualmente? Porque deixamos de alimentar o espírito.

Conceitua-se anemia como um estado de fraqueza, abatimento e debilidade que afeta o corpo quando os glóbulos vermelhos estão abaixo do normal por uma ou outra razão. Analogicamente, a anemia pode ser citada quando um projeto sofre com a falta de recursos, entre outros sentidos figurados como a anemia espiritual. As rápidas mudanças tecnológicas que impulsionaram as mudanças comportamentais, gradativamente nos foram afastando das práticas religiosas e espirituais. Os estímulos presentes nas possibilidades oferecidas pelo mundo virtual, entre eles as redes sociais e mais recentemente a Inteligência artificial, levaram as pessoas a se sobre estimularem externamente, os sentidos, e a enfraquecerem internamente, a gestão das emoções. Enquanto atendemos os sentidos, como a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato, perdemos o sentido da vida. Ao não ver o sentido da vida, nos enfraquecemos emocionalmente tendo baixa capacidade de digerir os seus problemas naturais. Como resultado, temos pessoas ansiosas, estressadas, improdutivas, cansadas, queixosas e infelizes.

A capacidade de digerir as emoções que surgem ao se enfrentar as dificuldades da vida, acredito ser maior naqueles que tem claro o sentido da vida, entre eles aqueles que alimentam o espírito. Adotar práticas espirituais diárias, como as orações matinais e as meditações, permite que se alinhem as intenções com as ações. É o feijão e arroz do espírito. Nesse caminho, aparece o sentido da vida e a digestão das emoções se torna um exercício mais fácil com foco naquilo que está no nosso controle.

Portanto, as práticas espirituais, entre elas as religiosas, nos fortalecem emocionalmente, fazendo com que sejamos menos ansiosos, menos estressados, mais produtivos, menos cansados, mais alegres e felizes.  Onde está Deus agora? Para o bom homem citado no início eu não sei, para mim está no privilégio da vida a ser vivida com a consciência de sua finitude. Essa consciência fica mais clara ao alimentar o espírito no domingo e com práticas diárias durante a semana. Churrasco no domingo, arroz com feijão na semana para o corpo e para o espírito.

Como você tem alimentado o teu espírito?

Moacir Rauber

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REFORMAR A CASA OU OS HÁBITOS?

Fonte: https://blocosarcanjo.com.br/

Reformar a casa ou os hábitos?

Começar e terminar uma reforma na casa e permanecer vivendo nela é um exercício de equilíbrio, paciência e bom humor, além de ser uma experiência para praticar a Comunicação Não-Violenta e resgatar qualquer traço de sabedoria que se tenha. Acompanhei a experiência da vizinha que confirma uma prática comum no segmento, embora haja exceções.

Na contratação do serviço o prazo é estipulado, o orçamento é combinado e os pagamentos são programados. Enquanto nos trabalhos formais você trabalha um mês inteiro para depois receber, no segmento da construção civil, pelo menos nas pequenas obras, o processo está invertido. Normalmente, os construtores pedem um adiantamento como sinal de negócio.

Escutava a minha vizinha que se propôs a dividir a casa criando dois ambientes mais para poder alugar e incrementar a sua renda. Na comunidade que frequenta ela recebeu a indicação de mão de obra de “confiança”. Estabelecidas as condições de prazo e orçamento, pediram o adiantamento e começaram as obras. Na segunda e na terça-feira os pedreiros vieram cedo e pararam tarde, trabalhando com um vigor que entusiasmou a senhora. Derrubaram as paredes que precisavam ser removidas, arrancaram duas janelas e uma porta. Ela estava feliz porque acreditava que nesse ritmo o prazo de 21 dias úteis seria cumprido. Porém, na quarta e na quinta-feira eles não vieram. O seu quarto estava fechado, mas a casa estava aberta, porque parte das aberturas não estavam. Menos mal que não choveu naquela semana, mas os morcegos entraram na sua casa. Na sexta-feira apareceram dois pedreiros que chegaram um pouco mais tarde e saíram mais cedo, não sem antes pedir um pouco mais de dinheiro:

– Será que a senhora poderia me arrumar um dinheirinho… com variadas justificativas.

Alguém já viveu uma situação semelhante? Se sim, tenho a certeza de que exercitaram a paciência, fizeram exercícios de equilíbrio e manter o bom humor não é tão simples assim.

