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Ainda é possível confiar?

O gestor havia delegado uma tarefa para um dos integrantes da sua equipe recém-chegado ao ambiente de trabalho. Ele havia conversado com o colaborador, havia definido a tarefa e, juntos, estipularam o prazo. O gestor também se colocou à disposição para esclarecimentos e necessidades que eventualmente surgissem no caminho para a execução da tarefa. No fechamento da conversa fez os seguintes comentários:

– Tudo certo? Alguma dúvida? Somos responsáveis solidariamente… alertou.

O novo colaborador disse que estava tudo certo e acrescentou:

– Pode confiar que vou entregar no prazo.

A confiança é um dos valores humanos que sustenta as relações produtivas, prósperas e inovadoras. Dificilmente as relações trazem bons resultados em qualquer um dos domínios sociais caso não exista a confiança entre as partes que se relacionam. Mais, a confiança é uma das características dos bons líderes e dos liderados responsáveis, assim como dos amigos, dos parceiros, dos casais e dos colegas que dão e que recebem, que acolhem e que compartilham e que ensinam e que aprendem. Entendo que aquele que confia merece a confiança, porque contribui para que o outro também se realize.

No episódio relatado, ao novo colaborador fora dada a confiança. Para o gestor, tarefa dada era tarefa cumprida. Ainda assim, diariamente ele se comunicava com o colaborador indagando se estava tudo certo e se ele precisava de algo. O colaborador garantia que estava tudo bem. Mais ou menos na metade do período para a entrega da tarefa o gestor pediu para ver o progresso da atividade. O novo colaborador se esquivou. E assim prosseguiu por mais alguns dias, até que ele admitiu que não conseguiria fazer aquilo com que havia se comprometido. E agora, o que fazer? Quem estava certo nessa história? Como continuar a confiar no outro sem correr risco?

Todo o voto de confiança enseja risco, que é inerente a qualquer negócio e a qualquer tipo de relação humana. Sempre e quando alguém depositar a confiança em outrem é possível que ela se confirme ou não. Pode ser que algo fora do controle faça com que se quebre a confiança, assim como algo mal refletido ou mal analisado. E a quebra de confiança pode ocorrer sem o juízo de valor de que a pessoa é boa ou má, embora, muitas vezes, possa ser um indicativo de falta de caráter. Entretanto, quero destacar que somente por meio da confiança que se pode construir algo bom e melhorar o que já existe. As relações afetivas e de amizade somente se desenvolvem de forma saudável num ambiente de confiança. E a mesma regra vale para os ambientes de trabalho. Embora confiar uma tarefa ao outro no sentido de delegar não exima ninguém de acompanhar a sua execução, da forma como o gestor fez. Acredito que o mesmo raciocínio se aplique as demais relações humanas, porque confiar quer dizer fiar juntos. Por isso, uma relação afetiva precisa ser compartilhada para que a confiança seja vivida. Uma amizade precisa ser estimulada para que a confiança esteja presente. Uma relação de trabalho precisa de presença para que a confiança seja cumprida. Desse modo, a confiança é que faz com que as metas sejam alcançadas, que as organizações prosperem e que sejam sustentáveis, além do que é na confiança entre as pessoas que surge a inovação em quaisquer dos âmbitos das relações humanas.

Por isso, entendo que sempre e quando alguém em quem se depositou a confiança não a mereceu, o problema está com quem não a mereceu e não em quem confiou. Enfim, acredito que as pessoas devam confiar e que continuem a criar relações de confiança.

E você confia e é de confiança?

Moacir rauber

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