Os dois ainda estavam se conhecendo, mas a conversa fluía. Perguntas sobre interesses de estudos, esportes e lazer. O assunto foi para a música. A menina perguntou:
– Que tipo de música você gosta de ouvir?
O rapaz respondeu:
– Gosto de música clássica, mas curto mesmo “heavy metal”… cheio de orgulho de sua opção musical.
A menina fez outra pergunta:
– Como você ouve “heavy metal”?
Para mim que ouvia a conversa era uma pergunta ambígua que deixava margem para interpretações. Poderia o jovem a quem a pergunta se dirigia pensar que ela queria saber se era sentado, deitado ou caminhando. Poderia ela querendo saber se ele ouvia heavy metal de manhã, à tarde ou à noite. A pergunta também poderia ser entendida como reportando-se ao volume da música. Enfim, muitas interpretações. O que você responderia? Qual a interpretação que você daria para a pergunta? Eu, que estava ali ouvindo a conversa, tive as minhas. Logo pensei que ela quisesse saber se ele ouvia a música na sala de casa, no quarto ou no carro.
Agora veja o que ele respondeu:
– Ah… “Heavy metal” eu ouço nos meus fones de ouvido para não incomodar os outros… e seguiu falando sobre música.
Fiquei observando e pensei, Realmente este jovem está anos à minha frente. Por quê? Porque a sua primeira preocupação numa conversa tão informal se revelou para com os outros e não para consigo. A conversa tratava da sua opção de lazer e ainda assim a sua natureza o levou a pensar no próximo. Fiquei feliz com a conversa.
É bom ver alguém bom!