São Tomás Moro propõe a Oração do Bom Humor para ajudar na paciência e no equilíbrio. Ele começa com o pedido bem humorado Senhor, dai-me uma boa digestão, mas também algo para digerir. Acredito que a maioria daqueles que venham a ler este texto, tem mais para digerir do que capacidade de digestão. Entretanto, o que sobrecarrega o nosso sistema se refere a digestão emocional daquilo que não está em conformidade com o acordado ou com o que nós acreditamos. O que é preciso para reformar uma casa vivendo nela? Exercitar a paciência e resgatar o equilíbrio é indispensável, assim como rever hábitos, entre eles o exercício do bom humor, é essencial.

Como não ser violento e ser positivo de maneira inteligente quando alguém não cumpre com o prometido? Creio que o bom humor possa nos trazer o equilíbrio frente as dificuldades e que a partir do exercício da paciência possamos nos comunicar com sabedoria e sem agressividade, com firmeza e sem violência. O bom humor pode ser uma chave para acessar os recursos da Comunicação Não-Violenta e da Inteligência Positiva que nos levem ao discernimento do real problema, capacitando-nos a dizer “sim” quando é conveniente; a dizer “não” quando é a melhor resposta; e a dar um “basta” quando a opção é interromper uma relação. Um prejuízo financeiro? Provável, por isso é necessário resgatar o bom humor!

Pode parecer um exemplo superficial, contudo traz em si a complexidade das relações humanas. A reforma da vizinha se prolongou dos vinte e um dias úteis pedidos para um período de dois meses. Ela passou por momentos de dor, sofrimento, angústia, lamentações e suspiros ao perder a sua privacidade.  Entretanto, ela não se resignou. Mudou hábitos ao aprender a dizer “sim”, “não” e “basta”, mantendo o equilíbrio num exercício de paciência que só quem tem bom humor consegue.

Por fim, a obra terminou. Ela reformou a casa e os hábitos!

Moacir Rauber

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ECOS DA PRESENÇA: A ESPERANÇA!

Fonte: https://avos.org.br/

Ecos da Presença: a esperança!

O meu compromisso era de apresentar algumas ferramentas conversacionais ligadas à Comunicação Não-Violenta e à Inteligência Positiva dando aos voluntários alguns recursos a mais no seu trabalho.  Eles trabalhavam como apoio às crianças com doenças graves e seus familiares, atuando no ambiente hospitalar e na casa de acolhimento que funciona ao lado. Na visita que fizemos ao ambiente, ficamos impressionados com a força emocional das crianças que exibem uma luz inspiradora, ainda que enfrentem uma enfermidade grave. Por outro lado, os pais, muitas vezes, se dobram emocionalmente com reflexos físicos visíveis ante a dor dos filhos e, acredito, a sensação de impotência. É um ambiente em que se vê dor e sofrimento, porém é incontestável a presença do amor e da solidariedade. Os voluntários se esmeram no cuidado daqueles que estão fragilizados. Eles acolhem as pessoas com as suas feridas, porém cada voluntário igualmente tem as suas feridas. Isso ficou claro numa conversa logo após o encerramento da oficina em que uma voluntária se aproximou para compartilhar a sua história:

– Perdi meu filho aos 18 anos. Isso faz trinta e três anos. Agora faz 32 anos que atuo com voluntária…

Ela estava visivelmente emocionada com as lembranças do filho que perdera. A perda não estava no seu controle, mas ela mostrava uma força descomunal na sua postura frente à vida que estava no seu controle. Ela tinha feridas, mas havia escolhido a cura.

Há uma frase de José María Escrivá que diz “Se a dor acompanha o ser humano, o que é senão tolice desperdiçá-la?” era uma prática daquela senhora. Ela havia entendido que a dor e o sofrimento são inerentes ao ser humano e não há como evitá-los, contudo, podemos escolher o que fazer com eles. Da mesma forma, entende-se que todos nós trazemos em nós as feridas de uma vida e que cada um de nós, igualmente, traz dentro de si a capacidade de cura. Trata-se de uma ação deliberada de transformar a dor e o sofrimento em atos de amor. E esta senhora, que compartilhava parte de sua vida comigo, mostrou-me como fazê-lo. Ela escolheu estar presente para aqueles que necessitavam. Ela despertava nos demais o seu poder de cura e isso era uma forma de comunicação não-violenta e de prática da inteligência positiva.

