Mais um final de semana. Muitas discussões sobre futebol e política que quase sempre levam a lugar nenhum. Lá estávamos nós, um grupo de amigos, com muitos pontos de vista em comum, mas com alguns divergentes. A situação política do país entrou na conversa. As opiniões antagônicas se manifestaram. A visão de justiça de um era muito diferente da de outro. A ideia sobre quem deveria ser responsabilizado pela atual situação não coincidia. Tudo isso é culpa do legislativo, dizia um. Não, não, não. É evidente que a responsabilidade maior é do judiciário, enquanto uma terceira posição atribuía a maior parte da responsabilidade pela atual conjuntura política de um estado quase falido como o brasileiro ao poder executivo. A discussão se acalorava. Aquele que falava buscava convencer o outro sobre a razão existente no seu ponto de vista. Do outro lado ninguém escutava. Os discordantes apenas lhe davam o tempo necessário para expressar a sua opinião, embora estivessem simplesmente esperando a própria vez para expor o próprio argumento. Cada um acreditava ser o dono da razão. Não havia reflexão sobre aquilo que os outros falavam. O silêncio durava o tempo necessário para rebater os argumentos num exercício de reação ao que fora exposto pelo outro. Reafirmavam-se as próprias crenças. Repudiavam-se as outras opiniões. Ninguém ali estava disposto a mudar absolutamente nada na forma como pensava ou como via o mundo. Naquele momento, sobre política, cada um queria ter razão.
Sempre dizem que quando duas pessoas se encontram e cada um apresenta uma ideia diferente, na saída, ambos saem com duas ideias. Saem melhores do que chegaram. Entretanto, para que isso aconteça, é necessário que aqueles que se encontram considerem a possibilidade de que uma ideia diferente da sua possa ser verdadeira. É preciso ter a humildade de reconhecer de que se há a possibilidade de que alguém pense diferente de você, também existe a possibilidade de que esse alguém esteja certo. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser que você esteja certo. Se ambos estiverem com a mente aberta e flexível é bem provável que ambos estejam certos. E talvez esse seja o caminho mais rápido para se encontrar as soluções para os problemas contemporâneos. Não se trata de ser volúvel, mas sim de ser flexível.
Portanto, é interessante que cada um possa pensar nas diferentes situações sob perspectivas diversas, buscando encontrar pontos de convergência na divergência de posições. Mais ainda. É importante que cada um tenha a flexibilidade necessária para mudar e aprimorar uma ideia a partir da contribuição do outro. Por isso, ter razão cada um sempre tem, a partir de sua própria razão. Para ser feliz, porém, é preciso respeitar a razão de quem diverge de você.
Você quer sempre ter razão ou ser feliz também é importante para você?
Moacir Rauber
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