Lá vai o Engenheiro Agrônomo percorrendo as estradas daquele interior com ares de abandono. Para todo o lado que ele olha somente vê áreas degradadas. Quase não existe mais vegetação nativa, mas também não se veem plantações feitas com os cuidados requeridos. Fica triste ao constatar que aquela região, potencialmente, poderia produzir muitos alimentos, mas a realidade se mostra bem diferente.
Aproxima-se com o seu veículo da porteira de um pequeno sítio. Parou, desceu, abriu a porteira e avançou os limites da propriedade. Em seguida fez a mesma movimentação para fechar a porteira. Viu algo parecido com uma vaca. De tão magra que estava não sabia como ainda estava de pé… Ao longe se via um barraco com um homem de meia idade sentado em frente. Ao seu redor umas quatro ou cinco crianças mal vestidas, sujas e com aquela carinha de má nutrição que corta o coração de qualquer cidadão. Aos fundos viu uma mulher entrando com um cesto na cabeça. O que será que ela carregava?, pensou… Quando chegou até onde estava o homem as crianças rapidamente desapareceram. O engenheiro educadamente o cumprimentou, recebendo tratamento recíproco. Conversaram sobre amenidades como chuva, sol e o tempo. O engenheiro, com a curiosidade de quem sempre quer aprender algo mais observou para depois indagar:
– No caminho para cá não vi nenhuma plantação de milho, feijão ou arroz. Aqui não dá milho?
O caboclo, com um ar desolado, responde:
– Dá não, senhor…
– E feijão não dá?, pergunta o engenheiro.
– Dá não, senhor…
– E arroz também não dá?
Obtém a mesma resposta. O engenheiro, cada vez mais intrigado, ainda experimenta:
– Mas então aqui não dá nada… Nem se plantar cebola, alho, pastagem ou outros tipos de plantas também não dá?
Nesse momento o caboclo se ajeita em sua cadeira, faz um muxoxo e diz:
– Ah bom, se planta daí dá…
Essa é uma das anedotas que rondam o interior brasileiro, mas a reflexão pode ser estendida para outras realidades. Muitos querem colher sem plantar. Daí não dá nada. Algo similar acontece com as pessoas que sonham ter uma “vida melhor”. Cada um com seu conceito para uma “vida melhor”, mas dificilmente a terão se não cuidarem da sua plantação. Não plantam. Não regam. Não colhem. Simples assim.
Não buscam conhecimento. Não aprendem. Não ensinam. Não agem. Somente vegetam. Não, não, nem isso, porque até para vegetar é preciso ação…
E você, quer colher o que?
Como está cuidando da sua plantação?
Ah, você pelo menos está plantando?