Quando perdeu o seu filho, ela era ainda bastante jovem. Assim, seguiu sua vida profissional, contribuindo na renda familiar e dando uma vida digna para os dois filhos menores. Entretanto, ela fez uma escolha importante: reservou uma tarde de sua agenda para estar junto aos filhos de outras mães que estavam assustadas e com medo. Desse modo, nos trinta e dois anos que se dedicava ao trabalho voluntário, ela comentou que entregava a sua presença, dava a acolhida e companhia, criava confiança e, muitas vezes, escutava em silêncio. E era nesse silêncio que ela mais transformava dor e sofrimento em amor.

Ao final da nossa conversa ela revelou, Sempre que estou aqui junto de mães e pais que estão lutando pela vida de seus filhos, eu posso escutar o meu filho. Fiquei emocionado. A situação confirma que nós ensinamos com aquilo que fazemos e deixamos de fazer, por isso ela me ensina com aquilo que ela faz. E com a sua atividade ela praticava a comunicação não-violenta ao observar sem julgar as famílias com seus filhos enfermos; ela agia empaticamente ao sentir com genuíno interesse pelos acolhidos na casa; ela entendia e atendia as necessidades suas e dos demais com a sua presença; e ela se comunicava sem violência no silêncio da presença ou na fala calma, tranquila e serena que despertava nas pessoas o poder da cura. Assim, ela dominou os seus sabotadores e resgatou a sua sabedoria ao viver uma vida plena.

Enfim, no seu trabalho voluntário ela escutava os ecos da presença do seu filho e despertava nas demais famílias os Ecos da Esperança dos atos de amor.

Moacir Rauber

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Dedicado a AVOS é a Associação de Voluntários de Apoio e Assistência a Criança e aos seus voluntários anônimos e aos seus voluntários anônimos

Inspiração: Maria Helena Krueger – produz Ecos de Esperança!

O QUE ESTÁ DEBAIXO DO SEU GUARDA-CHUVA?

Produção: Stratostorm

O QUE ESTÁ DEBAIXO DO SEU GUARDA-CHUVA?

O menino com seus quatro ou cinco anos acompanha o pai de mãos dadas. Caminham entre as árvores com folhas amarelas indicando que é outono. Chove e as roupas denunciam o frio, mas mesmo assim o menino saltita alegremente nas poças de água, brincando e exibindo a confiança plena naquele que o deveria proteger. Caminhando aproximam-se do alpendre de uma casa. O pai envolve o pescoço do menino com um xale, abraça-o num gesto de proteção, de despedida e com tristeza nos olhos. Em seguida, o pai se levanta, abre o seu guarda-chuva amarelo e se afasta pelo caminho. O menino fica parado olhando, enquanto as lágrimas escorrem de seus olhos.

A cena descrita é parte de um curta-metragem chamado Umbrella (https://www.youtube.com/watch?v=Bl1FOKpFY2Q), que sem dizer nenhuma palavra, em sete minutos, diz muito mais do que a maioria dos longas metragens ou de livros inteiros. O curta metragem fala de confiança, de esperança e de proteção em tempos de desconfiança, desesperança e de carência de presença.

Entendo que as relações se estabelecem com base na confiança, sejam elas pessoais, profissionais ou empresariais. A palavra confiança provém de confidere em sua origem latina, composta por con que estabelece uma relação de presença, mais fidere que tem o sentido de fé e de acreditar. Portanto, trata-se de uma das palavras mais profundas nos acordos de negócios, nos contatos profissionais e no estabelecimento das relações pessoais. As relações podem ser descritas como empresariais, mas por trás de cada negócio há pessoas. Portanto sem confiança não há negócios. Os contatos podem ser tratados como profissionais, porém cada um deles exige confiança para que alcancem bons resultados. E as relações pessoais, essencialmente, são baseadas na confiança, porque as pessoas deveriam se relacionar não para obter algo do outro, como num negócio ou numa tratativa profissional, mas para oferecer algo. O que você oferece nas suas relações?

Enfim, confiar é um verbo de ação que se reflete no ato de fiar juntos e confiança é um substantivo que traz em si um sentimento e uma convicção de acreditar. É algo que está em mim em relação ao outro, mas que o outro deve ver em mim na sua relação comigo. Pode-se pensar num matrimônio ou nas amizades que se baseiam na confiança e exigem a reciprocidade de confiar. É essa convicção que fundamenta a relação estabelecida entre pais e filhos desde o seu início.

