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POR QUE TEM TANTOS VELHOS AQUI?

A SABEDORIA NA CONEXÃO COM AQUILO QUE FAZEMOS É ESSENCIAL!

Por que tem tantos velhos aqui?

A família foi ao seu compromisso semanal com a espiritualidade. Os pais convenceram um dos jovens filhos a acompanhá-los. O filho olha para os lados e se sente desconfortável. Ele está com seus cabelos coloridos, enquanto a maioria dos presentes tem cabelos brancos. Ele carrega piercings nas orelhas e no nariz que parecem destoar das rugas que a maioria das pessoas exibiam no rosto e no pescoço. Ele pensou, definitivamente, aqui não é o meu lugar. Entre incomodado e irritado, aproximou-se do ouvido da mãe e disse:

– Por que tem tantos velhos aqui?

– Uma boa pergunta…

A mãe pensou, Fico feliz de estar entre tantas pessoas maduras. Ao observar lugares como templos, igrejas, sinagogas ou outros espaços dedicados a vida espiritual é muito comum ver mais pessoas idosas do que jovens. Ao pensar sobre a maturidade, creio que nesses lugares se encontram um grande número de sábios.

Para muitos dos idosos e dos anciãos não faz mais sentido se olhar no espelho para encontrar defeitos ou imperfeições, porque elas são parte integrante da jornada e da própria existência.

Desse modo, para parte dos idosos que são vistos em espaços contemplativos ou que exibem comportamentos compassivos o CRÍTICO, sabotador principal, PERDEU (Inteligência Positiva). Com isso, ele não tem força de atração para criticar a si ou aos outros, bem como não faz sentido criticar as situações que não pode afetar. Ao escolher afetar, o ancião afeta com afeto. Assim sendo, o INSISTENTE perde força e se o cabelo está azul ou branco não faz diferença. O PRESTATIVO se torna autêntico ao atender as próprias necessidades sem se descuidar das do outro. O HIPER-REALIZADOR volta ao seu tamanho normal, porque somente faz o que pode fazer. A VÍTIMA não encontra mais ressonância porque o final chegará para todos. O HIPER-RACIONAL não tem relevância porque a vida passou e ainda assim não se sabe de onde viemos e para onde vamos. Ansiedade para quê? Dessa maneira, o HIPERVIGILANTE pode descansar e o INQUIETO já não está mais tão agitado, porque a experiência que verdadeiramente importa está nas pessoas e nas relações que se mantêm. Igualmente, o ESQUIVO diminuiu pelo caminho em que tarefas e conflitos não agradáveis foram superados que já não há nada que possa exasperar a um velhinho, sábio. Enfim, CONTROLADOR do quê? Sim, a vida passou e cada um vai percebendo que as escolhas que fazemos podem nos levar para situações que não queríamos. Desse modo, o que está em nosso controle? Se nos aproximamos da Comunicação Não violenta (Marshall Rosenberg), está no nosso controle PAUSAR para OBSERVAR um jovem e não o julgar. Está em nosso controle PAUSAR e registrar o próprio SENTIMENTO, sabendo que fui jovem com medos que me acompanham até hoje. Está em nosso controle identificar as próprias NECESSIDADES que podem ser diferente da do jovem nesse momento, mas que no final são as mesmas. Enfim, está no meu controle EXPRESSAR-ME de maneira autêntica com a consciência do AFETO. O passo a passo da CNV faz com que o SÁBIO emerja e os sabotadores submerjam. E o piercing no nariz? Pouco importa.

Uma opção é buscar no conhecimento as ferramentas que nos permitam viver com a sabedoria do AFETO. A idade ajuda, entretanto não é garantia.

A consciência da escolha é que faz com que as FERRAMENTAS vindas do CONHECIMENTO possam ser usadas com SABEDORIA. A ESPIRITUALIDADE é um caminho.

“Por que há tantos velhos aqui?” foi a pergunta do jovem. Creio que nos templos, nas igrejas, nas sinagogas e nos demais espaços dedicados à espiritualidade a presença dos idosos aumenta a probabilidade de se encontrar pessoas que já não veem a importância nos sintomas, uma vez que resolveram as causas; cresce a possibilidade de se ver pessoas que estão no comando das escolhas internas, muito mais do que aquelas que fazem escolhas dadas por comandos externos; e, certamente, sobe a proporção de pessoas que conseguiram aceitar e converter todas as situações difíceis em presentes de uma vida vivida com a consciência de sua finitude. Por isso,

…nos espaços dedicados a busca espiritual se veem os anciãos que dobram os joelhos diante do desconhecido para agradecer o privilégio da vida. São SÁBIOS!

