Você quer ser um super-herói?

– O que você vai fazer com a sua vida?

A pergunta fora jogada para uma plateia composta por pais, a maioria jovens, e seus filhos, que tinham entre seis e dez anos. Logo, um dos meninos levantou a mão e respondeu:

– Eu quero ser um super-herói!

Muito bem, pensei com os meus botões. Ele quer fazer a diferença no mundo. Um tempo depois pedi um voluntário para uma atividade em frente a plateia. O primeiro a se voluntariar foi o candidato a super-herói. Fiquei feliz porque isso demonstrava que ele não era só palavras. Ele mostrava que estava disposto a agir e estava disponível para os outros. E esse foi o ponto explorado sobre as motivações que cada um de nós exibe para alcançar aquilo que imagina querer da sua vida. Sabe-se que ser um super-herói é uma pretensão, talvez exagerada, normalmente relegada para o mundo da ficção. Porém, nada impede que cada um seja um herói na sua área de atuação. O herói das pequenas coisas, a começar pela atitude de agir primeiro para pensar na recompensa depois. Normalmente, exigimos saber a recompensa primeiro para agir depois.

É muito comum que sempre queiramos saber, O que vou ganhar com isso?, limitando a pergunta às questões financeiras. Entendo que a pergunta deve ser feita de modo reflexivo ampliando as perspectivas da ação, englobando outras variáveis, como, O que vou perder com isso? Também se deve lembrar, O que os outros vão ganhar? E se vão ganhar. O questionamento deve abordar, O que os outros vão perder? E essas indagações vão muito além do aspecto financeiro. Fala-se de bem-estar e de saber que as minhas ações afetam os outros. Por isso, acredito que muito diferente de sermos motivados pela antiga construção do Se você fizer, então você vai receber aquilo… com o intuito de que a recompensa motive a ação, devemos passar a agir pela composição do Agora que você fez isso o mundo te dá aquilo. Como assim? Entendo que devemos partir para a ação. Uma vez pensadas e avaliadas as variáveis que transcendem o aspecto puramente material, acredito que devemos fazer a nossa parte que o mundo tratará de nos recompensar. Vejo que nessa percepção, as recompensas podem nos surpreender. Caso não aconteça nada que você perceba, fique tranquilo que é muito bom ser bom. Esse é o herói das pequenas coisas.

Penso que é muito bom devolver o troco que você recebe a mais por engano, porque a recompensa é a sensação de ter feito o certo e o bem para alguém. É muito bom ajudar alguém que está com dificuldades no seu trabalho, porque a recompensa disso é o desenvolvimento das próprias habilidades. É muito bom ser gentil no trânsito, porque a recompensa disso é a diminuição do estresse de todos. É muito bom ser pontual nos compromissos, porque a recompensa disso é o respeito. É muito bom dizer Muito obrigado, porque a recompensa disso será um sorriso. É muito bom elogiar o outro que fez algo bom, porque a recompensa disso serão mais coisas boas sendo feitas. Enfim, é muito bom ser justo, ainda que você acredite que o mundo não o seja. A recompensa disso será um mundo um pouco mais justo. Por isso tudo, é muito bom ser bom. São desses heróis que precisamos. Porém, para isso, precisamos estar dispostos a nos atrever a fazer primeiro para que a recompensa venha depois. Você quer ser um super-herói? Não é preciso, basta ser o herói que valoriza as pequenas coisas. Lembra do menino voluntário que se candidatou a super-herói? Ele foi premiado com um presente pela sua disponibilidade, pela sua coragem e pela sua iniciativa de ser um voluntário. Esteja disponível que a recompensa virá.

Créditos: Rastro Selvagem

Moacir Rauber

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