Aqui volto a atenção para a responsabilidade que nós, adultos, temos para com as crianças. Isso pode ser no papel de pais, professores, vizinhos, tios ou ídolos em que não podemos defraudar a imagem construída de ser adulto que gera confiança nas crianças. Essa confiança é exibida por uma criança de maneira intensa, legítima e convicta com a fé de quem acredita com todo o coração, sendo um dos sentimentos mais lindos de um ser humano. A confiança no peito de uma criança se traduz em esperança de proteção para poder amar.

Naquele dia, o menino viu seu pai se afastar com tristeza, mas ele tinha a convicção de quem confia de que o pai fazia o que fazia para a sua proteção. A confiança que gerava a esperança e acreditava que um dia veria o pai voltar com aquele seu guarda-chuva amarelo. Era justamente debaixo desse guarda-chuva que estava a confiança do filho no pai, com a esperança da proteção que alimentava o seu amor.

O que está debaixo do seu guarda-chuva de sentimentos?

Vale a pena assistir ao curta-metragem Umbrella!

Moacir Rauber

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QUAL É O TEU COMPROMISSO COM A FELICIDADE?

Fonte: IA Gemini

QUAL É O TEU COMPROMISSO COM A FELICIDADE?

Na entrevista de emprego as condições foram apresentadas e ao candidato elas lhe pareceram excelentes. Havia um salário fixo, uma parte de remuneração variável e um pacote de benefícios que lhe pareciam atrativos naquele momento. No final da entrevista o candidato afirmou:

– Pode contar comigo para o que for preciso! Com entusiasmo.

Acredito que muitos gestores de RH ou de outras áreas de uma empresa devem ter ouvido afirmações semelhantes. Para a surpresa de alguns, depois de um período relativamente curto, às vezes de poucos meses, podia se ver na expressão e nas atitudes da pessoa o oposto, o desinteresse. O que será que aconteceu com o entusiasmo dessa pessoa? O que a fez entrar uma condição de desinteresse?

Uma situação semelhante acontece nos relacionamentos amorosos, inclusive naqueles que avançam para o casamento. No período de namoro o amor é visível nos olhos, o humor está presente de forma espontânea e é acompanhado dos benefícios presumidos pela presença e intimidade. Tudo é encantamento! Porém, muitas vezes, depois desse período pode-se ver nos olhos, no humor e no distanciamento o desencanto. O que será que aconteceu com o encantamento do amor? Onde está o prazer que não mais se vê nos olhos, não mais se escuta nas risadas e que não mais se expressa na presença e na intimidade?

Talvez haja uma resposta comum às duas situações: a confusão entre prazer e felicidade, assim como entre entusiasmo e compromisso. Parece-me meritório que cada ser humano mantenha a sua busca por felicidade e que haja entusiasmo nisso, assim como se encontrem momentos de prazer nessa jornada. Podemos falar da legitimidade dessa busca no trabalho ou nas relações pessoais mais íntimas. Entretanto, acredito que é o compromisso que nos mantem no caminho da felicidade por meio do entusiasmo que no proporciona prazer. Você consegue se comprometer com o entusiasmo na sua empresa e com o encantamento nas suas relações? Se sim, está no caminho da felicidade.

Portanto, o engajamento que se espera de um novo colaborador passa pelo cumprimento por parte da empresa das condições estabelecidas com o pagamento do salário fixo, da remuneração variável e dos benefícios. Porém, há uma parte dessa equação que não está com a empresa e sim com o colaborador que entra na empresa que se expressa com a palavra engajamento. Fica a pergunta: qual é o teu compromisso com o entusiasmo demonstrado no início da relação laboral que resulte em engajamento? Isso é contigo!

Da mesma forma, o encantamento existente com a outra pessoa no relacionamento que se está é uma via de mão dupla. Você ainda expressa amor para com o outro nos seus olhos? Como está o seu humor frente as dificuldades do dia a dia? Qual é a sua disposição para manter a presença e a intimidade frente ao outro? O outro é o outro, por isso a pergunta: qual é o teu compromisso com o encantamento que gera prazer e nos traz felicidade?

Por fim, o prazer e o entusiasmo são essenciais para que nos engajemos no trabalho ou para que nos encantemos num relacionamento, entretanto é o compromisso com a nossa busca que nos proporciona a felicidade de encontrar o sentido do trabalho, assim a felicidade de manter um relacionamento. Com isso, sentir-se em boa companhia na organização e construir uma família na relação íntima são consequências. Nessa equação os proventos do trabalho dedicado à empresa irão aparecer, assim como os resultados de um amor verdadeiro se traduzirão em frutos. E que os filhos sejam bem-vindos!

