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A CADEIA ALIMENTAR

Fonte da Imagem: https://www.megacurioso.com.br/ciencia/105977-voce-realmente-sabe-qual-a-posicao-do-ser-humano-na-cadeia-alimentar.htm

A Cadeia Alimentar

A reunião acontecia com a presença de diretores e consultores para falar do legado e do valor humano que faz com que os colaboradores queiram estar na organização. Todos concordavam em que as pessoas deveriam estar no centro dos negócios, com isso atendendo as demandas das megatendências do mercado a partir do respeito à integralidade do ser. Enfim, subjacente estava a visão de que a organização seria melhor com a presença do colaborador, assim como o colaborador exibiria a sua melhor versão nela. As conversas tratavam de diferentes temas, inclusive o financeiro. Alguém comentou sobre a contratação de um colaborador com um pedido salarial, comparativamente, baixo. Um dos presentes comentou:

– Parece que ele ainda está na base da cadeia alimentar…

Ao escutar o comentário me senti frustrado e preocupado, porque a coerência é importante para mim. Pensei: do que estamos falando? Parecia-me incoerente falarmos da importância do valor humano e da centralidade das pessoas nos negócios mantendo em mente a competição a partir da analogia da cadeia alimentar. Por que é incoerente? Porque usar a cadeia alimentar para representar o percurso evolutivo das pessoas, revela-se uma mentalidade enferma. A cadeia alimentar é composta por produtores, consumidores e decompositores num movimento de transferência de energia para manter o ecossistema equilibrado. Está perfeito! Entretanto, há que se ressaltar que a cadeia alimentar se dá entre espécies diferentes e não entre integrantes da mesma espécie. Esse é o ponto que me leva a dizer que é uma analogia doentia que nos aproxima do canibalismo, afastando-nos do Valor Humano. Porém, cabe lembrar que se a ideia existe pode ser um indicativo de que o canibalismo organizacional ainda seja uma realidade. O que fazer? Creio ser essencial mudar a mentalidade para que tenhamos transformações que levem o Ser Humano ao centro das atividades, começando pelos gestores do negócio.

O Valor Humano se refere à dignidade e à moral que são evidenciadas pela honestidade, respeito, tolerância, bondade, compaixão e humildade entre seres da mesma espécie. Desse modo, negócios inovadores ou tecnológicos marcados pela agilidade, devem respeitá-los, senão, para que fazê-los? Aqui a cadeia alimentar como analogia não serve. Negócios sustentáveis automaticamente respondem as tendências e megatendências de mercado, como a diversidade e as diferenças geracionais que são fenômenos dados. É da natureza humana. Desse modo, a sustentabilidade é marcada pela não exclusão, reforçando a inapropriada analogia da cadeia alimentar. Da mesma forma, a cadeia alimentar não se aplica às organizações que respeitam a integralidade do ser que tem aspectos físicos, mentais, sociais e espirituais. Uma organização que coloca o ser humano no centro não o canibaliza. A organização sustentável não disseca os restos físicos, mentais, sociais e espirituais dos seus colaboradores como os elementos decompositores da cadeia alimentar. A organização sustentável não mantém em seus quadros diretores, gestores e colaboradores que sejam os consumidores de outros colaboradores como produtores da energia transferida numa cadeia alimentar canibal. Uma organização sustentável coloca o Ser Humano no centro do seu negócio para que ele floresça junto com ela.

Enfim, o ponto de virada se inicia com os donos dos negócios, diretores e gestores, porque entendo que o canibalismo organizacional é resultado do ego pessoal. Por isso, creio que os gestores precisam se desenvolver como pessoas para identificar o próprio ego e saber que tipo de eco ele produz. Um gestor que se conhece, e sabe que cada colaborador é um igual da sua espécie, vai produzir ecos de colaboração, cooperação e contribuição permitindo que todos sejam integrais. A transferência de energia será pela beleza do eco e da harmonia. Por outro lado, ao relembrar da expressão usada pelo diretor no início do texto, o ego pessoal reforça o eco da dor e do sofrimento num movimento de canibalismo organizacional com a presença de produtores, consumidores e decompositores. Um gestor que age ou pensa que é melhor que o outro, provavelmente, produzirá um eco desarmônico como numa cadeia alimentar entre elementos de uma mesma espécie.

Cabe lembrar que na cadeia alimentar, leão ou coelho, o próximo prato servido pode ser você.

Moacir Rauber

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