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NADA COMEÇA DO ZERO…

Nada começa do zero… e o Autor de tudo?

Nada começa do zero…

O grupo fazia uma peregrinação para resgatar a espiritualidade presente na religião recebida das gerações anteriores. Era uma espiritualidade que ela tinha deixado de lado ao longo da vida. Entretanto, chegou um momento em que parecia importante para ela buscar a reconexão com aquilo que a havia acompanhado na sua chegada ao mundo. Ela precisava de sentido, de segurança e de direção. Finalmente, ela havia entendido que se estava onde estava era porque aqueles que a antecederam tinham entregado algo de bom para ela. Dessa forma, nessa busca por reconexão ela se indagava:

– O que eu devo entregar para alcançar o que busco?

A reposta veio na voz interior que dizia que ela não tivesse medo de se reconectar com a espiritualidade recebida de seus pais, porque havia sabedoria nela. O seu diálogo interno a levou a pensar que deveria “entregar o seu espírito crítico” e ser mais acolhedora. O que representaria para ela “entregar o espírito crítico”? Não queria dizer deixar de lado a sua jornada, mas saber aceitar as coisas boas que a antecederam, entre elas a Espiritualidade. Para a Inteligência Positiva (IP), é importante não se deixar levar pelos sabotadores, sendo o principal deles o Crítico que: (1) critica a situação; (2) critica o outro; e (3) critica a si mesmo. Era esse o crítico que ela deveria deixar para entender a espiritualidade que acompanhava a sua família a centenas de anos. O crítico como sabotador acusa, com isso não reconhece a contribuição do outro e limita a própria capacidade ao não aproveitar o conhecimento acumulado no caminho percorrido pelos outros. Para romper com o ciclo de acusação, seja ela organizacional, familiar, social ou espiritual, é preciso humildade para resgatar o sábio que está dentro de cada um. O sábio nos leva a (1) empatizar, (2) explorar, (3) inovar, (4) navegar e (5) ativar as ações que aproveitem e mantenham o que já foi construído num processo evolutivo de acúmulo de experiências que gerem conhecimento para uma vida melhor. Nas organizações é assim. Nas famílias deveria ser assim. E com a espiritualidade não é diferente. Portanto, ela poderia usar os passos da Comunicação Não-Violenta (CNV) para: (1) observar sem julgar os rituais espirituais dos quais ela havia se afastado; (2) registrar os sentimentos que o observado provoca nela; (3) identificar as necessidades que a moveram por diferentes caminhos e quais eram as que a traziam de volta; e, por fim, (4) escolher com sabedoria as estratégias que a permitissem atender as necessidades identificadas num processo de respeito de si mesma, da sua história e da do outro. Para isso, a (0) Pausa é um ponto de partida. Ela fez uma Pausa para percorrer o seu caminho de reconexão com a sua essência e conseguiu perceber que a própria inteligência positiva e a CNV estavam presentes na espiritualidade de seus pais que ela havia abandonado. Ela criticava, porém sentia falta porque encontrou o que buscava naquilo que havia deixado. Pergunte-se: por que você critica aquilo que critica?

Enfim, ao silenciar o crítico ela resgatou o sábio na interação entre inteligência positiva e o passo a passo da comunicação não-violenta. Eram os recursos que ela tinha na linguagem que agora conhecia. Ao final do processo ela se apercebeu que nada começa do zero. A família não começa do zero, porque outra a antecedeu; a organização não começa do zero, porque outros prepararam o ambiente que a estabeleceu; um processo não começa do zero, porque alguém um passo já deu; a espiritualidade não começa do zero, porque outros antes de nós a viveram e, inclusive, houve quem por nós já morreu.  Ela até descobriu que a IP e a CNV estavam presentes na espiritualidade que ela abandonou. Portanto, reconectar-se com a nossa trajetória humana é um caminho de humildade que pode nos levar a uma melhor humanidade.

O que te trouxe até aqui? Há sabedoria no caminho, porque nada começa do zero…

E o Autor de tudo?

Moacir Rauber

Instagram: @mjrauber

Blog: www.facetas.com.br

E-mail: mjrauber@gmail.com

Home: www.olhemaisumavez.coom.br

Inspirado na conversa com Susana, Miriam e Romina