Finalmente, o que é o compromisso foi expresso com sabedoria por João Paulo II que disse: “Aquele que não decide amar para sempre, dificilmente conseguirá amar verdadeiramente por um único dia”. A felicidade é o resultado dele!

Moacir Rauber

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ADOLESCÊNCIA ESTENDIDA: EVOLUÇÃO?

ADOLESCÊNCIA ESTENDIDA: EVOLUÇÃO?

Escutava a conversa entre as amigas sobre as mudanças comportamentais dos últimos tempos. Elas se riam ao lembrar da autoridade das mães de antigamente com relação às de hoje. Também pensavam no acesso aos recursos tecnológicos antigos comparados com os atuais. Resgatavam o início das suas carreiras profissionais aos quinze ou dezesseis anos em comparação com os jovens de hoje. Nesse ponto a conversa mudou de tom quando uma delas disse:

– Hoje a psicologia nos mostra que a adolescência se estende até quase os vinte e cinco anos. É uma evolução…

Logo foi interrompida pela outra:

– Isso não é evolução.

– Mas a ciência mostra essa realidade…

Um momento mais tenso na conversa. O que estava por detrás da tensão?

Creio ser importante falar da palavra evolução e a partir daí cada um pode concordar ou discordar da reflexão proposta.

Etimologicamente, “evolução” é originada do latim evolutio, que deriva do verbo evolvere, significando “desenrolar” ou “abrir”. No seu caminho a palavra evolução ficou associada a ideia de transformação e progresso, entendida como algo que se desenvolve, muda ou progride no tempo.

Nas Ciências Biológicas evolução se volta para as mudanças genéticas e adaptativa das espécies. Na Tecnologia e na Inovação evolução mostra o avanço e o aprimoramento de ferramentas, recursos e procedimentos. No Desenvolvimento Pessoal ela serve de marcador do crescimento individual, intelectual e emocional. Na Matemática e na Física evolução é usada para acompanhar cientificamente as transformações dos sistemas do micro e macro mundo. Por fim, na Sociedade e na Cultura a evolução registra as mudanças comportamentais entre as diferentes gerações. Aqui chegamos à conversa entre as amigas sobre “evolução” como os marcos temporais dos diferentes estágios da vida humana: a infância, a adolescência, a vida adulta e a velhice. Perguntas: as fases da vida sempre foram assim? A evolução significa progresso e transformação?

Em diferentes culturas, ao longo do tempo, a fase conhecida como adolescência não existia. Havia uma transição bastante rápida de pessoa dependente, até a puberdade, para um indivíduo independente, depois dela. Muitas vezes, os rituais de passagem exigiam coragem e força dos homens que os capacitava para serem provedores de um grupo familiar, enquanto as mulheres estavam aptas para formar novas famílias. Dessa forma, não havia muito espaço para dúvidas nesse curto período entre a infância e a vida adulta. Era essencial assumir as responsabilidades que ser adulto acarretava e isso acontecia, quase sempre, entre os 12 e os 18 anos. Certo ou errado? Não sei.

Enfim, entendo que a palavra evolução, em muitas situações, tem sido usada para representar um período difuso e diluído sem que haja uma constatação clara do objeto em questão. A própria evolução das espécies gera controvérsias com a defesa da sua existência, assim como sobre a dubiedade de sua veracidade. Há um sofisma nesse embate? Provavelmente sim. Igualmente, ao nominar evolução para a extensão do período da adolescência tenho minhas interrogações. Penso que a adolescência estendida tem criado um período diluído e difuso na vida das pessoas em que se enchem de dúvidas, ansiedades e medos. Não são mais crianças, porém não são adultos. Não tem mais as regalias da infância, entretanto não assumem as responsabilidades da vida adulta. Seria isso evolução?

Desse modo, acredito que quando a ciência, por meio da psicologia, estende a adolescência, prolongando a transição para a vida adulta, cria-se um período de lacuna existencial. Nessa lacuna as pessoas, biologicamente, estão aptas para serem adultas, contudo, socialmente, não exercem nenhum papel independente. Era a situação vivida pela mãe que defendia a ideia de evolução para a adolescência estendida. Ela tinha um filho de idade adulta, com comportamento adolescente. Ele não era autossuficiente, mas queria sua autonomia. Creio que essa contradição esteja na raiz de muitos problemas emocionais enfrentados pelos jovens que estão na faixa etária compreendida como adolescência tardia. Eles vivem um limbo existencial.

