Quais as histórias que contamos para nós mesmos? Envelhecendo com qualidade

Quando se tem 19 anos de idade as pessoas esquecem os óculos num canto, perdem a chave do carro no quarto, aparecem em salas de aula erradas, entre outras tantas gafes cometidas em função das falhas da memória. Situações parecidas acontecem com pessoas que estão na faixa dos setenta ou oitenta anos quando elas vão ao mercado e não se lembram onde estacionaram o carro, ao perder o horário de uma consulta ou ao se esquecerem do aniversário da esposa ou do filho.

Qual é a diferença entre a situação do jovem e do idoso, além da idade? Para Daniel J. Levitin em seu livro “Envelhecimento bem-sucedido” a diferença pode estar nas histórias que nós nos contamos, internamente.

Qual a história que o jovem conta para si mesmo pelas suas gafes? Segundo Levitin, o jovem ao perder um compromisso ou se esquecer de algo se justifica internamente dizendo que está com tantas coisas na cabeça que é natural que se confunda ou se esqueça de algo. Qual a história que o idoso se conta para os seus esquecimentos? O idoso se coloca na posição de vítima criando justificativas de auto recriminação em que se culpa ao atribuir os seus esquecimentos à perda da memória como resultado do envelhecimento. Como se pode ver as situações são muito semelhantes e acontecem com todos, independentemente da faixa etária. A diferença está nas explicações e justificativas internas de um e de outro. Enquanto o jovem acredita ser normal se esquecer de algo, não se martiriza e muito menos pensa que está com um tumor no cérebro, o idoso se martiriza e acredita que está com Alzheimer. Não quer dizer que não se deva prestar atenção aos sinais do corpo para as questões de saúde, porém uma diferença de perspectiva para a mesma situação pode mudar o nosso comportamento.

Segundo Levitin, para que possamos envelhecer mantendo a capacidade cerebral uma das estratégias seria a de mudar as histórias que nos contamos ao modificar a postura diante de situações que se repetem ao logo da vida.

O que fazer? Tomar consciência das histórias que nos contamos e estar abertos para novas experiências.

Tomar consciência dos nossos diálogos internos e estar aberto para novas experiências são opções válidas para pessoas de qualquer idade e em qualquer ambiente. É importante para quem trabalha em organizações como gestor de pessoas ter isso em mente. Primeiro, tomar consciência das histórias que cada um se conta, incluindo-se na análise, é que permitirá que as pessoas se abram para novas experiências. A tomada de consciência é fundamental para que a pessoa possa avaliar qual atitude tomar.

Fiz algo que não deu certo? A consciência permite que se faça de maneira diferente. Tem algo que não sei? A consciência permite que eu peça ajuda. Tem algo que faço muito bem? Ter a consciência das próprias competências é que levará a pessoa a ser proativa possibilitando a que o outros membros da equipe contem e recontem as suas histórias.

Para modificar as histórias que nos contamos, além da consciência, é importante estar aberto para as novas experiências. Não tem nada a ver com fazer loucuras potencialmente perigosas. Estar aberto as novas experiências, segundo Levitin, “é estar disposto a tentar coisas novas e estar aberto a novas ideias e a maneiras de fazer as coisas… … Não coisas perigosas, mas coisas novas”.

Enfim, quais as histórias que você está se contando sobre as experiências que têm? Você está aberto para experiências diferentes e novas ideias? Segundo Levitin, esta capacidade é que nos ajudará a ter um envelhecimento de qualidade com a capacidade de desfrutar da vida até o seu limite. E cabe aos gestores de RH ter essa consciência por questões humanas e de produtividade.

Moacir Rauber

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