Moacir Rauber

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“BOM DIA POR QUÊ?”

Bom dia por quê?

O pai saía do prédio para levar o filho à escola. Encontra um vizinho e outro. Bom dia para um e para outro, afinal viviam no mesmo condomínio. Conhecia alguns, outros não, mas os cumprimentava da mesma forma. Havia um morador que ele saudava sempre, porém não recebia resposta. Mais uma vez e disse:

– Bom dia!

O vizinho não respondeu, sequer o olhou. O filho, intrigado, indagou porque o pai sempre o cumprimentava sabendo que ele não responderia. Que o vizinho passaria por ele com a cara fechada. Que não havia retorno para o “bom dia” que o pai lhe desejava. O pai olhou para o filho e respondeu:

– Isso é problema dele!

Um diálogo simples que fala das relações humanas. A tendência a que ajamos com o outro como ele age conosco segue a lógica da reação, momento em que abro mão da minha escolha de ação. É a hora em que desalinho as minhas intenções e as minhas ações. No nosso círculo de familiar, de trabalho e de convívio vamos encontrar pessoas generosas, distantes e mesquinhas. Provavelmente, para algumas pessoas nós seremos generosos, distantes e mesquinhos. Dessa forma, não cabe a mim julgar o outro. A minha escolha está no alinhamento das minhas ações e intenções, uma vez que a natureza humana é AMAR. Se a minha natureza é amar, as minhas ações são de amor? Desse modo, é não natural não amar e “o único pecado é a ausência de amor nas ações” (Adroaldo Palaoro).

Para exemplificar, há uma analogia de Francisco de Sales que compara o ímã e o amor. A natureza do ímã é atrair o ferro, assim como a natureza da pessoa é amar. Caso o ímã não atraia o ferro há algumas razões, entre elas a interposição de algo entre eles, o excesso de peso ou a distância. Caso haja um diamante entre o ímã e o ferro não haverá atração. O diamante pode estar representado pela busca desenfreada para atender os próprios desejos. Foco no dinheiro, mais do que no bem estar. Foco na vaidade, mais do que no cuidado. Foco no orgulho, mais do que na humildade. O diamante, além de interpor-se entre o ímã e o ferro, ou entre o amor e as pessoas, anula o poder de atração entre um e outro, levando a sobrevalorização de si mesmo. A pessoa se torna excessivamente pesada de si mesma e não haverá ímã ou amor capaz de resgatá-la. Portanto, o diamante pode ser representado pelo egocentrismo em que a sobrevalorização de si mesmo impede que o ímã atraia o ferro. Amar-se demasiadamente impede que se ame ao próximo.

Enfim, para amar e para atrair é preciso não ser avarento nem esbanjador, generosidade é a escolha. Para amar e atrair é essencial não ser excessivamente vaidoso nem desleixado, o cuidado é a opção. Para atrair e amar a proximidade é essencial, seja ela física ou virtual, para poder abraçar e expressar o amor alinhando intenções e ações.

“Bom dia por quê?” mostra a sabedoria do pai ao ativar a sua inteligência positiva, comunicando-se de forma não-violenta. Ele dizia “Bom dia” é o (1) fato que demonstrava que ele não se responsabilizava pelo (2) sentimento do outro e atendia a sua (3) necessidade de respeito e de amor. Resultado? (4) Comunicação não-violenta num movimento de inteligência positiva, diminuindo o papel dos sabotadores ao não deixar que o outro determinasse a sua ação. O sábio se sobressai quando se valoriza a beleza que cada um carrega dentro de si. O Pai fez isso!  

No dia seguinte o filho também disse “bom dia”, ele estava apto para amar. Ele estava alimentando o seu sábio interior. O menino, assim como o pai, queria afetar o mundo com afeto. Algum tempo depois o vizinho respondeu “bom dia” pela primeira vez. Alguns meses depois, a amizade entre os vizinhos nasceu pela força da natureza de amar.

“Bom dia por quê?” Bom dia para amar.

Moacir Rauber

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