Será que estamos evoluindo?… or do we need to be reborn?

Moacir Rauber

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PRAZER OU FELICIDADE?

Fonte: IA Gemini

PRAZER OU FELICIDADE?

Os dois conversavam sobre o estilo de vida de cada um. Um estava com sobrepeso considerável, ainda que mantivesse uma rotina de atividade física. O outro poderia ser considerado magro com o físico esbelto e igualmente mantinha um ritmo de atividade física, ainda que não fosse um atleta. Ao conversarem sobre as preferências alimentícias, aquele que estava com sobrepeso perguntou:

– Como você faz para se manter tão em forma?

– Não sei, eu só como quando tenho fome…

– Comer só quando tem fome? Comer é para ser feliz! Exclamou.

Talvez o diálogo revele muito sobre o momento da história humana em que, muitos de nós, vivemos a abundância sem a disciplina e, como crianças, nos lambuzamos com o excesso. Com isso comemos para sermos felizes e não para alimentarmos o corpo numa clara confusão entre prazer e felicidade.

As gerações mais velhas viveram a escassez. Muitas pessoas não tinham energia elétrica e com isso, muitas vezes, não dispunham de água encanada ou água quente para tomar um banho, além de todas as demais comodidades trazidas pela eletricidade. Da mesma forma, um grande número de pessoas tinha poucos recursos para comprar comida, pouca oferta de produtos de consumo, descartáveis ou não, pouca disponibilidade de conexão, pouco acesso às festas e bebidas. A escassez fazia que a disciplina fosse um imperativo em que o consumo se dava de maneira consciente para que o consumido atendesse a necessidade da pessoa e não apenas o desejo. Hoje nos bate à porta a abundância e temos tudo disponível o tempo todo. Ainda que nossa busca como seres humanos seja pela felicidade, nos tornamos viciados nos prazeres imediatos e não importa a geração.

Para sabermos se somos viciados ou não é fundamental entender a diferença entre prazer e felicidade. Por um lado, o prazer está associado as buscas pessoais que são satisfeitas de maneira individual, que têm curta duração, são tangíveis e irracionais, viciantes e podem ser alcançadas pelo consumo de produtos ou substâncias. Por outro lado, a felicidade não se encontra sozinho, porque se necessita uma conexão real. Além do mais, a felicidade é resultado de um processo de longa duração, sendo, geralmente, algo intangível e sublime que não é alcançável com o consumo de produtos e substâncias. Por fim, a felicidade não é viciante, mas se trata de um movimento consciente em direção a algo maior que se queira alcançar, exigindo disciplina.

Dessa forma, a oferta ilimitada de comida pode se transformar num vício ao comermos mais do que necessitamos, gerando ansiedade, angústia e infelicidade. A possibilidade de tomar um drinque todos os dias nos proporciona um prazer imediato, entretanto no médio e longo prazo nos torna alcóolatras. O acesso às redes sociais poderia representar a conexão que nos traria felicidade, entretanto tem se tornado um vício que nos isola dentro da multidão. O acesso irrestrito à produtos e serviços criou um universo de compradores compulsivos que não conseguem saldar as suas dívidas, viciados em compras desnecessárias. Além disso, os jogos e as apostas online que viciam jovens, adultos e idosos, sem exceções. Desse modo, a busca pelo prazer imediato tem sido o inferno das frustrações de médio e longo prazo.

No diálogo inicial, a surpresa da pessoa ao escutar que o outro come quando tem fome, e não para ser feliz, nos traz algumas reflexões. Comer, além de alimentar, pode nos trazer felicidade se compartilhamos um momento sublime. A importância está na conexão com as pessoas, assim como uma refeição em família que nos cria laços de longa duração com memórias afetivas que sobrepassam a barriga cheia. São a experiências com os outros que nos levam em direção à felicidade.

Por isso, a felicidade é um movimento consciente de conexão com o outro, transformando-se em algo sublime e duradouro. Finalmente, a felicidade não é um vício, é uma escolha.

E você, o que faz para caminhar em direção à FELICIDADE?

Moacir Rauber

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