Radical e Resignado: no equilíbrio as vozes da esperança!

Radical e Resignado: no equilíbrio as vozes da esperança!

Escutava o meu amigo que dizia viver um momento de descrença muito grande. Uma desesperança com o ser humano. Para ele, participar de reuniões, grupos de trabalho ou uma roda de amigos (quase todos virtuais) era um martírio. Parecia-lhe que ao menor sinal de discordância, divergência ou de uma posição que pudesse parecer politicamente incorreta os olhares acusadores surgiam. Nas reuniões e nos grupos de trabalho ele optou por se calar. Nas rodas de amigos ele escolheu sair. Numa de nossas conversas ele me disse:

– Parece que se vive numa ditadura da harmonia…

Ao escutá-lo tive que lhe dar razão. Por mais que se fale em respeito às diferenças e ao acolhimento da diversidade numa repetição de lindos discursos, a prática tem se mostrado perversa. Nessa reflexão comentou que para ele

…as pessoas defendem que é importante pensar diferente, desde que todos pensem iguais.

Ele disse, “É por isso que cansei de tudo. É a ditadura da falsa harmonia!”. Sorri, porque concordei. Harmonia pode ser entendida como a presença da paz e da concordância no ambiente por meio da ausência de conflitos. Acredito ser fundamental haver harmonia, entretanto, há que se lembrar que a harmonia necessita que haja a sensação de prazer e a ausência de tensão no ambiente, por isso entendo que o conflito pode estar presente. Caso assim não seja assim, é a ditadura da harmonia, porque alguém teve que se calar em nome dela. Esse raciocínio me levou para um texto lido sobre o radical e o resignado. Explora-se a ideia da existência predominante de dois tipos de pessoas: os radicais e os resignados. Ele dizia que há um grande grupo de radicais que buscam se afastar daquilo que é tradicional, conservador ou usual, extremando-se no movimento de fazer com que o outro mude. Muitas vezes, são agressivos, ofensivos e hostis, porque se creem os justos num mundo de injustiças. Também há um grupo significativo de resignados que aceitam as situações sem que haja um movimento para mudá-la, conformando-se. Quase sempre, são submissos, obedientes e dependentes. Igual aos radicais, acreditam que o mundo não é justo. E, por fim, há um grupo de pessoas que se equilibram entre os radicais e os resignados que mantém a esperança. E o que é esperança? É esse sentimento de acreditar ser possível mudar algo com a força da própria existência, juntamente com a fé e a caridade nas ações. Utópico? Não, possível.

A esperança é o entendimento de que o mundo não é justo, mas que eu posso ser justo.

A esperança é a compreensão de que eu posso ser firme sem ser agressivo ou submisso; que eu posso ser coerente sem ser ofensivo ou obediente; e que eu posso ser colaborativo sem ser hostil ou dependente.

O equilíbrio entre os extremos vai criar a autêntica harmonia com a esperança de que a existência dos conflitos nos fará melhores.

Enfim, a esperança numa autêntica harmonia não necessita de radicais nem de resignados. Ainda assim pergunto: o que há de positivo no radical? Ele não é resignado. O que há de positivo no resignado? Ele não é radical. Por isso,

…a esperança da autêntica harmonia necessita de pessoas que atuem dentro das suas áreas de influência sabendo que o mundo não é justo, mas que cada um pode ser.

Caso haja confronto, há radicalismo. Caso não haja nenhum conflito, há resignação. São as vozes equilibradas da esperança que resultarão na autêntica harmonia.

Moacir Rauber

Blog: www.facetas.com.br

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