Quero falar com alguém da mecânica

Meu carro estava com um pequeno problema. Liguei para a agência, onde fui atendido por uma secretária. Tudo normal. Pedi para falar com alguém da mecânica. O telefone chamou por algumas vezes e fui atendido outra vez por uma mulher. Fiquei um pouco irritado, porque, afinal, havia pedido a transferência da chamada para a mecânica. Um pouco entediado falei:
– Quero falar com alguém da mecânica?
E ouvi a resposta:
– Sim, é a Fabiana da mecânica.
Perdi um pouco o rebolado e, ainda meio desconfiado, comentei o provável problema do veículo. A réplica da Fabiana veio repleta de hipóteses e alternativas, com o uso de jargões e palavras típicos de alguém que conhece muito de carros. E, realmente, era o caso. Nos contatos subsequentes a este primeiro telefonema a Fabiana demonstrou grande intimidade, conhecimento e prazer no seu trabalho de chefe da oficina daquela agência autorizada de uma marca famosa de veículos.
O caso revela, apenas, que o pré conceito era meu, em função do estereótipo criado de que para entender de carros deve-se ser homem. O preconceito prejudica quem o carrega, que pode deixar de ver soluções simples para os seus problemas. Por outro lado, o preconceito prejudica, principalmente, aqueles que dele são objeto.

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