Você está pronto para morrer?

Não sei porque no Brasil se tem a impressão de que sempre morrem as pessoas erradas. Mas existe alguém certo para morrer? Entender que não há uma pessoa certa para morrer é um bom começo para que se internalize a certeza de que todos nós vamos morrer e passar a viver de acordo com isso. Viver e morrer é muito simples. É uma realidade que se repete há milhões de anos. Mas a mítica da morte, muitas vezes, nos faz criar os messias e os seus anunciadores. Eis o momento que se vive por aqui.

Lamento sinceramente a morte do ser humano Eduardo Campos, assim como das demais pessoas que estavam com ele. Entretanto, tratar o desaparecimento do político como a morte do messias é fugir da realidade. Mais uma vez usamos desculpas para ocultar a nossa incompetência. Mais uma vez assumimos o papel de vítimas, sem nunca entender que não o somos. É o momento de finalmente entender que sempre somos os protagonistas, ainda que de nossa própria tragédia como pessoas ou como nação. Vamos ficar de luto pelas pessoas? Um sentimento justo e humano. Vamos ficar de luto pelo messias que só foi identificado como tal quando não mais o poderia ser? Qual é… Desculpa fácil para não construir nada!

Eleger um político para presidente é nossa obrigação cívica. Porém, nada nos tira a responsabilidade de fazer o que deve ser feito no nosso dia a dia. Por isso, vamos trabalhar e fazer a nossa parte que a salvação chegará. Só assim para termos um país organizado, desenvolvido, justo e humano, porque nós também o devemos ser como pessoas. Por fim, caso ainda assim a salvação não chegue, um dia a morte nos resgatará. Não tenho a mínima ideia se será para que tenhamos uma vida eterna feliz ou de danação ou mesmo numa ou noutra reencarnação. Deve-se lembrar, porém, que também há a hipótese de que seja a morte e não a vida eterna. Nesse caso, não precisaríamos de redenção…

Por isso a pergunta: você está pronto para morrer? Se não estiver é problema seu, porque você vai morrer do mesmo jeito. Um artista morre. Um político morre. Um messias morre. Não é um privilégio seu ou meu, mas é uma realidade inevitável. Não é nem questão de ser aceitável ou não, apenas é. Não sou nenhum psicopata a ponto de desejar a morte de alguém, entretanto tenho a clareza de que vou morrer, assim como todos vão. Isso me leva a uma indagação: qual a importância disso tudo para nós daqui a 100 anos? E daqui a 100 mil anos? E por que não pensar em um bilhão de anos? Para nós não fará diferença nenhuma. Entretanto, pode-se fazer algo agora. Faça aquilo que estiver ao seu alcance. Se tudo isso não lhe parece justo, nada impede que você seja uma pessoa justa.

É isso! Um ponto de vista.

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